Pressão alta: como saber se tenho e o que fazer?
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A hipertensão arterial, ou pressão alta, é uma doença crônica caracterizada pela elevação persistente da força que o sangue exerce nas paredes das artérias.
Essa condição é considerada um importante fator de risco para doenças cardiovasculares, como infarto e derrame cerebral, sendo uma das principais causas de morte no Brasil e no mundo.
Além dos impactos à saúde, a hipertensão geralmente se desenvolve a partir da combinação de fatores genéticos, comportamentais e ambientais, como sedentarismo, alimentação rica em sal, estresse e envelhecimento.
De acordo com a Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial (2025), cerca de um terço da população adulta brasileira convive com a doença – e a prevalência aumenta com a idade.
Como classificar a pressão arterial
Profissionais de saúde utilizam dois valores para fazer a classificação:
- Pressão Arterial Sistólica (PAS), que é o número maior (medida quando o coração se contrai).
- Pressão Arterial Diastólica (PAD), que é o número menor (medida quando o coração está relaxado).
Ou seja, no valor da pressão arterial 14/9, 14 representa a Pressão Arterial Sistólica (PAS) e 9 representa a Pressão Arterial Diastólica (PAD).
Esse resultado já é considerado o mínimo para identificar uma pessoa com hipertensão – a partir de medidas com técnica adequada em duas ou mais ocasiões diferentes sem que esteja tomando medicações para a pressão.
Entendendo mais sobre pré-hipertensão
A pré-hipertensão não é uma doença em si, mas sim uma faixa de alerta.
Esta categoria é usada para identificar precocemente indivíduos em risco de desenvolver hipertensão, incentivando intervenções mais proativas, principalmente mudanças no estilo de vida, para prevenir a progressão do quadro.
Os valores considerados para pré-hipertensão no consultório são medidas com resultados entre 12/8 e 13/9 mmHg.
Uma pressão arterial normal é definida por valores abaixo de 12/8 (120 mmHg e 80 mmHg).
Fatores de risco para pressão alta
Para entender a hipertensão arterial em adultos é importante conhecer os motivos que aumentam o risco de desenvolvê-la, já que a condição é acompanhada de questões que contribuem para o seu surgimento.
1. Fatores biológicos e genéticos
Idade e sexo
A prevalência de pressão alta aumenta com o avanço da idade. Em geral, homens apresentam uma prevalência significativamente maior a partir do final da adolescência.
Contudo, as mulheres tendem a ter um aumento mais acentuado da pressão arterial com a idade, tornando a predominância similar ou até superior à dos homens após os 60 anos.
A menopausa marca o momento em que a produção de hormônios femininos, principalmente o estradiol (um tipo de estrogênio), cai drasticamente. Esse hormônio tem um papel protetor importante na saúde cardiovascular da mulher. A perda dele ocasiona diversas mudanças no corpo, como aumento do peso e desregulação interna, que favorecem o desenvolvimento da pressão alta.
A menopausa – especialmente a menopausa precoce, que acontece antes dos 40 anos – é considerada um fator agravante de risco cardiovascular, que deve ser sempre considerado ao avaliar a saúde do coração de uma mulher.
Genética
Embora a hipertensão arterial primária não seja causada por um único gene, a herança genética é poligênica (envolve muitas variantes genéticas) e modulada por fatores ambientais.
2. Estilo de vida
Esses são os fatores mais importantes, pois podem ser alterados por meio de intervenções e medidas não medicamentosas.
Sobrepeso e idade
Existe uma relação entre o Índice de Massa Corporal (IMC) e a pressão arterial. O sobrepeso e a obesidade, especialmente a obesidade visceral (quando há excesso de gordura abdominal), levam a distúrbios metabólicos que aumentam a prevalência da hipertensão.
Sedentarismo
A falta de atividade física não apenas é um fator de risco para a hipertensão arterial, mas também está associada a diversas outras doenças crônicas (como a obesidade e o diabetes).
Alta ingestão de sal
O consumo elevado de sal na comida é um fator de risco bem estabelecido e pode ser responsável por cerca de 30% dos casos de pressão alta. A ingestão habitual de sódio no Brasil e no mundo é, em média, o dobro do recomendado. A porção diária recomendada de sódio é de até 2 gramas, ou seja, 5 gramas de sal de cozinha por dia ou 1 colher de chá por dia.
Consumo de álcool
Quanto maior o consumo de álcool, maior a chance de ter pressão alta.
