Técnicas de fertilização: quais são as mais eficazes e as diferenças?
As técnicas de fertilização se tornaram uma alternativa e esperança para diversas mulheres e casais que desejam ter filhos. De acordo com o 14° Relatório do Sistema Nacional de Produção de Embriões (SisEmbrio), os procedimentos de fertilização in vitro (FIV), por exemplo, voltaram a crescer. Em 2020, período agudo da pandemia, foram 34.623 procedimentos. Já em 2021, as clínicas especializadas registraram 45.952 ciclos.
O crescimento das FIVs também caminha ao lado do congelamento de embriões. Segundo o relatório do SisEmbrio, em 2021 houve o congelamento de 114.372 embriões. Embora os motivos não estejam explícitos no documento, muitas mulheres estão adiando a maternidade para ter seus filhos no momento que acharem melhor.
E muitas delas optam por métodos de reprodução assistida por diversas razões. “Pacientes com mais de 35 anos, baixa reserva ovariana, histórico de endometriose, problemas nas trompas são alguns fatores para considerar um procedimento. Além disso, abortos de repetição e diagnóstico de infertilidade sem causa aparente são requisitos para a fertilização assistida. No caso dos homens, isso pode acontecer se houver baixa produção ou qualidade do esperma”, explica ginecologista e obstetra Geraldo Caldeira.
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Quais são as principais técnicas de fertilização?
Geraldo Caldeira destaca algumas técnicas comuns nas clínicas de fertilização. A seguir, veja como funciona cada uma.
Inseminação intrauterina
Consiste em estimular a ovulação da mulher para que ela consiga liberar um ou dois óvulos. “No dia da ovulação, coletamos o sêmen do homem e o preparamos em laboratório. O material precisa estar livre de substâncias que acompanham os espermatozoides. Feito isso, coloca-se o esperma em meio de cultura de células. Então, passamos uma fina sonda pelo colo do útero da paciente e inserimos os espermatozoides no fundo do útero, próximo das trompas”, descreve Caldeira.
Vale dizer que durante o preparo do sêmen, são selecionados os espermatozoides mais ativos para melhorar as chances de fecundação, que giram em torno de 30%, segundo o médico.
Portanto, as chances de insucesso na primeira tentativa são grandes, sendo necessários outras inseminações. Em contrapartida, o método é menos invasivo e financeiramente mais viável.
Fertilização in vitro
Com mais etapas, a fertilização in vitro é mais eficaz — as chances de êxito são de 60%. Contudo, o tratamento é mais caro, quando comparado com a inseminação intrauterina. “O primeiro passo é estimular a ovulação da mulher, que precisa liberar entre 8 e 18 óvulos para melhorar as chances de fecundação. Quando os óvulos estão prontos, realizamos a coleta com a paciente anestesiada e sedada, via transvaginal. Os óvulos são enviados ao laboratório, onde analisarão a qualidade do material”, explica Caldeira.
No mesmo dia da retirada dos óvulos, o homem entrega o esperma, que será submetido ao mesmo processo: os profissionais avaliam a qualidade do conteúdo e seleciona os mais aptos para a fecundação.
Com tudo normal, o próximo passo é realizar a fertilização no laboratório. “Logo após 5 dias, se forma o embrião, o qual chamamos de blastocisto, que será transferido para o útero da mulher”, complementa o especialista.
Injeção intracitoplasmática
Parecida com a FIV, a única diferença está na quantidade de espermatozoides. Enquanto a FIV utiliza vários espermatozoide, a injeção intracitoplasmática requer apenas um para cada óvulo, em casos que a qualidade do esperma é baixa. Outra maneira é realizar uma espécie de punção para retirar os espermatozoides, situação ideal para homens que fizeram vasectomia. “Assim, conseguimos viabilizar a fertilização por meio de injeção na mulher”, comenta.
Qual das técnicas de fertilização é a melhor?
A princípio, a fertilização in vitro, pois a eficácia é maior. Todavia, o tipo de método precisa de discussão com seu médico para avaliar todos os prós e contras. Afinal, nem sempre a mulher possui condições de arcar com os custos de outras tentativas, caso sejam necessárias.
Além disso, o perfil da paciente e do companheiro precisam de análise. Idade, estado de saúde, qualidade do óvulo e do espermatozoide, histórico de doenças e abortos são fatores primordiais para a escolha da melhor alternativa.
O que pode atrapalhar o êxito nas técnicas de fertilização?
Os critérios acima não são os únicos que podem causar o sucesso ou a frustração entre as mulheres e casais tentantes. Geraldo Caldeira explica que o estilo de vida influencia muito nesse sentido. “Por exemplo, sobrepeso, sedentarismo, abuso de álcool, drogas e tabagismo podem comprometer o tratamento”, afirma. Então, os hábitos saudáveis precisam fazer parte da rotina da mulher e do homem.
O que mais você precisa saber sobre reprodução assistida
Embora o recurso financeiro seja o primeiro degrau para viabilizar um sonho, não é o bastante. Afinal, algumas mulheres precisam de mais tentativas do que outras, pois existe uma série de variáveis que podem facilitar ou dificultar o processo.
“A paciente precisa ter preparo emocional para lidar com possíveis episódios de insucesso. No entanto, é essencial entender que isso faz parte do tratamento e que não deve ser motivo de desistência”, aconselha Caldeira. Por isso, busque apoio de pessoas próximas e de profissionais para lhe acolher nessa jornada.
Fonte: Geraldo Caldeira, ginecologista e obstetra membro da FEBRASGO (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia); membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH); e médico do Serviço de Reprodução Humana do Hospital e Maternidade Santa Joana.