Probióticos podem evitar a candidíase?
Utilizados para melhorar a saúde do intestino e do corpo como um todo, os probióticos são microrganismos vivos que ajudam a regular o trânsito intestinal, melhoram a absorção de nutrientes e a digestão. Mas será que os probióticos podem evitar a candidíase ou ajudar na saúde vaginal?
A resposta é sim e, ao mesmo tempo, depende. Para entender melhor o uso de probióticos na saúde vaginal conversamos com a ginecologista e obstetra, Mariana Rosario. Confira!
Mito ou verdade: probióticos podem evitar a candidíase?
De acordo com Mariana, os probióticos ajudam sim, na saúde vaginal. “A gente já sabe, através de estudos, que a flora intestinal reflete na flora vaginal, do útero, do endométrio e até da boca e esôfago”, conta. “Então, se o intestino estiver em ordem, a flora vaginal também vai estar.”
Em relação as vaginoses, os corrimentos vaginais, a médica conta que os probióticos são capazes de proteger contra a candidíase, porque ajudam a equilibrar a flora. A cândida e a gardnerella, as principais causas de corrimento, são microrganismos que habitam a flora vaginal vivendo em simbiose, ou seja, em harmonia. Contudo, quando há uma alteração, uma disbiose, pode haver o crescimento exagerado desses fungos ou bactérias. “O desnível das bactérias do intestino vai refletir na flora vaginal e permitir que esses microrganismos, que estavam quietinhos, se proliferem causando uma infecção”, explica a ginecologista.
Além disso, o nutrólogo Fernando Cerqueira explica que o uso dos probióticos ajuda a equilibrar o PH vaginal. “O probiótico faz com que o PH da vagina que é acido seja mantido, com isso ajuda a inibir infecções.”
Leia mais: Afinal, o que são probióticos?
O que dizem os estudos
O assunto vem atraindo destaque nos últimos anos e alguns estudos já foram feitos para avaliar a ação dos probióticos na saúde vaginal. Um estudo realizado por pesquisadores da China e dos Estados Unidos mostrou a eficácia das cápsulas probióticas vaginais para prevenção da vaginose bacterial recorrente. Já outra pesquisa avaliou mais de 1300 pacientes de 12 estudos clínicos, que mostraram que o uso é seguro dos probióticos para tratamento da vaginose. Por outro lado, outros dois estudos apontam que novas pesquisas precisam ser realizadas para entender a eficácia dos probióticos na saúde vaginal.
“Deve-se levar em conta, que o probiótico, sozinho, não é capaz de curar doenças como candidíase, vaginoses e infecções importantes. Ele atua mais na prevenção”, destaca o nutrólogo.
Como usar os probióticos
Apesar de os probióticos serem vendidos livremente nas farmácias, existem diversos tipos de microrganismos e somente o médico saberá orientar qual é o melhor para o seu caso. “A gente tem diversas cepas de probióticos, então avaliamos o que cada paciente precisa para, então desenhar o tipo de probiótico que é mais favorável para determinada infecção e sintomas”, conta a especialista. Em geral, o mais utilizado para a saúde vaginal é o crispatus lactobacillus.
Para ajudar nessa tarefa, existe até exame genético que ajuda a mapear a flora intestinal, mas também identificar qual tipo de probiótico o paciente presa. Além disso, existem diferentes tipos: prebiótico ou probiótico via oral ou vaginal. Outros cuidados também são necessários. “Cada um age de uma forma e tem uma administração diferente. Alguns, não podem ser usado com estômago vazio e nem com as refeições.” Na dúvida, o melhor caminho é buscar orientação médica.
Leia mais: Probióticos e prebióticos: Qual a diferença?
Fonte: Mariana Rosario, ginecologista, obstetra e mastologista, membro do corpo clínico do hospital Albert Einstein e Fernando Cerqueira, nutrólogo e membro da Sociedade Brasileira para Estudos da Fisiologia.