Saúde bucal das crianças: Saiba como cuidar
Quando o assunto é cuidar da saúde bucal das crianças, a odontopediatra Juliana Giraldi é categórica: “Ela está dentro do contexto global da saúde. A criança não é apenas um dente ou apenas uma boca. Portanto, um problema bucal é um desequilíbrio em todo o corpo”, ressalta.
Isto é, para garantir o bom desenvolvimento dos pequenos, é preciso investir na higiene oral. Afinal, muitas doenças começam pela boca e podem causar até mesmo alterações mais graves. “No caso das crianças, percebemos que dores e infecções geram dificuldades na alimentação, que, como consequência, podem levar a déficits nutricionais e baixo peso”, diz a especialista, ressaltando ainda outras situações como queda no rendimento escolar, problemas na fala, respiração, sono, humor e concentração.
Atenção à saúde bucal das crianças
Juliana diz que nunca é cedo demais para começar a cuidar da saúde bucal das crianças. Por isso, o ideal é que a gestante inclua, já no pré-natal, uma consulta com o odontopediatra. Assim, a família terá informações e orientações importantes como, por exemplo, a importância da amamentação e sua relação com crescimento facial, respiração e deglutição; quando e como iniciar a higiene oral; e consequências do uso de bicos artificiais (chupeta e mamadeira).
“Porém, se a gestante não tiver realizado o pré-natal odontológico, recomendo que marque uma consulta assim que possível. Não precisa esperar o nascimento do primeiro dentinho, pois todas essas informações são por demais valiosas e podem prevenir muitos problemas. E sempre temos que lembrar que a prevenção sempre é melhor que a intervenção, inclusive financeiramente falando – é mais barato prevenir do que tratar”, informa.
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Problemas comuns na infância
Os problemas mais frequentes na saúde bucal das crianças são:
- Cáries (que podem levar a tratamentos como extrações e canal)
- Extrações por retenção prolongada (dente de leite que não caiu e permanente nascendo sem espaço)
- Grande acúmulo de placa bacteriana
- Gengivite
- Tártaro
- Traumas bucais
- Oclusopatias (necessidade de uso de aparelho ortopédico funcional dos maxilares)
Para evitar esses quadros, Daniela Abreu de Moraes, mestra e doutora em Odontopediatria e professora de pós-graduação em Odontopediatria no Centro Universitário do Distrito Federal (UDF), recomenda a escolha de hábitos saudáveis. A escovação deve ser feita com pasta fluoretada e uso de fio dental, além de redução no consumo de açúcar. “Essas ações precisam ser incorporadas por toda a família para que o comportamento saudável possa ser consolidado”, reitera.
Outra dica fundamental são as visitas regulares ao odontopediatra. “Isso proporciona maiores chances de diagnósticos precoces das inúmeras doenças que acometem a cavidade bucal. Por exemplo, hoje os profissionais conseguem detectar sinais de cárie antes mesmo que deixe sequelas. É essencial buscar assistência odontológica não só em casos de urgência, mas como parte da rotina de saúde infantil”, afirma Daniela.
Juliana complementa dizendo que as consultas colaboram também no caso de problemas que não estão relacionados à falta de higiene. “Evite também levar a criança a dentistas que não sejam preparados para cuidar de crianças. O atendimento lúdico faz a diferença. Ir ao dentista não é fácil para ninguém, imagine para uma criança imatura e com medo ou com dor?”, avalia.
Em relação à frequência das visitas, ela indica retornos, em geral, a cada quatro ou seis meses. “Porém, se a criança precisa de cuidados mais intensos, os retornos são com frequência menor. Isso é determinado de acordo com cada caso”, finaliza.
Cuidados que não podem faltar
Além disso, há cuidados essenciais para a saúde bucal das crianças, como a correta higienização – escovação ao menos três vezes ao dia e fio dental uma vez ao dia. “Costumo dizer que banho, comida e higiene bucal não são negociáveis. Deixar a criança sem escovar os dentes só vai resultar em problemas que serão muito mais difíceis de serem resolvidos”, alerta Juliana.
Daniela diz ainda que é importante que o adulto esteja sempre supervisionando a higienização, já que o pequeno ainda está em desenvolvimento e, por isso, não possui coordenação motora completamente formada até os dez anos. “Nessa fase, o responsável deve auxiliar na higienização, que será realizada com escova macia e pasta dental com, no mínimo, 1000ppm de fluoretos”, explica.
Vale lembrar que até os sete anos de idade a criança pode engolir facilmente a pasta durante a escovação, assim, a quantidade deverá ser dosada em medidas que variam entre metade de um caroço de arroz cru até um caroço de feijão cozido. “Outra dica importante é limpar a língua suavemente, já que essa estrutura pode acumular inúmeras bactérias e outros micro-organismos”, destaca.
Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), houve aumento na expectativa de vida das pessoas no Brasil. “Com isso, a odontologia deve ser uma aliada na manutenção da saúde bucal das crianças para que se tornem adultos e idosos saudáveis, com todos os dentes na boca, buscando qualidade de vida e saúde de forma holística”, conclui a professora.