Reduzir o sódio é o primeiro passo para evitar a hipertensão

Saúde
28 de Abril, 2023
Reduzir o sódio é o primeiro passo para evitar a hipertensão

Cerca de 38 milhões de brasileiros possuem hipertensão, de acordo com o Ministério da Saúde. O organismo humano é completamente interligado e hábitos saudáveis de vida podem evitar diversas doenças que se relacionam e atingem diversos órgãos. Por exemplo, ao reduzir a ingestão de sódio (contido no sal e em alimentos industrializados), açúcares, carboidratos, gorduras ruins e álcool, ingerir quantidades adequadas de líquidos para manutenção de uma hidratação adequada e evitar o tabagismo. Assim, é possível evitar a hipertensão, o diabetes, a doença renal, e as doenças vasculares que atingem artérias causando doenças cardíacas e cerebrais.

O sedentarismo também é um grande responsável pelo maior acometimento dessas diversas doenças, conjuntamente conhecidas como síndrome plurimetabólica, que estão se tornando cada vez mais incidentes no mundo moderno.

Reduzir o sódio é fundamental

Segundo Lecticia Jorge, médica nefrologista, nós nos adaptamos a modificar o sabor natural dos alimentos. Além disso, consumimos mais comidas processadas e industrializadas do que alimentos in natura. Por isso, reduzir o sódio é fundamental.

“Deveríamos ingerir no máximo 5 gramas de sal por dia e hoje usamos até o triplo. Adicionamos sal, açúcar, manteiga e outros óleos a tudo o que ingerimos, sem medir os riscos. Criamos muitos alimentos com mistura de farinhas que acabam exigindo o uso de óleos. E, além de prepararmos nossos alimentos em casa com muito sal, açúcar e óleos, ainda nos alimentamos muito em restaurantes ou com alimentos prontos, industrializados. Muitas vezes, eles são conservados por sódio e com pobre qualidade nutritiva”, afirma.

Além disso, hábitos como beber pouco líquido e o sedentarismo também são prejudiciais. “Então, hoje temos um número crescente de pessoas cada vez mais jovens sofrendo com pressão alta, diabetes tipo 2 e outras doenças associadas à síndrome plurimetabólica. Os jovens estão ingerindo muito álcool, além do uso de cigarro eletrônico. Temos um grande desafio na saúde pública que é convencer as pessoas a mudarem hábitos de vida. A trocarem alimentos “gostosos” como pizza, hambúrgueres, bolos e pães por alimentos mais saudáveis e nutritivos. Como complicador, esses alimentos “tentadores” são mais práticos e até mais baratos”, alerta a médica.

Causas

De acordo com a médica existem vários outros motivos que podem levar ao desenvolvimento da pressão alta, além dos alimentos e do sedentarismo. E o estresse é também um grande motivador.

“É praticamente impossível evitarmos completamente o estresse. O que recomendamos às pessoas são mudanças que possam levar a um melhor gerenciamento dos seus problemas pessoais. Nisso, entra também a prática de atividades físicas. Quando nos exercitamos, liberamos hormônios importantes que regulam a atividade cerebral. Como consequência, conseguimos pensar melhor sobre nossa vida no que tange aos estudos, ao trabalho e à família”, complementa.

Rins x pressão alta

Os rins são órgãos fundamentais no controle da pressão arterial por produzirem hormônios que aumentam a pressão todas as vezes que eles reconhecem que estão recebendo pouco sangue, por exemplo, ou quando eles estão “inflamados” em um contexto de glomerulonefrite. Por outro lado, os níveis altos são muito lesivos aos rins, já que esses órgãos possuem uma estrutura de vasos muito delicada por onde é filtrado o sangue, não podendo, por exemplo, deixar que proteínas sejam perdidas”, explica a médica.

A hipertensão arterial e a perda de proteína na urina são reconhecidamente os dois fatores de risco principais que aceleram a progressão da doença renal. Quando essa estrutura delicada é submetida a um regime de alta pressão ela se distende e se danifica permitindo a perda de proteínas e a formação de lesões de esclerose, que são como cicatrizes.

Logo, essa distensão acaba gerando a lesão da estrutura que em última análise fará pacientes que possuem problemas renais perderem seus rins mais rapidamente e pacientes que não possuem começarem a ter problemas. Em todas essas situações, a perda da função renal será tão mais rápida quanto maior for o descontrole pressórico. Muitas vezes, o principal tratamento para desacelerar o processo é o controle pressórico rigoroso.

Além de reduzir o sódio, dicas para prevenir problemas

  • Pacientes com hipertensão arterial devem realizar investigação de doenças renais. Assim, é possível descartar possíveis problemas renais;
  • Recomenda-se que todo paciente hipertenso faça exames da sua função renal. Além disso, após o diagnóstico e posteriormente uma vez no ano, realizar exames urinários. Se surgirem alterações, recomenda-se, então, uma consulta com um nefrologista. Os exames de imagem do rim, dos vasos do renais e das glândulas adrenais são muitas vezes indicados. Porém, eles dependem de uma avaliação médica que leva em consideração idade, história e exame físico;
  • Pacientes com problemas renais devem controlar a pressão arterial rigorosamente. Assim, é possível retardar a progressão da doença renal e reduzir o risco de lesões cardiovasculares. Isso porque pacientes renais possuem um risco cardiovascular altíssimo, extremamente maior que a população geral, sendo essas doenças a primeira causa de óbito nesse grupo.

Por fim, as doenças renais que causam hipertensão são diversas, mas vale ressaltar as principais: estenose arterial renal, hiperaldosteronismo primário, glomerulopatias primárias (como nefropatia IgA), glomerulopatias secundárias (como lúpus eritematoso sistêmico e nefropatia diabética).

“Logo, não é possível se falar e pensar em hipertensão arterial sem falar em doenças renais, assim como é impossível se falar e pensar em doenças renais sem falar de hipertensão arterial e controle da pressão arterial. Cuide da pressão arterial e cuide dos seus rins”, alerta a médica.

Fonte: Lecticia Jorge, médica nefrologista e gerente médica da Fresenius Medical Care.

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