Sintomas anormais na gravidez que precisam de atenção médica
De acordo com a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), praticamente 100% das gestantes apresentam de dois a três sintomas em algum momento da gravidez. Por exemplo, sonolência, náuseas, vômitos, inchaço, pequenos corrimentos e sangramentos, entre outros. No entanto, alguns sintomas são anormais e merecem atenção da futura mãe.
De acordo com o ginecologista Carlos Moraes, a intensidade dos desconfortos é um sinal de alerta para algo que não vai bem.
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Sintomas anormais da gravidez: confira os principais
Náuseas e vômitos em excesso
Segundo a FEBRASGO, cerca de 70 a 80% das gestantes têm náuseas e vômitos matinais, principalmente no primeiro trimestre de gravidez. “Isso é um sinal de que o corpo está produzindo altos níveis de hormônios, essenciais para a manutenção da gestação”, explica Moraes.
Mas, se os enjoos e vômitos forem frequentes e incontroláveis, ocorre a hiperêmese gravídica, que acomete até 2% das gestações. Nesse quadro, a gestante perde mais de 5% de seu peso, sofre com desidratação, além de desequilíbrios hidroeletrolíticos e metabólicos.
“Como a grávida não consegue se alimentar nem ingerir líquidos, a saúde fica comprometida. Como resultado, o bebê, que depende dos nutrientes da mãe, não se desenvolve. Daí a necessidade de internação hospitalar, cujo tratamento consiste na administração intravenosa de líquidos antieméticos, se necessário, bem como de vitaminas e reposição de eletrólitos”, afirma o especialista.
Corrimento com cor e que provoca coceiras
Ter corrimento vaginal na gravidez não indica, necessariamente, uma possível doença ou infecção. Em situações normais, ele costuma ser claro, de pequeno volume, sem cheiro e coceira.
Todavia, se o corrimento vier em grande quantidade, tiver uma coloração amarelada, esverdeada ou acinzentada, provocar coceira, cheiro forte, dor ou queimação ao urinar, pode ser sinal de vaginose ou até algum tipo de IST.
Sangramentos atípicos durante a gravidez
No início da gestação, é comum ter pequenas perdas de sangue pela vagina, sem outros sintomas associados. Isso pode ser, inclusive, sinal de nidação, quando há fixação do óvulo fecundado na parede do útero.
Porém, algumas características do sangramento vaginal podem indicar complicações. Algumas delas:
- Volume e persistência;
- Presença de coágulos;
- Sangue com dor abdominal ou pélvica;
- Sangue com contrações uterinas frequentes e intensas;
- Sangramento com queda da pressão arterial, e nas mulheres que já tiveram aborto espontâneo.
Por que o sangramento pode ser um dos sintomas anormais da gravidez?
Carlos Moraes explica que, no começo da gestação, os sangramentos acompanhados de cólica podem significar abortamento ou gravidez ectópica. Já no final da gravidez, podem indicar possível parto prematuro, placenta prévia, descolamento prematuro da placenta ou ruptura uterina.
“Vale alertar que mesmo sem as características citadas, qualquer sangramento deve ser reportado ao seu médico. Ainda que pareça inofensivo, não significa que ele não possa oferecer riscos à gravidez”, reforça o ginecologista obstetra.
Visão embaçada e pressão alta
A pré-eclâmpsia pode surgir na segunda metade da gestação, normalmente, após 20 semanas de gravidez. Segundo dados de um recente estudo americano publicado no periódico UpToDate, a pré-eclâmpsia ocorre em 5% a 10% das gestações, sendo que 75% dos casos são leves e 25% são graves.
Hipertensão arterial após a 20ª semana de gestação; visão embaçada ou dupla; dor abdominal e de cabeça; e perda de proteínas (notada no aumento de espumação da urina) são alguns dos indícios de pré-eclâmpsia.
Dor ao urinar
Uma pesquisa do American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG) descobriu que a cistite acomete cerca de 2% das mulheres grávidas. A inflamação aumenta o risco de infecção dos rins (pielonefrite) da mãe, além de nascimento prematuro, baixo peso do feto e aumento da mortalidade perinatal.
“Qualquer tipo de incômodo na região genital que surja ao urinar (dor, ardência, queimação, pontadas) também deve ser comunicado ao obstetra”, orienta Carlos Moraes.
Inchaço nas pernas
A maioria das gestantes desenvolve algum grau de edema nas pernas no terceiro trimestre de gravidez. Afinal, a retenção de líquidos é esperada nesse período.
No entanto, edemas nos membros inferiores são um dos sintomas anormais na gravidez. Portanto, requerem uma atenção importante, sobretudo se uma perna começa a inchar mais do que a outra.
“Isso porque a gravidez aumenta o risco de trombose venosa profunda (TVP). Logo, um edema assimétrico pode ser o primeiro sinal da condição. Pode ser que ue uma veia da perna está sendo obstruída por um trombo (coágulo). A trombose dos membros inferiores é um quadro perigoso, já que ela é o principal fator de risco para a embolia pulmonar”, revela o especialista.
Além do inchaço assimétrico, outros sinais de TVP do membro inferior são a vermelhidão local, dor, aumento da temperatura da perna acometida e um inchaço duro ao redor da área trombosada.
“Vale dizer a importância de seguir à risca o pré-natal, tirar todas as dúvidas e coletar o máximo de informações possíveis. Dessa forma, você conseguirá identificar uma possível alteração e buscar ajuda médica com mais agilidade, garantindo maior segurança para você e seu bebê”, finaliza Carlos Moraes.
Fonte: Carlos Moraes, ginecologista e obstetra pela Santa Casa/SP, membro da FEBRASGO e especialista em Perinatologia pelo Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Albert Einstein.