Saúde mental das crianças: Entenda a importância
Falar sobre saúde mental nunca esteve tão em evidência – e talvez nunca tenha sido tão urgente abordar esse tema, desde cedo. Tanto é que o principal relatório da Unicef focou justamente a saúde mental das crianças em sua nova edição. A Situação Mundial da Infância 2021 alerta que crianças, adolescentes e jovens poderão sentir o impacto da covid-19 em sua saúde mental por muitos anos.
Medo, ansiedade e preocupação são só uma parte da conta que a pandemia trouxe aos mais novos. Mas, assim como as emergências de saúde, outros fatores também impactam diretamente na saúde mental das crianças. De acordo com o relatório da Unicef, ao longo da vida, esse aspecto do bem-estar é moldado por uma mistura de fatores genéticos, de experiência e ambientais desde os primeiros dias de vida. Aí entram, por exemplo, o papel da família, da escola e dos relacionamentos.
E é por isso que pais e cuidadores podem e devem explorar recursos desde cedo para que os pequenos entendam a importância da saúde mental e desenvolvam a sua. A seguir, veja algumas orientações que podem contribuir nessa tarefa.
Saúde mental das crianças: Dicas para trabalhar com os pequenos
1. Aposte no lúdico
Para contribuir com a saúde mental na infância, é preciso proporcionar ao pequeno tudo o que vai estimular seus potenciais, sua autoestima e relações positivas com outras pessoas. E nessa linha entram as músicas e histórias infantis, os passeios, as brincadeiras. Assim, ao brincar, por exemplo, a criança aprende a lidar com a frustração, ponto-chave para desenvolver confiança. Há diversos livros que falam sobre lidar com as diferenças, músicas que exploram sentimentos. Opções não faltam!
2. Parta da curiosidade quando o assunto é saúde mental das crianças
Fale sobre saúde mental quando surgir interesse por parte da criança. Ao conversar, comece sempre perguntando o que ela entende daquilo para, a partir da compreensão dela, trazer mais informações. Caso, por exemplo, haja alguém próximo que tenha um transtorno mental, trabalhe para que a criança entenda que o diferente não é errado. Nesse sentido, explique que a pessoa possui necessidades especiais, e que isso não faz dela nem melhor ou pior.
3. Aproveite o momento
A pandemia de covid-19 também pode servir de pretexto para falar sobre saúde mental. Quando a criança entende que as suas atitudes podem afetar, por exemplo, o seu colega na escola, ela aprende a ter empatia, a cuidar do outro. O luto é mais um assunto que pode surgir relacionado à pandemia. Mas, para falar sobre isso, pergunte o que a criança entendeu dessa situação e acolha, explique que é normal se sentir triste. Quando legitimamos esses sentimentos “ruins”, o pequeno vê que não precisamos evitá-los.
4. Seja o exemplo
Se a criança é estimulada a ser alegre, ela aprende a tirar satisfação nisso. Caso os pais sejam negligentes, a tendência é que ela seja insegura. Assim, tudo depende do contexto familiar. Isso também vale para a busca por atividades que contribuam com a saúde mental. Por exemplo, não adianta querer que a criança medite para se acalmar se na família não existe essa prática. Mais do que ensinar, os pais devem fazer.
5. Lembre-se dos limites (e do carinho)
O afeto, o abraço, o colo também contribuem com o desenvolvimento da saúde mental. Mas, não podemos nos esquecer dos limites. Pois, a criança que aprende que esperar é importante, que as suas vontades nem sempre serão atendidas, desenvolve a tolerância, o respeito. Pode ser difícil trabalhar com esse aspecto em certas idades, mas é uma tarefa necessária. Por fim, olhar para a saúde mental é olhar para o seu potencial mas também fazer um juízo crítico da realidade para poder se acalmar nos momentos difíceis, e isso vai valer para todas as idades!
Fonte: Bruno Mader é psicólogo do Hospital Infantil Pequeno Príncipe, de Curitiba (PR).
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