Síndrome Alcóolica Fetal: entenda o que é e os desafios de diagnosticá-la
Como o nome dá a entender, a Síndrome Alcóolica Fetal (SAF) é uma condição que o bebê desenvolve em decorrência do consumo de álcool pela gestante. De acordo com Renato Sá, cirurgião obstetra da maternidade Perinatal, nesta circunstância, o feto acaba apresentando deficiências no crescimento, disfunções no sistema nervoso central (SNC) e alterações dos traços faciais.
Ainda segundo o especialista, a Síndrome Alcóolica Fetal pode afetar o bebê de diferentes formas conforme a quantidade de álcool ingerido pela grávida. Em outras palavras, a substância pode lesar o feto desde a forma mais grave, que é a SAF, até as mais específicas. Dr. Renato cita, por exemplo, distúrbios do neurodesenvolvimento ou defeitos congênitos.
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A principal causa da Síndrome Alcóolica Fetal
De acordo com Mário Macoto Kondo, obstetra do Hospital e Maternidade Santa Joana, a principal causa da Síndrome Alcoólica Fetal é o uso do álcool durante a gestação. “Inclusive, uma pesquisa feita nos Estados unidos, em 2011, mostra que 5 a 10% dos fetos expostos à substância, durante a vida intrauterina, apresentarão anormalidades no desenvolvimento relacionadas ao álcool”, completa o especialista.
Não por acaso, a única forma de prevenir a SAF, segundo os dois médicos ouvidos, é aderir a política de 0% de bebidas alcóolicas durante a gravidez. Afinal, não há dose segura da substância quando falamos sobre consumo na gestação.
“De todas as substâncias de abuso, incluindo cocaína, heroína e maconha, o álcool é a droga que produz os efeitos neurocomportamentais no feto, sendo também um agente teratogênico (que leva a má-formações). Portanto, é um problema de saúde pública”, enfatiza Dr. Mário.
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Afinal, como é feito o diagnóstico da Síndrome Alcóolica Fetal?
Em suma, para se descobrir a Síndrome Alcóolica Fetal, o primeiro passo é a gestante contar que faz uso de bebida alcóolica durante a gravidez. A partir disso, de acordo com Dr. Renato, realiza-se uma análise clínica, em que o especialista usa três parâmetros para determinar a SAF. São eles:
1. Anormalidade de crescimento (bebê tem que ter pelo menos uma das seguintes alterações):
- Peso de nascimento ou peso corporal < percentil 10th;
- Comprimento de nascimento ou comprimento corporal < percentil 10th;
- Índice de massa corporal < percentil 10th.
2. Anormalidades faciais (deve ter as três):
- Fissura palpebral curta;
- Filtro nasal liso;
- Lábio superior fino;
3. Anormalidade no Sistema Nervoso Central (SNC) (bebê teve ter ao menos uma delas):
- Alterações funcionais do SNC, como na atenção, habilidades motoras, aprendizagem e funções executivas abaixo do normal;
- Alterações estruturais do SNC, como microcefalia < 10th
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Os desafios de descobrir a condição
Embora bastante preocupante, a SAF pode ser difícil de diagnosticar. De acordo com o Dr. Mário, a gestante pode acabar omitindo o consumo de álcool durante a gravidez, o que já começa a impossibilitar a intervenção médica diante do caso.
“Outra questão é que muitos bebês não apresentam alterações evidentes ao nascimento”, destaca o especialista. Assim, as consequências da SAF podem acabar surgindo mais tarde, podendo ser confundidas como sinais de outras condições.
Além disso, o obstetra lembra que ainda não há um exame capaz de prevenir ou detectar as má-formações causadas pela ingestão do álcool. Assim, o diagnóstico final pode levar mais tempo do que o previsto para ser fechado.
Fontes: Dr. Mário Macoto Kondo, obstetra do Hospital e Maternidade Santa Joana e Renato Sá cirurgião obstetra da maternidade Perinatal, que faz parte da Rede D’Or
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