Resguardo: por que ele é importante depois do parto
A experiência de gerar uma vida demanda um dos maiores esforços físicos para o corpo humano — considerando o curto espaço de tempo. Após esse período de grandes transformações, muitas mães tendem a voltar suas atenções exclusivamente para o bebê recém-nascido, e acabam negligenciando a importância desse período para cuidar de si. No entanto, o resguardo, também conhecido puerpério, é um momento de mudanças físicas e psíquicas e, de acordo com a médica ginecologista Dra. Yara Caldato, deve durar entre 45 e 60 dias após o parto. Assim, essa fase requer cuidados específicos que, se forem ignorados, podem prejudicar a saúde da mãe.
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Afinal, qual é a importância do resguardo?
Muito além dos cuidados com o bebê, o momento exige principalmente cuidados com a mãe, uma vez que o corpo passa por mudanças drásticas para gerar a criança. Assim, a Dra. Yara Caldato aponta ainda que, no pós-parto, existem riscos de infecções e hemorragias, por isso, é importante não extrapolar os limites do corpo e investir na recuperação completa.
Por isso, o período de resguardo exige a pausa de algumas atividades do dia a dia, como:
- Dirigir;
- Carregar pesos;
- Manter relação sexual;
- Praticar atividade física;
Nessa fase, é muito comum que as mães reclamem de sangramentos. No entanto, a ginecologista aponta o sangramento é normal e geralmente ocorre cerca de sete dias após o parto, pois o útero está reduzindo seu tamanho e ocorre a descamação da decídua (camada interna que reveste o útero). Mas a médica tranquiliza as mães: “Não há com o que se preocupar, apesar de ser um sangramento de grande volume, é por um período autolimitado”, afirma.
Vale lembrar que, no pós-parto, a mulher passa por uma queda hormonal abrupta, como aponta a Dra. Yara, além de todo cansaço e desgaste que uma gestação pode gerar. É nessa fase também que o útero começa a diminuir de tamanho, as mamas aumentam e há o início da produção de leite.
Entenda quais são os principais cuidados com a saúde no resguardo
Para passar dessa fase com êxito e com saúde, é fundamental que as mães sigam alguns cuidados. Confira algumas dicas a seguir:
Alimentação
De acordo com a nutricionista Fabiana Albuquerque, no puerpério a mulher deve dar uma atenção especial para a alimentação, pois ela influenciará totalmente na sua recuperação pós-parto e ainda impactará na nutrição e no fortalecimento d0 bebê. Dessa forma, algumas vitaminas e minerais são fundamentais nessa fase, por exemplo:
- Vitamina A: encontrada em vegetais amarelos e alaranjados e é importante para a saúde dos olhos;
- Vitamina C: frutas cítricas contêm boas concentrações de vitaminas responsáveis por apoiar e recuperar a imunidade;
- Vitamina E: encontrada em alimentos como fígado, gema de ovo, azeite de oliva. Atua na recuperação do sistema hormonal da mulher, além de ser um potente antioxidante;
- Vitamina K: brócolis, couve e alface são fontes dessa vitamina que contribui para a cicatrização de cisões;
- Cálcio: ajuda na saúde óssea e é encontrado em leite e derivados;
- Ferro: apoia a reposição da perda de sangue que pode ocorrer no parto. É facilmente encontrado em carne vermelha e leguminosas;
- Ômega-3: evita inflamações no corpo e pode ser encontrada em peixes e oleaginosas;
- Água: fundamental para o funcionamento do intestino e a produção do leite materno.
Além disso, nesse momento, deve-se evitar dietas muito rigorosas para não causar deficiência nutricional no bebê.
Menstruação
O retorno dos ciclos menstruais vai depender de paciente para paciente. No período de resguardo, de 45 dias, a mulher tende a não ovular e não menstruar. Assim, isso acontece por conta dos hormônios que estimulam o aleitamento materno, que podem bloquear a ovulação. Dessa forma, a menstruação pode ficar irregular até o término da amamentação exclusiva, portanto, após esse prazo, o ciclo menstrual volta ao normal.
Atividade sexual
É fundamental aguardar o tempo de resguardo, já que os vasos do útero estão abertos no puerpério e podem aumentar os riscos de contaminação e infecção. Além disso, a penetração pode causar dor e desconforto à mulher.
A Dra. Yara indica que, a partir dos 40 dias de resguardo, fica liberada a atividade sexual, desde que essa mulher se sinta à vontade para isso. “Precisamos lembrar que essa fase é muito desgastante pra ela, com esgotamento físico e mental”. Além disso, após esse período, as atividades físicas também ficam liberadas, idealmente iniciando de forma mais leve e evoluindo gradualmente os exercícios.
Saúde mental
Por fim, cansaço, irritabilidade, falta de sono e perda do apetite são sensações comuns no pós-parto. Por esse motivo, a saúde mental pode ser abalada e a mãe pode acabar sofrendo com depressão e ansiedade. Assim, é fundamental manter a calma e concentrar-se na sua recuperação física e na adaptação do bebê.
“A saúde mental é a mais afetada por toda sobrecarga que essa mãe vivencia. Por todos os medos de estar cuidando de uma vida totalmente dependente e por toda mudança de rotina que ela passa a experienciar. Se há um conselho que sempre dou a todas as mães, ainda na gestação, é: tenha uma rede de apoio e uma terapeuta”, aconselha a Dra. Yara.
Fonte: Dra. Yara Caldato, médica ginecologista funcional e estética.
Referências: Considerações Gerais sobre o Período Pós-Parto, Manual MSD.