Obesidade aumentou entre jovens em 90% em apenas um ano
A obesidade é uma das doenças crônicas não transmissíveis que mais cresce no Brasil e no mundo. Contudo, a velocidade do avanço é um sinal de alerta para a saúde pública, sobretudo entre os jovens. O relatório Covitel (Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas não Transmissíveis em Tempos de Pandemia) mostrou que a obesidade aumentou entre pessoas de 18 a 24 anos em apenas um ano.
Além disso, os jovens estão mais ansiosos, depressivos, estão consumindo cada vez menos frutas, verduras e legumes e passando mais tempo no celular. Todos estes fatores não colaboram apenas com a obesidade, mas com o desenvolvimento de outras doenças igualmente graves. Por exemplo hipertensão, diabetes tipo 2 e enfermidades cardiovasculares.
A seguir, confira os dados do relatório, que entrevistou por telefone 9 mil brasileiros a partir de 18 anos, entre janeiro e abril de 2023.
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Obesidade aumentou junto com o consumo de refrigerantes e álcool
Em 2022, a estimativa era de 9% de jovens com obesidade. Contudo, no período de um ano o índice subiu para 17,1% de pessoas com IMC igual ou maior que 30. Ou seja, 90% dessa faixa etária está no grupo de risco para as doenças citadas no início deste artigo.
De acordo com o relatório, o crescimento do excesso de peso pode ter forte relação com o período da pandemia. Ansiedade, insegurança e depressão devido ao isolamento favoreceram os maus hábitos, que permaneceram na rotina desses indivíduos.
Dentre os hábitos pouco saudáveis, 32,6% dos respondentes da pesquisa afirmaram que consomem álcool com frequência (três ou mais vezes por semana).
A alimentação rica em legumes e verduras caiu de 45,1% para 39,5% de forma geral. Já o consumo de frutas passou de 43% para 38,4%. Em média, somente 32,5% dos jovens entre 18 e 24 anos seguem uma dieta contendo estes alimentos com regularidade.
Outro indicador que chamou a atenção foi a preferências por refrigerantes e bebidas com açúcar dessa faixa etária. 24,6% dos participantes alegaram que essas bebidas fazem parte do dia a dia, até cinco vezes na semana.
Sedentarismo, fator de risco para a obesidade, também aumentou
A prática de exercícios físicos é essencial para controlar o peso e manter a saúde física e cardiovascular. No entanto, a população jovem tem dificuldades para aderir ao hábito. A pesquisa informa que 36,9% se movimenta 150 minutos por semana, número recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Essa resistência ao exercício pode ter uma justificativa: no tempo livre, esse grupo prefere passar em frente às telas: smartphones, computadores, televisão e tablet. Prova disso é que 76,1% utiliza os gadgets por três horas ou mais para se entreter.
Falta de sono: outro problema que preocupa
Nos últimos anos, com a piora da qualidade de vida do brasileiro, o sono reparador se tornou um artigo de luxo. De acordo com estudos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), 72% da população no Brasil sofre de doenças relacionadas ao sono, como a insônia.
Os jovens também se enquadram nessa estatística. O relatório aponta que 54,2% dos entrevistados afirma que dormem bem e a quantidade de horas adequadas, que são de 7 a 9 horas.
Como a popularidade dos maus hábitos pode ser perigosa?
A evolução de um hábito ruim pode influenciar o avanço dos demais. Por exemplo, com a privação de sono, o corpo sofre alterações hormonais. Uma delas é o desequilíbrio dos hormônios que controlam a fome, o que aumenta a vontade de comer, inclusive opções com açúcar e gordura.
Afinal, o organismo precisa de energia para compensar a falta de descanso. O impacto do sono vai além: diminuição da concentração, alterações no humor e cansaço motivam distúrbios emocionais. Somado à falta de atividade física, vício em telas e consumo de álcool, a saúde física e mental enfrenta problemas sérios que, a longo prazo, podem matar.
Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 14 milhões de pessoas têm alguma doença cardiovascular. Por causa da condição, 400 mil indivíduos perdem a vida por ano, o que corresponde a 30% de todos os óbitos no país.
A incidência da mortalidade cardiovascular tem crescido entre a população mais nova, motivada pelo estilo de vida. Outra consequência dos maus hábitos é a prevalência do diabetes tipo 2, que costuma ser mais comum entre aqueles com 40 anos ou mais.
Todavia, o DM2 está cada vez mais presente entre pessoas com 15 e 39 anos. Um estudo chinês apontou que a prevalência da doença nessa idade cresceu significativamente nos últimos 30 anos.
Silenciosa, a condição pode demorar até 10 anos para entregar os primeiros sintomas. Sem tratamento, pode provocar cegueira, amputações, perda da sensibilidade da pele e dos nervos (neuropatia diabética) e contribuir para outras complicações.