Primeiro exame de sangue que pode avaliar risco de Alzheimer chega ao Brasil
O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa que causa deterioração das funções cerebrais, como perda de memória e da linguagem. A idade é um grande fator de risco para desenvolver a doença. A novidade é que chegou ao Brasil o primeiro exame de sangue para detectar o risco de Alzheimer. Ele busca traços da proteína beta-amiloide, que se acumula no cérebro de quem tem a doença. A proteína é o principal biomarcador da doença de Alzheimer. Entenda melhor como funciona.
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Primeiro exame de sangue para Alzheimer
Aprovado nos Estados Unidos há cerca de um mês, o primeiro exame de sangue que avalia o risco de Alzheimer foi trazido ao Brasil pela Dasa. Por enquanto, pessoas com comprometimento cognitivo leve, com suspeita de demência têm indicação para realizá-lo.
Cerca de um terço dos indivíduos nessa situação – em geral idosos que apresentam pequenos esquecimentos, dificuldade de concentração e outros lapsos – progridem para o Alzheimer.
Apesar do exame não ser responsável pelo diagnóstico final, ele pode colaborar na conduta médica de casos duvidosos e evitar a realização da punção lombar para coleta do líquor, um exame invasivo usado para estimar os níveis das placas amiloides. O teste necessita prescrição médica e custa cerca de R$1,5 mil. Por enquanto, os convênios ainda não cobrem o procedimento.
Como é feito (e para que serve) o exame
O primeiro exame de sangue que chegou ao Brasil segue um raciocínio que tem norteado as pesquisas em análises clínicas: substituir procedimentos mais complexos por métodos menos invasivos. É o caso, por exemplo, da biópsia líquida, que pode ajudar a flagrar recidivas de câncer ao rastrear fragmentos de DNA tumoral.
A tecnologia do exame que chega agora é a espectrometria de massas, uma evolução tecnológica disponível há alguns anos que permite enxergar moléculas em pequena concentração no sangue ou em outras amostras biológicas.
No caso do Alzheimer, a máquina detecta duas frações da proteína beta-amiloide e, em seguida, calcula a razão entre elas. Outras moléculas, como a proteína TAU, também estão envolvidas na progressão da doença.
Mas vale reforçar que o exame não confirma o diagnóstico. Além disso, saber da presença dessas proteínas, apesar de ser um forte indicativo da doença, não responde todas as dúvidas sobre a doença.
Afinal, o primeiro exame de sangue realmente funciona?
Em uma das pesquisas conduzidas com a nova metodologia, uma série comparativa com dados de mais de 200 pacientes demonstrou uma sensibilidade de 71% em flagrar indivíduos com alterações no PET-Scan, um tipo de tomografia usado para confirmar o diagnóstico de Alzheimer. Isso significa que, a cada 100 indivíduos com o cérebro comprometido pela doença, 71 seriam encontrados pelo exame.
Os resultados detalhados do estudo serão apresentados em julho, no congresso internacional da Alzheimer’s Association (AAIC), que ocorre na Califórnia.
Como é feito o diagnóstico do Alzheimer hoje
Em geral, quando o médico vai diagnosticar grande parte dos casos de Alzheimer, avalia os sintomas, como declínio da memória recente ou outros problemas cognitivos.
A partir das queixas, o médico especialista (neurologista, psiquiatra ou geriatra) realiza testes cognitivos para averiguar o grau de comprometimento, além de outros, como a ressonância magnética ou tomografia, bem como exames de sangue que vão descartar outras alterações não-neurológicas relacionadas à memória.
Em alguns casos, quando ainda restam dúvidas, o profissional pode pedir exames mais complexos, como a análise do líquor ou a tomografia PET-CT, que avalia o metabolismo do cérebro. Existe um tipo de tomo ainda que marca as proteínas beta-amiloide, mas só duas máquinas no país realizam o procedimento.
Fonte: Revista Veja Saúde e Alzheimer’s Disease International.