Quais são os riscos dos anabolizantes?
Os esteroides anabolizantes têm sido cada vez mais utilizados por pessoas que buscam ganho de massa muscular ou melhora do desempenho esportivo. No entanto, essas substâncias trazem riscos graves para a saúde, especialmente para o fígado. Recentemente, inclusive, o Conselho Federal de Medicina (CFM) vetou a prescrição para fins estéticos. Mas afinal, quais são os riscos dos anabolizantes?
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Quais são os riscos dos anabolizantes?
De acordo com a Dra. Daphne Morsoletto, médica hepatologista, os esteroides anabolizantes podem levar a esteatose hepática, colestase (dificuldade de drenagem da bile a nível celular), perda de funcionamento do fígado, inflamação e até câncer.
Segundo a Dra., a lesão hepática induzida pelo uso de esteroides anabolizantes, assim como outras doenças do fígado, pode ter uma apresentação silenciosa e traiçoeira. Desse modo, podem surgir sintomas somente em casos graves e irreversíveis. Por exemplo, perda de apetite, icterícia, diminuição de massa muscular, dor abdominal e náuseas.
Além dos riscos hepáticos, o uso de esteroides anabolizantes também pode afetar outras áreas do corpo, como o sistema cardiovascular, endócrino e musculoesquelético.
“O uso prolongado de esteroides anabolizantes pode levar a uma série de efeitos colaterais. Por exemplo, aumento da pressão arterial, do colesterol ruim (LDL) e diminuição do colesterol bom (HDL), aumento do risco de doenças cardíacas, disfunção erétil, diminuição da produção de testosterona pelo organismo, ginecomastia (crescimento das mamas em homens), acne, queda de cabelo, entre outros”, explica a Dra. Daphne.
Quais são os riscos dos anabolizantes em adolescentes?
Em adolescentes pode afetar o desenvolvimento do sistema reprodutivo e causar alterações irreversíveis na estrutura óssea. Em mulheres, o uso das substâncias pode causar masculinização, como aumento de pelos, engrossamento da voz e diminuição do tamanho dos seios. Além disso, o uso de anabolizantes pode levar à dependência, tanto física quanto psicológica.
Como evitar complicações?
A especialista ressalta que a única forma de evitar os riscos de lesões no fígado é não usar esteroides anabolizantes, visto que qualquer dose pode ser tóxica. “Vale ressaltar de forma enfática que não existem medicamentos hepatoprotetores que possuem qualquer evidência científica para reduzir danos hepáticos induzidos por estes produtos”, alerta a especialista.
“A proibição pelo CFM da prescrição de anabolizantes para fins estéticos e de ganho de massa muscular foi um grande avanço no combate à medicina de má qualidade que expõem o indivíduo a riscos desnecessários. Por isso, tal decisão foi comemorada por inúmeras sociedades médicas, incluindo a Associação Paranaense de Hepatologia”, explica a hepatologista do CIGHEP que integra a diretoria da associação, Dra. Cláudia Ivantes.
Detalhes sobre a proibição
A Lei 9.965 de 27/04/2000 já restringia a venda de esteroides e peptídeos anabolizantes, exigindo a prescrição médica. No entanto, nos últimos anos, houve um aumento de prescrições e estímulo ao uso dessas substâncias, especialmente com objetivos estéticos. Como consequência, levou a um descontrole no uso dessas substâncias, minimizando ou ocultando os possíveis riscos.
Diante dos riscos associados ao uso de esteroides anabolizantes, o Conselho Federal de Medicina (CFM) decidiu proibir a prescrição médica de terapias hormonais com esteroides androgênicos e anabolizantes com finalidade estética, para ganho de massa muscular ou melhora do desempenho esportivo. De acordo com a entidade, a decisão foi tomada em razão da inexistência de comprovação científica suficiente que sustente o benefício e a segurança do paciente.
“Essa medida é muito importante para evitar que pessoas sejam expostas a riscos desnecessários. Assim, o uso de esteroides anabolizantes deve ser restrito a casos específicos, como no tratamento de algumas doenças hormonais, e sempre sob orientação médica”, ressalta a Cláudia.
Fonte: Dra. Daphne Morsoletto, médica hepatologista do Centro de Cirurgia, Gastroenterologia e Hepatologia (CIGHEP) do Hospital Nossa Senhora das Graças (HNSG).