Rosto simétrico: Como o desafio do TikTok pode afetar a nossa autoestima
Não podemos negar: o TikTok é a rede social da vez. Ele conquista mais e mais seguidores a cada dia, e suas dancinhas e trends são reproduzidas milhões de vezes pelos usuários. O problema é que algumas, por mais inocentes que pareçam, podem afetar, sim, a saúde mental das pessoas — o “desafio do rosto simétrico” é uma delas.
Desafio do rosto simétrico no TikTok: O que é
Ao som de musiquinhas animadas, o teste do rosto simétrico funciona da seguinte maneira: você ativa um aplicativo que espelha a sua face na câmera frontal do celular. Desse modo, o objetivo é analisar se seus olhos estão na mesma altura, se as sobrancelhas são idênticas ou se seu nariz fica exatamente no centro do rosto.
Quanto mais “harmônico” você é, mais belo é considerado na sociedade atual. Não se sabe exatamente quando a ideia surgiu, mas os historiadores acreditam que essa seja uma herança do Renascimento e suas proporções áureas: na regra de ouro (ou regra divina), a largura do nariz é a mesma do olho; e essa medida também é a distância entre um olho e o outro.
A proporção já foi utilizada por pintores como Leonardo da Vinci para pintar a Monalisa, mas também em concursos de beleza atuais.
Harmonização facial
Contudo, o fisioterapeuta dermatofuncional Igor Lustosa explica que nosso rosto não é simétrico. “Todos nós temos alguma diferença de volume ou formato em alguma região dele. E muitas dessas variedades na simetria podem gerar desconfortos e afetar a autoestima das pessoas”, ele diz.
É por isso que muitos andam buscando procedimentos estéticos, como lasers, ultrassom microfocado, radiofrequência e preenchedores (de botox e ácido hialurônico). Todos na intenção de atingir a chamada harmonização facial.
“Os preenchedores, por exemplo, trabalham principalmente os pontos de sustentação da pele. Esses pontos podem abrir o olhar, definir melhor os contornos da face, reduzir as rugas e depressões faciais e aumentar os lábios”, explica o profissional.
Mas vale lembrar que eles só devem ser feitos por profissionais habilitados. “É preciso procurar alguém capacitado e que consiga ter um olhar clínico, sem romper as barreiras do exagero.”
O desejo do rosto simétrico pode afetar a saúde mental
A questão é que a internet potencializa a pressão estética. “O cenário acaba deixando algumas pessoas bem sensíveis, fazendo com que elas acreditem que esse contexto representa a verdade absoluta e que elas dependem disso para construir as suas vidas. Mas será que é saudável?”, questiona a psicóloga Vanessa Gebrim.
A especialista fala que o excesso de comparações e a necessidade de se encaixar em um padrão podem prejudicar a saúde mental das pessoas. Assim, as tornam cada vez mais insatisfeitas, com o desejo de retocar a própria imagem a todo custo. “Querem atingir um nível de perfeição que não existe, e esquecem que a internet é um ambiente editado”, explica. O que pode desencadear, de acordo com ela:
- Tristeza;
- Ansiedade;
- Solidão;
- Transtornos alimentares;
- Compulsão por hábitos prejudiciais à saúde;
- Depressão.
Alguns estudiosos até comparam o vício em redes sociais com a dependência de álcool e drogas. “Vejo muito isso em consultório, principalmente em adolescentes e jovens. Eles já chegam com quadros de tristeza e baixa autoestima por acharem que são piores que os colegas das redes sociais.”
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O que fazer então?
Vanessa diz que uma dica importante é ficar de olho no tempo de conexão: não existe uma duração correta, mas passar muitas horas em frente às telas costuma ser um sinal de alerta.
Outra dica é filtrar quem você acompanha. “Passe longe de perfis que prometem corpos milagrosos em pouco tempo, ou então curas eternas e felicidades instantâneas”. Analise os influenciadores que segue, e veja se eles trazem benefícios para a sua vida. Em casos mais graves de dependência, vale recorrer à psicoterapia.
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