Suspeita de polio em criança no PA é descartada. Entenda

Saúde
07 de Outubro, 2022
Suspeita de polio em criança no PA é descartada. Entenda

O caso de uma criança com suspeita de poliomielite chamou atenção na última quinta-feira (6). Trata-se de um menino de três anos, morador da cidade de Santo Antônio do Tauá (PA). A preocupação é legítima: apenas 54% das crianças receberam o imunizante que pretege contra a paralisia infantil, sendo que a recomendação da Organização Mundial da Saúde é de 95%. No entanto, especialistas afirmam que o garoto teve, na verdade, paralisia flácida aguda (PFA), uma síndrome clínica que em alguns casos traz sintomas como fraqueza nas pernas e dificuldade motora. Entenda.

Leia mais: Retorno da poliomielite: por que há o risco dela voltar no Brasil?

Suspeita de polio é descartada. Mas afinal, o que houve?

De acordo com a Dra. Mirian Dal Ben Corradi, infectologista, o caso de suspeita de polio foi, na verdade, um efeito colateral que a criança teve da vacina. Para entender melhor, é preciso saber as diferenças entre as duas vacinas da poliomielite:

  • VIP (vacina inativada poliomielite): É uma vacina trivalente e injetável, composta por partículas dos vírus da pólio tipos 1, 2 e 3. Cada dose da vacina corresponde a duas gotas. Trata-se de uma injeção que não tem vírus vivo. Crianças recebem o imunizante aos 2, 4 e 6 meses, com reforços entre 15 e 18 meses e entre 4 e 5 anos de idade.
  • VIP (vacina inativada poliomielite), conhecida com a vacina do Zé Gotinha: tem o vírus enfraquecido, mas ainda sim ele está vivo. Na rotina de vacinação infantil nas Unidades Básicas de Saúde, aplica-se nas doses de reforço dos 15 meses e 4 anos de idade e em campanhas de vacinação para crianças de 1 a 4 anos.

Segundo a infectologista, a criança com suspeita de polio não tomou a primeira dose da vacina, mas sim a segunda, que tem o vírus ativado. “Desde 2012, o Ministério da Saúde começou a administrar nas crianças com um ano de vida a injeção, ou seja, que tem o vírus inativado e que não tem risco de causar paralisia. Assim, o sistema imune das crianças aprende a se defender contra o vírus da polio. No caso dessa criança, ela ainda não havia tomado as vacinas do primeiro ano de vida, ou seja, a vacina com o vírus inativado. Quando ela tomou a oral, o corpo dela não estava protegido contra o vírus vacinal”, explicou.

O que é a paralisia flácida aguda?

O que fez a criança com suspeita de polio parar de andar foi a paralisia flácida aguda (PFA). Trata-se de uma síndrome que, em alguns casos, traz sintomas como fraqueza nas pernas, dificuldade motora, além de alterações de despolarização que geram espasmos musculares e até atrofia muscular. Assim, entre suas causas estão a poliomielite.

A criança foi atendida no ambulatório, não chegou a ser internada e segue em observação. Em alguns dias, a Coordenação Estadual do Estado do Pará apresentará o resultado de exames clínicos e o histórico de doenças desta criança, bem como a avaliação de um neurologista.

O que diz o Ministério da Saúde sobre a suspeita de polio

Segundo um relatório da Secretaria de Estado da Saúde do Pará, o paciente tomou duas doses da vacina da pólio oral (VOP), sendo a primeira em junho de 2021 e a segunda em agosto deste ano, não constando registro de vacina da pólio inativada. Ou seja, a criança não estava com o esquema vacinal da doença completo.

Em nota, o Ministério da Saúde informa que não há registro de circulação viral da poliomielite no Brasil e que uma equipe está investigando o caso. “De acordo com informações enviadas pela secretaria estadual de saúde, o caso pode estar relacionado a um evento adverso ocasionado por vacinação inadequada. É importante ressaltar que não se trata de poliomielite”, diz a nota da pasta.

“O Ministério da Saúde reforça que pais e responsáveis vacinem suas crianças com todas as doses indicadas para manter o país protegido da poliomielite, doença erradicada no Brasil”, acrescenta. Por fim, vale lembrar que a Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite e Multivacinação de 2022 segue até o dia 21 de outubro.

Fonte: Dra. Mirian Dal Ben Corradi, infectologista.

Sobre o autor

Fernanda Lima
Jornalista e Subeditora da Vitat. Especialista em saúde

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