Parto domiciliar: tudo o que você precisa saber sobre a alternativa

Gravidez e maternidade
22 de Novembro, 2022
Parto domiciliar: tudo o que você precisa saber sobre a alternativa

De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 3 milhões de nascimentos acontecem no Brasil, a cada ano, sendo 98% deles em ambientes hospitalares, sejam públicos ou privados. Apesar de não haver uma estatística oficial, a estimativa do parto domiciliar é de 40 mil por ano no país.

“O parto domiciliar tem como objetivo principal promover um nascimento mais natural e humano, em ambiente familiar, evitando intervenções que muitos julgam desnecessárias”, destaca o ginecologista e obstetra Carlos Moraes.

No entanto, o especialista lembra que há cuidados importantes antes de se optar pelo parto em casa.

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Critérios para aderir ao parto domiciliar

Antes de mais nada, o parto deve ser realizado por uma equipe com enfermeiros especialistas em saúde materna e obstétrica e/ou médico obstetra. Todos devem ter conhecimento de ações de emergência, caso seja necessário. O ideal é que haja, no mínimo, três profissionais de saúde: um para cuidar da gestante, outro para cuidar do bebê, enquanto o terceiro oferece assistência aos dois.

Indicações e contraindicações

O parto domiciliar é indicado somente em gestações de baixo risco. Ou seja, quando não há patologias maternas ou fetais. Portanto, ele não é recomendado se houver:

  • Gravidez de gêmeos e quadro de diabetes gestacional.
  • Doenças cardíacas e renais.
  • Hipertensão, pré-eclâmpsia e pneumopatias.
  • Malformação ou doença congênita do bebê.
  • Por fim, alterações anatômicas na bacia, como estreitamento.

Como preparar o ambiente e os cuidados para o parto domiciliar

É fundamental o monitoramento constante de temperatura, pulso, pressão sanguínea e batimentos cardíacos do feto. Além disso, deve haver fios de sutura, anestésico local, fórceps ou material de reanimação para o bebê, caso seja necessário. O material deve ser descartável, incluindo os lençóis. Por sua vez, o ambiente precisa ser limpo e com temperatura ambiente para receber o bebê.

Todavia, as gestantes que optam por parto domiciliar precisam saber os seus riscos e benefícios.

Benefícios

Atualmente, muitas futuras mamães buscam uma experiência de parto mais segura e inesquecível. Ambos os requisitos são possíveis no parto domiciliar. Outras vantagens:

  • Autonomia e protagonismo da mulher com respeito às suas escolhas e decisões.
  • Ausência de intervenções farmacológicas (por exemplo, analgesia e indução medicamentosa) ou instrumentais, como cesariana, já que são procedimentos exclusivamente hospitalares.
  • Poder decidir quem irá assistir ao parto — afinal, somente um acompanhante pode ver o nascimento no hospital.
  • O bebê irá nascer no ambiente em que viverá depois. Como resultado, ficará exposto a todas as bactérias com as quais terá contato na vida, algo importante para reforçar o sistema imunológico.
  • No pós-parto, a mulher pode tomar banho no seu chuveiro, deitar-se na própria cama, comer a comida de casa, receber as visitas e no momento que quiser.

Existem riscos?

Quando o parto ocorre bem, o bebê pode até nascer sozinho, sem ajuda. “Em contrapartida, nunca sabemos como irá se desenrolar um trabalho de parto. Então, mesmo em uma gestação de baixo risco, há situações imprevisíveis durante o parto que podem ser fatais”, alerta Carlos Moraes. Os riscos são:

  • Dificuldades na contração e na dilatação uterina (o ideal é, em média, um centímetro de dilatação por hora ou a cada duas horas). Do contrário, pode ocorrer alguma dificuldade que exija uma cesárea.
  • Nó verdadeiro no cordão umbilical, quando o cordão enrola em si mesmo e impede que o bebê receba oxigenação e nutrientes para sobreviver até o parto. Contudo, a situação só é descoberta no momento do parto.
  • Sinais anormais da vitalidade. Por exemplo, variações do batimento cardíaco ou quando o bebê libera conteúdo intestinal durante o parto.
  • Hemorragia uterina pós-parto, uma das condições mais graves. Dessa forma, é preciso estar no hospital dentro de 15 minutos, no máximo.
  • Diminuição da oxigenação do bebê na fase final do nascimento, precisando de uma reanimação neonatal logo após o parto. Outra grave complicação é a hipóxia intrauterina, em que o bebê perde oxigenação ainda dentro do útero.

Como escolher o melhor tipo de parto para o nascimento do meu bebê?

O Ministério da Saúde publicou uma Nota Técnica nº 2/2021 que traz recomendações para a escolha consciente do local adequado para o parto. A Pasta defende o ambiente hospitalar como o mais seguro para o nascimento. Sobretudo pela disponibilidade de equipe completa, equipamentos para assistência emergencial, assim como outros insumos tecnológicos.

O Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) também defendem o parto em ambiente hospitalar pelos mesmos motivos.

Afinal, o parto domiciliar traz risco duas a três vezes maior de morte neonatal em comparação com o parto hospitalar planejado. “Há uma ampla discussão sobre esse assunto, visando estabelecer um consenso que garanta o respeito às escolhas da mulher (em acordo com as recomendações médicas). De qualquer forma, vale lembrar que a prioridade sempre deve ser a segurança e a saúde da mãe e do bebê”, finaliza.

Fonte: Carlos Moraes, ginecologista e obstetra pela Santa Casa/SP, Membro da FEBRASGO e Especialista em Perinatologia pelo Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Albert Einstein, e em Infertilidade e Ultrassom em Ginecologia e Obstetrícia pela FEBRASGO, e médico nos hospitais Albert Einstein, São Luiz e Pro Matre.

 

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