O que significa a taxa de filtração glomerular?

Saúde
16 de Setembro, 2022
Livia Yume Tanizaki
Revisado por
Nutricionista • CRN-3 45492
O que significa a taxa de filtração glomerular?

Você já ouviu falar em taxa de filtração glomerular? Mais conhecida pela sigla TFG, para entendê-la precisamos, primeiro, lembrar as três principais funções que os rins desempenham no nosso organismo. São elas: filtrar o sangue para eliminar substâncias tóxicas, manter o equilíbrio do organismo e produzir hormônios. 

Pois bem, especialistas consideram a TFG a melhor medida geral da capacidade que o órgão possui para realizar essas várias funções. Em outras palavras, é ela que determina a quantas anda essa parte tão importante do nosso corpo. Quanto maior a TFG, melhor está a nossa função renal. 

E para medi-la, é por meio de exame de urina 24h, e existem uma série de cálculos feitos em laboratório para chegar ao seu valor, que pode ser um sinal de alerta para doença renal crônica. Além disso, nesses cálculos, entram ainda concentrações de outras substâncias no organismo, como a creatinina sérica e a cistatina C, e fatores como a alimentação podem influenciar.

Quem precisa medir a taxa de filtração glomerular?

De acordo com a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), toda pessoa acima de 40 anos ou que tenha fatores de risco para doença renal (como hipertensão arterial, diabetes, idade avançada, obesidade, presença de doença cardiovascular, histórico de doença renal na família, tabagismo e uso de agentes nefrotóxicos, ou seja, que prejudicam os rins) tem de fazer o exame.

Além dessas pessoas, pacientes com histórico de nefrite ou infecção urinária na infância, pedra nos rins ou doença renal estabelecida também devem manter acompanhamento regular com um médico nefrologista para acompanhar a TFG.

Quais valores são normais?

Essa resposta depende do cálculo utilizado, já que há várias referências de órgãos de saúde para avaliar a taxa de filtração glomerular. Mas, em geral, para adultos jovens a análise costuma ser a seguinte:

  • ≥ 90 mL/min/1,73 m²: ótima ou normal;
  • < 60 mL/min/1,73 m²: reduzida e, se estável (período maior de três meses), o diagnóstico de doença renal crônica é confirmado. 

Contudo, para pessoas mais velhas, não é adequado diagnosticar doença renal crônica com base nesses valores. É preciso lembrar que o envelhecimento, processo biológico natural e inevitável, resulta em mudanças estruturais e funcionais. E com o passar da idade, o rim perde sistematicamente a função e sofre alterações, mesmo quando o envelhecimento é saudável. 

Em caso de alteração, o que pode significar?

A TFG alterada indica que algo não vai bem nos rins. O órgão pode estar comprometido, ou que o paciente pode apresentar doença renal. Além disso, pode indicar que a doença renal esteja evoluindo.

Mas é importante lembrar que a análise não para aqui. É preciso avaliar, também, o histórico clínico do paciente e ainda podem ser solicitados exames de imagem e outras análises (como de sedimento urinário, ou seja, a presença de elementos anormais na urina). Tudo isso ajuda a identificar a doença renal crônica, sua causa e levar à indicação do tratamento mais adequado.

Taxa de filtração glomerular x doença renal

Mais sensível e específico marcador de função renal, através da TFG é possível classificar a doença renal em cinco estágios:

  • estágio 1 (TFG > ou igual a 90 mL/min/1,73 m²);
  • estágio 2 (TFG entre 60-89 mL/min/1,73 m²);
  • estágio 3 (TFG entre 30-59 mL/min/1,73 m²);
  • estágio 4 (TFG entre 15-29 mL/min/1,73 m²);
  • estágio 5 (TFG < 15 mL/min/1,73 m² ou diálise). 

Além disso, a classificação da doença renal é importante para melhor estruturação do tratamento, estimativa de prognóstico e dos desfechos da doença renal, como risco para doença cardiovascular, evolução para diálise e mortalidade. 

Referência: Diretrizes Kidney Disease Improving Global Outcomes (KDIGO)-2012 

Fontes: Dr. Roni de Carvalho Fernandes, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), e Dra. Luciana Cristina Pereira, nefrologista do Setor de Transplante Renal da Santa Casa de São José dos Campos

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