Pré-eclâmpsia acelera velhice entre as mulheres, diz estudo
A pré-eclâmpsia, que consiste no aumento repentino da pressão arterial durante a gravidez, é um risco para a vida da gestante e do bebê. O problema ainda é um mistério para a medicina. No entanto, a condição mata mais de 70 mil mulheres ao redor do mundo. Por esse motivo, não há meios específicos para tratar o quadro. Depois do parto, a pressão arterial costuma normalizar, mas nem sempre isso acontece. “Mesmo após o parto, as mulheres podem ter pressão arterial perigosamente elevada por vários dias ou semanas”, explica Vesna D. Garovic, PH.D, nefrologista na Mayo Clinic.
De acordo com a especialista, que dedicou sua carreira aos estudos sobre a pré-eclâmpsia, a condição pode ser um risco para doenças cardiovasculares e renais depois de décadas.
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Pré-eclâmpsia acelera velhice em até 2,4 anos
Dentre os achados sobre a pré-eclâmpsia, Garovic descobriu que as mulheres que tiveram o problema na gestação enfrentam uma aceleração do envelhecimento. Eis o motivo para o risco maior das doenças citadas acima — especialmente ataque cardíaco, AVC e insuficiência renal.
A conclusão veio de uma combinação de experimentos laboratoriais e estudos epidemiológicos. A pesquisa da médica está desvendando um mecanismo potencial por trás da pré-eclâmpsia. Isso pode resultar na primeira terapêutica para tratar a causa subjacente da condição. O trabalho ainda destaca a importância da triagem e do tratamento para as mulheres com histórico de pré-eclâmpsia.
O desafio de identificar as causas da hipertensão na gravidez
A maioria das pesquisas sobre pré-eclâmpsia se baseia na premissa de que a doença começa dentro da placenta. Os pesquisadores creem que a placenta secreta moléculas no sistema circulatória da mãe. Tais moléculas causam inflamação e interferem na formação de novos vasos sanguíneos. Essa é a possível hipótese para o desenvolvimento da doença sistêmica na mulher.
Atualmente, o objetivo tem sido o de identificar a molécula ou as moléculas responsáveis, explica Garovic. Por décadas, os pesquisadores notaram que as placentas de gestações pré-eclâmpticas muitas vezes davam sinais de que estavam envelhecendo mais rápido do que as placentas de gestações normais.
“Entretanto, era contraintuitivo dizer que a pré-eclâmpsia era uma doença de envelhecimento se observássemos o caso de alguém com 25 anos de idade”, comenta a especialista.
Na verdade, muitas das moléculas altas em gestações com pré-eclâmpsia eram marcadores conhecidos de senescência (envelhecimento). Garovic teorizou que a senescência pode o motivo de algumas mulheres terem pré-eclâmpsia.
As células senescentes param de se dividir, mas não morrem e nem sempre são eliminadas do corpo. Em vez disso, às vezes elas se acumulam nos tecidos e secretam moléculas nocivas.
Usando amostras e dados do Projeto Epidemiológico de Rochester, Garovic acompanhou vários sinais de envelhecimento e senescência em mulheres com e sem gestações pré-eclâmpticas. Junto com outras experts da Mayo Clinic, ela descobriu que as mulheres que tiveram pré-eclâmpsia têm um número maior de condições crônicas. Além disso, desenvolvem essas doenças em uma idade muito mais jovem do que aquelas sem histórico de pré-eclâmpsia.
O que fazer diante do diagnóstico?
Muitas futuras mães se preocupam com o diagnóstico da pré-eclâmpsia e como isso pode prejudicar o andamento da gravidez. De forma geral, o controle do quadro deve ser prioridade na rotina da gestante, com mudanças na dieta. Por exemplo, restringir o consumo de sal e de produtos industrializados, uso de medicamentos e, em alguns caso, o repouso total ou internação até o momento do parto.
Por isso, é fundamental realizar todas as etapas do pré-natal e seguir todas as recomendações médicas para assegurar a saúde da mãe e do bebê.