Problemas respiratórios X exercícios físicos: O que você precisa saber
Falta de ar, tosse, chiado no peito e coriza. Esses sintomas afetam milhões de brasileiros. Se você é um deles, saiba que você provavelmente faz parte dos 44% da população que convivem com problemas respiratórios.
E para respirar melhor no dia a dia, a atividade física é uma grande aliada. Por isso, neste sexto episódio da segunda temporada do podcast De bem com você, da Vitat, Cris Dias conversa com o otorrinolaringologista Ricardo Guimarães e com o atleta Diego Hypólito para entender o que ocasiona as condições e como é possível praticar exercícios para ter uma vida mais saudável. Confira:
Conheça os convidados
Ricardo Guimarães (CRM SP-115400) é médico otorrinolaringologista com especialização em Cirurgia Endoscópica Endonasal e MBA Executivo em Saúde pela Fundação Getúlio Vargas (2016). Atualmente é coordenador da equipe de Otorrinolaringologia do Hospital São Camilo.
Diego Hypólito é atleta aposentado de ginástica artística e o único brasileiro a conquistar duas medalhas de ouro no Campeonato Mundial da modalidade, sendo bicampeão mundial do solo e membro da seleção brasileira. Ele convive com a bronquite asmática desde pequeno.
Quais são os problemas respiratórios?
O médico afirma que as diferentes doenças respiratórias muitas vezes são confundidas entre si porque causam sintomas muito parecidos (quando não idênticos). Para explicar melhor, ele compara o nosso pulmão a uma árvore: o tronco e os galhos mais grossos são os brônquios, que se ramificam até gerarem as folhas (nesse caso, os bronquíolos).
“Enquanto a asma está mais relacionada aos bronquíolos (estruturas menores), a bronquite atinge as estruturas maiores (os galhos, por exemplo). Essa diferenciação é importante, pois os tratamentos são diferentes, mesmo que os sinais sejam iguais”, diz o especialista. Mas, infelizmente, as condições são características do corpo humano, e levadas para o resto da vida.
Tanto a asma quanto a bronquite podem provocar:
- Aperto no peito;
- Falta de ar;
- Chiado no peito.
Se as condições não forem tratadas, elas podem evoluir para processos crônicos (a chamada doença pulmonar obstrutiva crônica), que geram dedos arroxeados e crises mais graves. “Mas esses são casos bem avançados”. Por isso, o diagnóstico precoce é essencial.
Além do tratamento medicamentoso (indicado por um especialista), o próprio exercício físico é um grande aliado de quem convive com problemas respiratórios. “Não vale, contudo, sair hoje na rua e correr muitos quilômetros sem preparo. Isso porque o ideal é começar devagar”, alerta Ricardo Guimarães. Uma ótima alternativa é a natação, modalidade praticada em um ambiente mais aquecido e úmido, o que favorece o desenvolvimento da capacidade pulmonar. Depois de adquiri-la, a prática de outros esportes (com supervisão) é liberada.
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Quais fatores externos contribuem para o agravamento dos problemas respiratórios?
A prevalência da doença aumentou muito no mundo a partir da Segunda Revolução Industrial (isto é, o avanço das fábricas), o que mostra como a poluição pode influenciar a questão. “Quanto mais poluído um ambiente, maiores são as chances de crianças que vivem nele desenvolverem alguma característica. Sem contar que climas extremos (frio e seco) são prejudiciais ao pulmão”, complementa o otorrino.
Sinusites e rinites também são capazes de gerar as doenças respiratórias — da mesma forma, o contrário também é válido. “Melhorando uma rinite, por exemplo, a gente pode melhorar o pulmão”, explica o otorrino.
Por fim, nossa saúde mental também pode potencializar as crises, sabia? “Quando a pessoa fica estressada ou ansiosa, ela geralmente adquire uma respiração mais rápida e superficial, o que só piora o quadro.”
Convivendo com problemas respiratórios
Diego Hypólito conta que foi diagnosticado com bronquite asmática ainda quando criança. “Eu parava diversas vezes na emergência do hospital com falta de ar. Mas demorei muito tempo para descobrir o que eu tinha. A condição já me tirou de competições (até da Copa do Mundo) e de inúmeras situações porque eu não fazia o tratamento adequado. Então, tem que entender e lidar com a doença, mas saber que ela não pode te limitar”, ele afirma.
Por influência da irmã (Daniele Hypólito), ele logo se interessou pela ginástica artística, que ainda era pouco conhecida entre os homens — mas depois de dois anos, também precisou entrar na natação. “Antes de adotar os cuidados, a condição me privava de muita coisa (passava mal demais nos treinamentos).”
De acordo com Diego, no começo, ele adotava uma postura mais paliativa: esperava ter as crises para fazer alguma coisa a respeito. A típica bombinha, por exemplo, era proibida no esporte profissional. “Eu precisava de uma autorização internacional para usá-la”. O ambiente dos treinos, cheio de carpetes e pó de magnésio, ainda não ajudava em nada.
“Ficar fora da Copa do Mundo por conta de uma crise foi o momento decisivo para eu procurar o tratamento adequado. Aí, entendi que a minha doença estava em um nível elevado. Tive que pedir uma autorização ao COI (Comitê Olímpico Internacional), que me deu permissão de cinco anos [para usar a bombinha]”. A partir de então, Diego sentiu uma melhora muito significativa na sua qualidade de vida.
Sobre o De Bem Com Você
No podcast da Vitat, Cris Dias conduz conversas descomplicadas com especialistas e convidados para você descobrir como ficar de bem com você. A cada semana, um episódio novo será lançado. Confira os outros temas aqui!
E tem para todos os gostos: os bate-papos também ficarão disponíveis nas plataformas de áudio Spotify, Deezer, Google e Apple.