Quimioterapia “preventiva”: entenda mais sobre o tratamento
O tratamento quimioterápico consiste basicamente na utilização de medicamentos que tem por missão eliminar as células cancerosas e impedir que elas se espalhem e se multipliquem no organismo. Dentre as diversas finalidades de indicação da quimioterapia, o especialista avalia o tipo do tumor, tamanho, localização, se existem ou não metástases, idade do paciente, estado geral de saúde, medicamentos em uso e histórico. Após essa etapa, inicia-se o tratamento, que pode combinar estratégias combinadas com outras alternativas terapêuticas. Um dos exemplos é a quimioterapia adjuvante, que recentemente ganhou popularidade com o nome quimioterapia preventiva. Entenda!
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O que é a quimioterapia preventiva?
De acordo com o Dr. Thiago Assunção, oncologista clínico do Instituto Paulista de Cancerologia (IPC), quando um paciente tem um diagnóstico oncológico, sobretudo em fases iniciais é, na maioria dos casos ofertado um tratamento curativo. Em geral é a cirurgia, isto é, todo o tumor é ressecado.
Nesse caso, retira-se todo o material que em seguida será submetido a vários exames. “Hoje, temos um grande número de testes histopatológicos e moleculares que permitem a sub-estratificação dos cânceres. Eles permitem, em alguns casos, tratamentos preventivos mais direcionados. O médico vai calcular com base nesses fatores qual o risco clínico da doença voltar e poderá então, discutir se cabe realizar a quimioterapia adjuvante – também chamada de preventiva”, explica.
O intuito da quimioterapia preventiva é aniquilar células que podem estar na circulação sanguínea e que gerariam metástases no decorrer do tempo. Além da quimioterapia, os pacientes também podem utilizar medicamentos anti-hormonais ou ainda drogas-alvo-específicas caso haja mutações. Eventualmente, também pode necessitar de radioterapia. “O intuito do tratamento complementar é, dessa forma, otimizar as chances de cura, em pacientes que tiveram seu câncer operado”, explica.
Tipos de quimioterapia
- Quimioterapia curativa: na tentativa de curar o câncer completamente;
- Quimioterapia neoadjuvante: feita antes ou associada a outros tratamentos, para deixá-los ainda mais eficazes. Aqui, o objetivo da quimioterapia é “encolher” o tumor para potencializar o efeito da radioterapia ou da cirurgia;
- Quimioterapia adjuvante: feita após a cirurgia ou a radioterapia, como forma de evitar a recidiva (retorno) do câncer. Por isso ganhou o nome de quimioterapia preventiva;
- Quimioterapia paliativa: Se a cura não for possível, a quimioterapia pode ser realizada para o alívio dos sintomas do câncer.
De acordo com a Dra. Mariana Laloni, oncologista e Diretora Médica Técnica da Oncoclínicas, os avanços científicos no combate ao câncer garantem atualmente um vasto leque de possibilidades para os pacientes oncológicos. Assim, ele serão definidas a partir de avaliações do perfil da doença de cada indivíduo, de forma cada vez mais personalizada.
“Precisamos lembrar que existe um arsenal de estratégias médicas possíveis, a maioria delas muito avançadas e com altas taxas de cura. Cirurgia, quimioterapia, radioterapia, imunoterapia e terapias alvo são alguns dos pilares de tratamento que mudaram o panorama de uma doença que, no passado, já foi tão temida”, comenta.
Falta de informação que prejudicam quimioterapia preventiva e outros tipos de tratamento
Para Mariana Laloni, mesmo com os avanços e casos de cura, ainda existe um grande desafio em desmistificar o diagnóstico de câncer e tratamentos para a doença. “Temos a obrigação de informar corretamente e preservar a individualidade dos pacientes, sejam pessoas públicas ou indivíduos comuns. Por isso, médicos, profissionais de saúde, jornalistas e pacientes devem entender que informar com precisão é uma prestação de serviço e significa cuidado”, comenta.
A oncologista acrescenta ainda que casos como esse podem gerar ainda mais desinformação e tabus quando não abordados da maneira correta. “Isso expõe pessoas públicas e demais pacientes, que acabam passando por um sofrimento desnecessário. E em nada contribui para a informação adequada e correta que pode salvar vidas”, enfatiza.
Panorama global do câncer
Atualmente, considerando uma prevalência de 5 anos da doença, a OMS informa que aproximadamente 53,5 milhões de pessoas estão vivendo com câncer em todo mundo, sendo que 1,6 milhão delas está no Brasil – um número que, conforme as perspectivas da entidade, seguirá crescendo.
As projeções indicam uma tendência de elevação dos índices mundiais de detecção do câncer, chegando ao patamar médio de aumento de 77% em 2050 quando comparado ao cenário registrado em 2022, com 20 milhões de novos casos da doença. Isso significa que nas próximas décadas uma a cada 5 pessoas terá câncer em alguma fase da vida.
Em 2022, 10 tipos de câncer representaram dois terços dos novos casos e dos 9 milhões de óbitos decorrentes da doença. O de pulmão foi o mais comum em todo mundo, com 2,5 milhões de diagnósticos (12,4% do total), seguido do câncer de mama feminino (2,3 milhões, ou 11,6%), colorretal (1,9 milhão, 9,6%), próstata (1,5 milhão, 7,3%) e estômago (970 mil, 4,9%). Globalmente, tumores de pulmão (18,7%), colorretal (9,3%) e fígado (7,8%) foram as principais causas de óbito pela doença.
No Brasil, dos 1.634.441 pacientes oncológicos em 2022 — incluindo os novos casos e aqueles diagnosticados em cinco anos —, 278.835 morreram, principalmente de tumores de pulmão, mama feminino e colorretal. As três maiores incidências foram próstata (102.519), mama feminino (94.728) e colorretal (60.118). O risco de desenvolver qualquer tipo de câncer no país antes dos 75 anos foi de 21,5%, sendo maior (24,3%) entre os homens.
Considerando a previsão de novos casos em 2050, o Brasil deve registrar 1,15 milhão de novos casos, um aumento de 83,5% em comparação a 2022. As mortes por câncer também devem ter um aumento considerável: 554 mil, 98,6% a mais do que o atual volume registrado de óbitos pela doença no país.