Ronco: Causas, doenças relacionadas e como tratá-lo

Bem-estar Sono
03 de Março, 2023
Ronco: Causas, doenças relacionadas e como tratá-lo

O ronco é um distúrbio conhecido pela maioria das pessoas: é um barulho audível causado pela obstrução das vias respiratórias durante o sono. Em alguns casos, é normal, desde que esteja ligado à posição de descanso. Isso porque dormir de costas (de barriga para cima) deixa a musculatura da garganta mais flácida e a língua tende a cair para trás por estar relaxada. Tais fatores causam uma leve vibração nas vias respiratórias superiores.

Leia também: Acordar no meio da noite e ficar com insônia: O que fazer

Quando o ronco deve ser motivo de preocupação?

No entanto, o ronco barulhento e intermitente indica que algo não vai bem e precisa de atenção médica. Quando acompanhado de intervalos respiratórios de até 10 segundos, pode ser sinal de apneia obstrutiva do sono (SAOS), que tem como principais vítimas homens e mulheres com obesidade ou com sobrepeso.

Nessas crises, além do ronco, ocorrem as paradas na respiração devido ao bloqueio da faringe, entre outras causas. A apneia do sono pode ser nociva porque reduz a oxigenação do sangue durante o sono. Desse modo, é capaz de piorar o quadro de doenças cardiovasculares — arritmias, hipertensão arterial, acidentes vasculares, entre outros.

Se você notar alterações no sono, como: acordar cansado mesmo depois de ter dormido ininterruptamente; acordar durante a noite com o próprio barulho do ronco (ou ser avisado por alguém); ou acordar engasgando com frequência, condição ligada à apneia; é recomendado procurar um médico otorrinolaringologista, pois ele ajuda no no diagnóstico.

Por que roncamos?

Algumas características físicas individuais, como desvio de septo e queixo retraído, podem favorecer o distúrbio, que não necessariamente está ligado à apneia descrita acima. Portanto, veja alguns:

  • Palato mole com formato de ogiva (céu da boca mais alto do que o normal);
  • Amídalas e adenoides hipertrofiadas;
  • Além disso, alergias como rinite, resfriados e outros tipos de obstrução respiratória;
  • Pólipos (tumores benignos) no nariz;
  • Envelhecimento, que pode causar a flacidez da garganta e dos músculos respiratórios;
  • Cansaço;

Fatores de risco 

Outras condições podem agravar ainda mais os barulhos, são eles:

  • Sedentarismo e obesidade, que aumentam a chance de infiltração de gordura na faringe;
  • Pescoço curto e grosso;
  • Remédios calmantes para dormir;
  • Consumo de bebidas alcoólicas;
  • Tabagismo.
  • Posição ao dormir, como a de barriga para cima, que altera a posição da língua e influencia o relaxamento da garganta.
  • Refluxo gastroesofágico;
  • Exagerar na quantidade de comida antes de dormir;

Como o ronco pode afetar a qualidade de vida

A Associação Brasileira do Sono 24% dos homens e 18% das mulheres de meia-idade roncam. Apesar de ser considerado algo normal, roncar todas as noites pode causar diversos problemas e afetar drasticamente a qualidade de vida do paciente. Confira à seguir:

Produtividade e disposição

Na maioria das vezes, roncar significa que o sono do paciente não é adequado. Ou seja, uma pessoa que ronca não tem um sono de qualidade e isso pode resultar em sonolência diurna, falta de foco, concentração e diminuição da disposição para o trabalho.

Incomodar o sono do parceiro

O barulho do ronco pode ser alto o suficiente para impedir que alguém durma ao lado da pessoa. Portanto, não é raro ver parceiros que se queixam dos sons durante a noite e, por tabela, também tem a sua qualidade de sono afetada. A combinação de privação de sono aliada ao estresse causado pode acabar gerando brigas e insatisfação no relacionamento. 

Risco aumentado de doenças cardiovasculares

Roncar excessivamente pode provocar falta de ar e apneia do sono, que incentiva o organismo a lançar mais adrenalina no sangue. Assim, o paciente pode ter a sua pressão arterial aumentada. Nesse caso, as pessoas com apneia têm maior tendência a desenvolver hipertensão e diabetes, fator que também aumenta o risco de doenças cardiovasculares, como infarto e acidente vascular cerebral (AVC).

Diagnóstico

O diagnóstico do ronco (e da possível apneia) passa por uma investigação clínica bem detalhada, por um exame físico e por uma nasofibrolaringoscopia — que possibilita a visualização das cavidades nasais, da rinofaringe, da base da língua e da laringe.

A polissonografia, por outro lado, é considerada um exame padrão-ouro no diagnóstico, pois, nela, há uma avaliação da quantidade de apneias e hipopneias, da presença e intensidade do ronco, da qualidade e fases do sono, além da saturação da hemoglobina em relação ao oxigênio. Esse exame pode ser realizado em laboratório do sono ou domiciliar e deve ser indicado pelo médico.

Leia também: Insônia: O que é, causas, sintomas e como tratar

Tratamento do ronco

É de extrema importância saber o gatilho do ronco para tratá-lo adequadamente. Isso porque algumas atitudes simples podem diminuir os episódios sonoros, caso eles não estejam ligados a nenhuma patologia.

Por exemplo, alterar a posição ao dormir, investir em mais horas de descanso, fazer atividade física e manter a hidratação em dia e o peso saudável podem ajudar a cessar o problema. Além disso, é fundamental diminuir o consumo de bebidas alcoólicas e cigarro, hábito que estimula o aparecimento do ronco e de outros problemas. Evitar alimentações muito pesadas perto da hora de dormir também podem melhorar a qualidade do sono.

Contudo, se houver alguma alteração anatômica facial, pode ser o caso de uma intervenção cirúrgica para melhorar a qualidade do sono. Já alergias como rinite ou outros problemas respiratórios inspiram cuidados para combater seus sintomas e, de quebra, amenizar o ronco.

Durante a consulta com o otorrinolaringologista, é interessante contar seu estilo de vida, histórico de doenças e até saber se alguém tem queixas em relação ao barulho do seu ronco. Desse modo, essas informações ajudarão a traçar o diagnóstico, aliado a exames específicos, como a polissonografia.

Contudo, em alguns casos, pode ser necessário o uso do retrator de língua, uma prótese intra oral móvel que ajuda a manter a boca fechada e a posição da língua para a frente. Por fim, há também o CPAP nasal para casos graves, como o da apneia do sono. Assim, o dispositivo auxilia no espaçamento das crises de ronco.

Fonte: Roberto Miquelino de Oliveira Beck, médico otorrinolaringologista da CareClub, em São Paulo/SP. Doutor pela Faculdade de Medicina da USP. CRM-SP: 120772.

Sobre o autor

Redação
Todos os textos assinados pela nossa equipe editorial, nutricional e de profissionais de Educação Física.

Leia também:

mulher praticando atividade física ao ar livre e suando
Bem-estar Movimento

Suar emagrece? Entenda se a transpiração ajuda a perder calorias

Suar demais realmente significa que você está perdendo peso? Descubra

foto mostra uma xícara de chá vazia com paus de canela ao lado em cima de um prato
Alimentação Bem-estar

É termogênico e ajuda no equilíbrio da glicemia e do colesterol; veja benefícios do chá de canela

A bebida é uma ótima opção para esquentar o corpo — muitos afirmam, ainda, que ela emagrece

farinha de beterraba
Alimentação Bem-estar

Farinha de beterraba: benefícios e como incluir na dieta

Pode prevenir doenças cardiovasculares, melhorar o aporte de fibras e ainda ajudar a aumentar a performance esportiva