Para mulheres, ingerir mais do que 15g de álcool por dia – o equivalente a uma lata de cerveja (350 ml), uma taça de vinho (150 ml) ou 1 dose de destilado (45 ml) – representa um risco para o desenvolvimento da hipertensão.
Já para os homens, esse valor é de 30g álcool por dia – ou seja, duas latas de cerveja (700 ml), duas taças de vinho (300 ml) ou duas doses de destilado (90 ml).
O maior risco está associado ao consumo elevado, seja ele contínuo ou episódico (beber em excesso de uma só vez).
Tabagismo
O consumo de cigarro é um dos fatores de risco cardiovasculares mais relevantes.
Por isso, retirar o tabagismo da rotina deve ser sempre uma mudança recomendada para a redução de eventos cardiovasculares, como infarto, derrame cerebral e até mesmo a morte.
3. Fatores ambientais e psicossociais
Estresse e fatores psicossociais
Estresse no trabalho, isolamento social, depressão e ansiedade podem potencializar o desenvolvimento da hipertensão arterial e complicações. O estresse psicossocial foi associado a um risco 2,4 vezes maior de hipertensão arterial.
Distúrbios do sono
Dormir pouco ou qualidade ruim de sono estão relacionados ao aumento do risco de hipertensão arterial, especialmente a Apneia Obstrutiva do Sono (AOS), condição causada pelo fechamento repetido da garganta ou das vias aéreas superiores (passagem da boca e narinas até a garganta) durante o sono.
Fatores ambientais (poluição/clima)
A poluição sonora e a poluição do ar também possuem relação com o aumento da pressão. Além disso, a ausência de áreas verdes nas cidades está relacionada à inatividade física e à redução da interação social, que são determinantes da hipertensão arterial.
Medicamentos e drogas
Certas medicações podem elevar a pressão arterial ou dificultar a diminuição dela, incluindo anti-inflamatórios não esteroidais, hormônios tireoidianos e anticoncepcionais orais. Drogas ilícitas, como cocaína e anfetamina, também elevam a pressão arterial.
Como saber se tenho pressão alta
A pressão alta geralmente não apresenta sintomas, o que a torna uma condição silenciosa. Mesmo assim, algumas pessoas podem sentir:
- dores de cabeça frequentes
- tontura ou visão turva
- cansaço excessivo
- falta de ar
- palpitações
Por isso, o diagnóstico depende da aferição apropriada da pressão arterial. O exame deve ser feito por profissionais de saúde com equipamento validado, em ambiente tranquilo, após alguns minutos de repouso.
Além da medição no consultório, o profissional pode solicitar:
- MAPA (Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial): aparelho que mede a pressão por 24 horas, incluindo durante o sono e atividades diárias.
- MRPA (Monitorização Residencial da Pressão Arterial): medição realizada em casa, com orientação profissional.
Esses exames ajudam a confirmar o diagnóstico e detectar casos de hipertensão mascarada (pressão normal no consultório, mas alta em casa) ou o efeito do avental branco (pressão alta apenas durante a consulta).
O que fazer se a pressão estiver alterada
Uma única medida alta não é suficiente para o diagnóstico. É importante repetir a aferição em diferentes dias e horários.
Caso as medições continuem elevadas, o ideal é procurar orientação médica para avaliação completa.
Com o diagnóstico confirmado, o tratamento pode envolver:
- mudanças de estilo de vida, como alimentação equilibrada, sono adequado e prática de atividade física regular
- redução do consumo de sal, álcool e ultraprocessados
- abandono do tabagismo
- uso de medicamentos anti-hipertensivos, quando indicados por especialistas em saúde
Além disso, medir a pressão com frequência e manter consultas regulares são medidas essenciais para o controle da condição e para a prevenção de complicações cardiovasculares.
Em resumo
A hipertensão é uma condição comum, silenciosa e controlável. Saber medir a pressão, manter hábitos saudáveis e buscar acompanhamento profissional são passos fundamentais para cuidar da saúde do coração e do corpo como um todo.
E o apoio profissional é indispensável para identificar questões específicas e orientar cada pessoa de forma individualizada. Em caso de dúvidas, procure por especialistas para uma avaliação completa.
Referências bibliográficas
Brandão AA, Rodrigues CIS, Bortolotto LA, Armstrong AC, Mulinari RA, Feitosa ADM, Mota-Gomes MA, et al. Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial – 2025. Arq. Bras. Cardiol. 2025;122(9):e20250624.
Disponível em: https://abccardiol.org/article/diretriz-brasileira-de-hipertensao-arterial-2025/
OMS – Hypertension Fact Sheet (2025)

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