Produtos químicos: entenda como eles podem afetar a fertilidade e saiba como evitá-los
A forma como o ambiente causa mudanças no nosso organismo é especialmente curiosa, principalmente quando falamos de fertilidade. Essas transformações ocorrem no nosso organismo e podem ser potencializadas por produtos químicos e assim modificar células, enzimas e genes, o que pode causar distúrbios metabólicos. Da mesma forma, esses produtos têm o poder de acelerar o desaparecimento dos folículos ovarianos, o que pode resultar em redução da fertilidade e gerar menopausa precoce. Continue lendo e entenda!
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Produtos químicos e fertilidade
De acordo com o Dr. Fernando Prado, especialista em Reprodução Humana, na vida moderna, entramos em contato com muitos produtos químicos diferentes através dos produtos que usamos, dos alimentos que comemos e do ar que respiramos. A maioria desses produtos químicos não causa danos nos níveis aos quais estamos normalmente expostos, mas estudos descobriram que um grupo específico de produtos químicos comuns chamados de produtos químicos disruptores endócrinos, conhecidos como EDCs, podem afetar a qualidade do esperma, óvulo e embrião e, portanto, a chance de uma pessoa ter um bebê. Eles também podem afetar o potencial de saúde a longo prazo da criança, explica o médico.
“O excesso de exposição a produtos químicos pode induzir a diversos tipos de danos no DNA, levando então a mutações que inviabilizam o espermatozoide, contribuindo para a infertilidade masculina. E indivíduos que são portadores de alelos que comprometem os mecanismos de defesa, como o sistema antioxidante, são ainda mais suscetíveis a esses danos”, completa.
Frequentemente, os produtos químicos desreguladores endócrinos – EDCs estão no ambiente e nos alimentos que ingerimos. Alguns dos tipos mais comuns de EDCs que você já deve ter ouvido falar são BPA (Bisfenol A), ftalatos e parabenos. Eles estão presentes em potes e garrafas plásticas, recibos de caixa eletrônico e até em cosméticos que você passa gentilmente no rosto – ou nos dentes, no caso dos cremes dentais.
Dicas de como minimizar a exposição à produtos químicos
Reduza produtos químicos na comida
Os EDCs também podem estar presentes no material usado para revestir o interior das latas de alimentos, bem como nas embalagens plásticas de alimentos. Portanto, sempre que possível, evite processados ou pré-embalados. Leia também os rótulos de todos os produtos alimentícios e evite aqueles com certos aditivos, conservantes e agentes antibacterianos, explica o médico.
Peixes oleosos, incluindo salmão, atum, sardinha e carnes gordurosas também podem conter maiores quantidades de EDCs, principalmente na parte gordurosa dos animais, dependendo de onde esses animais foram capturados ou produzidos.
Cuidados ao aquecer a comida
Recipientes de plástico para viagem, filme plástico e papel alumínio também contêm produtos químicos que são absorvidos pelos alimentos quando aquecidos, especialmente se os alimentos forem gordurosos. “É muito importante não aquecer alimentos ou colocar alimentos quentes nesses recipientes de plástico macios, ou cobri-los com filme plástico ou papel alumínio. Em vez disso, aqueça sua comida em porcelana ou vidro – e cubra seus pratos com uma toalha de papel ou prato”, recomenda o médico.
Também é importante ter em mente que os recipientes de plástico que são anunciados como “livres de BPA” podem conter outros EDCs, como o BPS (bisfenol S), que pode ser igualmente prejudicial”, alerta o especialista.
Evite o uso de garrafas plásticas
Plastificantes com EDC são usados na fabricação de garrafas plásticas de água potável e refrigerantes. Então, em vez disso, beba água ou refrigerantes de garrafas de vidro ou plástico duro, em vez de garrafas macias, reduzindo a ingestão desses produtos químicos. “Também é particularmente importante evitar beber de garrafas de água descartáveis que ficaram em um ambiente quente, pois a água terá absorvido níveis significativos de EDCs do plástico”, explica o médico.
Jogue fora recibos de maquininha
A superfície brilhante que cobre muitos recibos de vendas contém BPA, portanto evite manuseá-los (especialmente com os dedos molhados). Jogue fora todas as cópias antigas na carteira ou no fundo da bolsa. “Também é uma recomendação importante preferir receber os comprovantes de pagamentos em cartão por via digital (pelo aplicativo ou por email), evitando a emissão desnecessária de papel e o contato com disruptores endócrinos”, diz o Dr. Fernando Prado.
Mais dicas para evitar impactos à fertilidade
Mantenha o ar fresco em casa
Purificadores de ar, fumaça, produtos químicos fortes, repelentes de insetos, produtos fortemente perfumados, bem como partículas liberadas de móveis domésticos, todos contêm EDCs potencialmente prejudiciais. Resumindo: se você pode cheirar algo, então você está sendo exposto a isso. “A melhor abordagem é arejar sua casa com frequência para reduzir a chance de respirar partículas químicas”, diz o médico.
Escolha opções verdes
Muitos produtos domésticos podem conter EDCs, incluindo detergentes, desinfetantes para as mãos, agentes de limpeza e produtos de limpeza de carpetes. Colas, tintas e vernizes também têm produtos químicos. “Como resultado, considere reduzir sua exposição aos EDCs substituindo produtos de limpeza doméstica fortes por alternativas ‘verdes’ disponíveis. Já existe uma vasta gama de produtos de limpeza ‘verdes’ em muitos supermercados e lojas”, conta o médico.
Itens de cuidado pessoal e cosméticos
Produtos de cuidados pessoais como xampus, condicionadores, tinturas de cabelo, cosméticos e sabonetes líquidos podem conter disruptores endócrinos conhecidos como parabenos. “Escolher produtos sem parabenos pode ajudar a diminuir a ingestão de produtos químicos nocivos. Os produtos de higiene pessoal sem parabenos estão cada vez mais disponíveis nas prateleiras dos supermercados”, segundo o médico.
Por fim, o médico esclarece que mudanças simples, seguindo as dicas apresentadas, podem fazer uma grande diferença para a saúde e diminuir a exposição diária aos EDCs, que prejudicam a fertilidade, mas também podem causar alguns problemas de saúde metabólica, obesidade, câncer de mama, atrofia testicular e tumores nos testículos.
Fonte: Dr. Fernando Prado, médico ginecologista, obstetra e especialista em Reprodução Humana. É diretor clínico da Neo Vita e coordenador médico da Embriológica.