SOP ou endometriose: quais são as diferenças?
A SOP (síndrome dos ovários policísticos) e a endometriose são duas condições de saúde que afetam o sistema reprodutor e podem causar desconforto e preocupação, entre elas, a infertilidade, principalmente se existirem planos de engravidar. Mas afinal, quais são as diferenças entre as duas condições de saúde?
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O que leva à confusão de diagnósticos entre SOP ou endometriose?
Há pouca similaridade entre as duas condições de saúde. Mas algumas questões podem nos levar a confundir os quadros. Vamos a elas!
A primeira consideração importante é que tanto a SOP como a endometriose afetam o sistema reprodutor da mulher e podem causar infertilidade. A parte boa, no entanto, é que são condições tratáveis e, quando recebem a merecida atenção, possuem boas chances de responder bem ao tratamento.
Esse ponto, inclusive, já abre espaço para o próximo aspecto que favorece o equívoco, que é a desinformação e falta de atendimento médico. De fato, a SOP ou endometriose não têm diagnósticos óbvios, como uma gripe. As duas condições exigem diagnósticos cuidadosos que podem levar tempo para serem confirmados.
A saga para chegar até uma comprovação pode envolver exames de sangue, laparoscopia, ultrassom, transvaginal, ressonância magnética, análises de sangue e outros exames de laboratório.
SOP ou endometriose: Afinal, como diferenciar?
Como você já sabe, as condições são amplamente diferentes e algumas características podem nos ajudar a diferenciar os diagnósticos. Veja a seguir:
SOP (Síndrome dos ovários policísticos)
A síndrome ocorre quando os ovários apresentam vários pequenos cistos. Isso faz com que haja uma característica hiperandrogênica, isto é, aumento dos hormônios masculinos na mulher. O fato pode causar uma desregulação dos ovários, que passam a não ovular mais, e até dificuldade para engravidar. Além disso, pode gerar ganho de peso, inchaço, pelos em lugares inusitados, acne e ciclo menstrual irregular.
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Endometriose
Já a endometriose tem características diferentes. Nela, a camada interna do útero (endométrio) está em outros lugares do corpo (qualquer região). E onde o endométrio fica, ele gruda, inflama, responde aos hormônios mensalmente (como se fosse menstruar). Contudo, não tem como ele descamar e causar a menstruação nessas regiões, ocasionando reações inflamatórias (como lesões, aderências e cicatrizes internas) no corpo.
Os sintomas, no entanto, podem ser silenciosos, muitas vezes, sendo necessário recorrer aos exames de rotina para um diagnóstico preciso. Os sinais mais comuns vêm em forma de cólica, irregularidade do ciclo menstrual, constipação, inchaço e até mesmo sintomas emocionais, tais como ansiedade, estresse e depressão após o diagnóstico.
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SOP ou endometriose: Diagnóstico e tratamento
Feita a diferenciação das condições de saúde, é o momento de se aprofundar mais no diagnóstico e tratamento. Veja o curso da SOP e da endometriose:
SOP
Os primeiros sintomas logo geram preocupação e podem acelerar a busca por ajuda. No entanto, para chegar ao diagnóstico, a mulher deve passar por algumas etapas, como consulta médica com um ginecologista, exames de rotina como transvaginal e de sangue. Infelizmente, até o momento a SOP não tem cura, portanto, o tratamento consiste em amenizar as consequências da síndrome. Por exemplo, aumentar a fertilidade, melhorar a condição metabólica, controlar o peso, equilibrar os hormônios, etc.
“Ao garantir esse equilíbrio hormonal e metabólico e devolver a fertilidade à paciente, é possível ter uma passagem de vida bastante saudável e sem as consequências negativas”, explica Ricardo Vasconcellos Bruno, médico especialista em ginecologia endócrina e climatério.
Endometriose
O diagnóstico em casos de suspeita da endometriose é feito por meio de exames de laparoscopia, ultrassom, ressonância magnética, análises de sangue e outros exames de laboratório. Mas, em alguns casos, é preciso recorrer à biópsia, quando um pedaço do tecido é coletado durante o exame de laparoscopia e, na sequência, testado. Atenção especial deve ser dada ao exame de toque, fundamental no diagnóstico da endometriose profunda.
É no diagnóstico que é possível identificar o tipo de endometriose, que pode se diferenciar entre superficial, profunda, ovariana, parede abdominal e intestinal.
Dessa forma, o tratamento também passa pelo controle dos sintomas – assim como na SOP. Isso pode envolver o uso de anticoncepcionais e analgésicos, dormir bem, adotar hábitos saudáveis, fazer terapia comportamental e até fisioterapia do assoalho pélvico. Mas, se os sintomas não passarem, há a indicação de cirurgia, que retira o tecido inflamado.
Vale reforçar que os tratamentos disponíveis variam de acordo com a extensão da doença, sintomas e o desejo de engravidar, mas, de forma geral, envolvem cirurgia e medicações, especialmente para minimizar a dor.
Fonte:
- Ricardo Vasconcellos Bruno, médico especialista em ginecologia endócrina e climatério.
Biblioteca Virtual do Ministério da Saúde