O mundo inteiro está sofrendo uma epidemia de diabetes. Atualmente, estima-se que cerca de 387 milhões de pessoas estejam com a doença em todo o mundo. Do mesmo modo, no Brasil, cerca de 8,9% da população está com a condição. O dado impressiona, pois corresponde a mais de 18 milhões de pessoas. Sendo assim, você já pode ter se perguntado qual médico cuida de diabetes? Ou seja, qual especialista procurar em caso para realizar um possível diagnóstico ou tratamento.
Antes de saber qual médico cuida de diabetes vale explicar o que é a condição. O diabetes é uma doença metabólica caracterizada pela diminuição na produção de insulina pelo pâncreas, bem como a diminuição da ação da insulina ou resistência à insulina nas células.
Segundo a Dra. Maria Fernanda Barca, doutora em endocrinologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), o diabetes é dividido, principalmente, em dois tipos. Assim, o tipo 1 é uma doença autoimune, o que significa que o corpo produz anticorpos contra o pâncreas e a insulina produzida pelo paciente. Esse é mais conhecido como o tipo de diabetes que dá os primeiros sinais ainda na infância.
O diabetes tipo 2 é aquele que surge nos adultos. Ou seja, que dá os primeiros sinais mais adiante na vida, e começa com uma dificuldade da insulina produzida pelo organismo agir no corpo e transferir o açúcar ingerido para dentro das células – é uma forma de resistência à insulina que desgasta o pâncreas (onde a insulina é produzida), gerando o quadro de diabetes.
Além disso, existe também mais um tipo de diabetes, o diabetes gestacional, que surge em pacientes grávidas, durante a gestação. Nesse caso, assim como no anterior, a dificuldade é, justamente, a resistência do corpo à ação da insulina, aumentando os níveis de açúcar no sangue.
Existem alguns tipos diferentes de diabetes, sendo as duas formas primárias o tipo 1 e o tipo 2. Diabetes tipo 1 é um distúrbio autoimune no qual o pâncreas não produz insulina suficiente (ou nenhuma). O diabetes tipo 1 é relativamente raro, representando cerca de 5 a 10% de todos os casos de diabetes.
Por outro lado, o diabetes tipo 2 é a forma mais comum, representando 90 a 95% de todos os casos. Assim, a doença se desenvolve lentamente, geralmente ao longo de vários meses ou até anos. O corpo desenvolve uma resistência à insulina e não é capaz de produzir insulina suficiente para superar a resistência. O tipo 2 pode ocorrer em pessoas de todas as idades. Mas, tende a acontecer com mais frequência em indivíduos mais velhos e com excesso de peso.
É importante fazer o teste imediatamente para determinar qual tipo de diabetes você tem. Porque as doenças são diferentes e têm protocolos de tratamento distintos. Mas, com ambas as doenças, iniciar o tratamento precocemente pode reduzir a gravidade da doença e retardar sua progressão.
Atualmente, existem vários medicamentos disponíveis para pacientes com diabetes que podem ajudar a controlar o açúcar no sangue. A metformina é um medicamento oral comum com o qual muitos pacientes com diabetes tipo 2 começam. Pacientes com diabetes tipo 1 geralmente precisam de insulina injetável. Além disso, existem também novas tecnologias, como insulina inalada, dispositivos de monitoramento contínuo de glicose e bombas de insulina, que podem ser oferecidas dependendo do tipo e estágio da doença.
Assim, a maioria das pessoas com diabetes recém-diagnosticados tem muito a aprender rapidamente sobre como gerenciar sua doença. Na consulta, o médico irá configurar um medidor de glicose e você será instruído a verificar seus níveis de açúcar no sangue várias vezes ao dia. Manter o controle dos níveis de açúcar no sangue pode dar muito trabalho. Mas, controlar esses níveis ajudará você a se sentir melhor e pode retardar a progressão da doença.
Alguns medicamentos para diabetes reduzem muito o nível de açúcar no sangue e causam hipoglicemia. Isso pode desencadear:
Assim, a hipoglicemia não resolvida pode levar a complicações graves, como:
O açúcar elevado no sangue é chamado de hiperglicemia. Muitas pessoas não sentem sintomas, especialmente se os níveis estiverem regularmente elevados. Assim, alguns sintomas da hiperglicemia são:
A hiperglicemia a longo prazo pode levar a complicações crônicas ao longo do tempo, como danos nos olhos, nervos, vasos sanguíneos ou nos rins.
Como o diabetes está relacionado à forma como o corpo usa os alimentos que você come, fazer algumas mudanças na dieta e nos exercícios será essencial para o tratamento. A comida se torna uma entidade diferente para pessoas com diabetes. Isso tende a ser mais verdadeiro para pessoas com diabetes tipo 2 do que para pessoas com tipo 1. Mas, pacientes com ambas as doenças precisam estar atentos ao que estão comendo, quando se alimentam e como os alimentos podem mudar o funcionamento dos medicamentos e da insulina.
Assim, o médico deve orientar sobre a dieta e pode recomendar a remoção de carboidratos simples e refinados ou alimentos com alto teor de açúcar, como refrigerante, biscoitos, doces, pão, arroz e batatas.
Além disso, pacientes com diabetes precisam aprender como a atividade física pode ajudá-los a regular o açúcar no sangue. Pois, o exercício melhora a eficiência da insulina e, portanto, age como uma dose de insulina. Apenas caminhar ao redor do quarteirão diminuirá o açúcar no sangue, mesmo que você não tenha tomado nenhum medicamento. Dessa maneira, converse com seu médico sobre quanto exercício você deve fazer diariamente e qual a melhor forma de atividade.
Diabetes progride com o tempo. É uma doença crônica progressiva e que exigirá gerenciamento desde o momento do diagnóstico e pelo resto da vida. Ou seja, não temos como curar o diabetes. Mas, podemos ser capazes de colocá-lo em remissão com alguns cuidados.
Dito isso, o paciente tem muito controle sobre a rapidez com que a doença progride. Assim, quando se é diagnosticado com diabetes tipo 2, é preciso controlar o peso e se manter dentro de um IMC saudável. Mas, a pessoa que não emagrece ou continua engordando, se alimenta com excesso de açúcar, carboidratos refinados e industrializados, e não toma o remédio, os remédios não funcionam com o tempo e, assim, pode ser necessário adicionar insulina ao tratamento.
O resultado final é que a intervenção precoce pode mudar a trajetória da doença. Portanto, é fundamental seguir os conselhos médicos sobre controle de peso e medicamentos desde o início. Resumindo, no momento do diagnóstico, os pacientes têm o poder de determinar como vai progredir, contanto que adotem hábitos saudáveis e sigam o tratamento à risca.
Fonte: Dra. Maria Fernanda Barca, doutora em endocrinologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP)
Links úteis
Clique aqui para baixar o Manual de nutrição da SBD
Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia: SBEM
Biblioteca Nacional em Saúde do Ministério da Saúde