PMMA: especialista explica porque a substância é tão perigosa
O Brasil registrou mais um caso de uso inadequado do PMMA realizado em clínica de estética que terminou em morte. Desta vez, a vítima foi a modelo e influencer Aline Ferreira, de 33 anos. Ela se submeteu a um procedimento para aumentar os glúteos no dia 23 de junho e já no dia seguinte começou a ter febre, foi piorando, até que no dia 27 procurou um hospital, mas acabou falecendo em 2 de julho. Entenda os riscos.
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Mas o que é o PMMA?
O PMMA – ou polimetilmetacrilato – é um material sintético. De acordo com a Dra. Patrícia Marques, cirurgiã plástica e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, a recomendação do produto é para casos específicos e em pequenas quantidades. No Brasil, o PMMA para preenchimento subcutâneo precisa ter o registro da Anvisa, pois é um produto de uso em saúde da classe IV (máximo risco). Mesmo assim, a substância atrai cada vez mais mulheres pela proposta de resultados instantâneos.
A composição de PMMA é de microesferas de um material similar ao plástico acrílico. Após a aplicação, o material se espalha pelo tecido da região. “O PMMA é bastante procurado por não ser absorvido pelo corpo. No entanto, pode causar reações imprevisíveis a longo prazo. Isso porque ele ‘endurece’ o local e pode causar complicações com sequelas irreversíveis, como infecções crônicas e deformidades”, alerta a cirurgiã.
Além disso, a especialista explica que uma vez injetado, o PMMA se espalha pelo tecido, o que dificulta a remoção. É diferente, por exemplo, de uma prótese de silicone ou do ácido hialurônico, que também é um tipo de preenchimento. Em ambos os casos, a remoção pode ocorrer a qualquer momento e com muito mais segurança.
Alternativas ao uso do PMMA
Ainda de acordo com a Dra. Patrícia, a bioplastia, também conhecida como plástica sem bisturi, é um procedimento não cirúrgico que utiliza substâncias de preenchimento, como o PMMA, para remodelar áreas da face e do corpo. No entanto, essa não é a técnica mais segura para dar volume em qualquer parte do corpo.
A recomendação, neste caso, é utilizar as próteses de silicone ou a lipoenxertia, isto é, a transferência da gordura para a região onde se deseja mais volume. O PMMA nunca pode ser utilizado como um substituto do silicone, principalmente em pacientes que buscam a técnica para aplicação nos glúteos, como foi o caso de Aline. Isso porque a dose utilizada nessa região precisa ser grande, bem maior que a de um simples preenchimento.
A importância do profissional habilitado
A Anvisa orienta que apenas profissionais treinados administrem o produto. Para cada paciente, o médico deve determinar as doses e o número de injeções necessárias, dependendo das características de cada paciente, das áreas e do tipo de indicação.
A Anvisa também esclarece que o produto não é contraindicado para aplicação nos glúteos para fins corretivos, porém, não há indicação para aumento de volume, seja corporal ou facial.
“Cabe sempre consultar um profissional médico credenciado e responsável para avaliar a aplicação de acordo com a correção a ser realizada e as orientações técnicas de uso do produto”, finaliza Patrícia.
Fonte: Dra. Patrícia Marques, cirurgiã plástica e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. CRM-SP 146410.