Nipah: novo vírus faz Índia fechar escolas e escritórios
Um novo vírus em circulação na Índia tem preocupado autoridades de saúde em todo o mundo. Após a confirmação de cinco casos do raro e potencialmente mortal vírus Nipah, o país asiático fechou escolas e escritórios em Kerala, no sul. Até agora, duas pessoas morreram, enquanto outras três, incluindo uma criança, estão internadas. Uma das mortes ocorreu no início deste mês, enquanto a outra ocorreu em 30 de agosto. Entenda mais sobre o vírus.
De acordo com as autoridades locais, 706 pessoas que tiveram contato com os infectados, incluindo 153 trabalhadores de saúde, realizaram testes para verificar a propagação do vírus. Eles estão aguardando os resultados. Este é o quarto surto de Nipah em Kerala desde 2018.
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Vírus Nipah: autoridades afirmam que não há motivo para “pânico”
De acordo com Pinarayi Vijayan, chefe do governo estadual, a recomendação é evitar aglomerações públicas nos locais onde houve confirmações do vírus pelos próximos 10 dias. Segundo ele, seu governo estava levando as mortes “muito a sério” e pediu às pessoas que tivessem cautela, usando máscaras faciais e visitando hospitais apenas em casos de emergência.
No entanto, ele acrescentou que não há motivo para pânico, já que as pessoas que tiveram contato com os falecidos estão em tratamento. O ministro da Saúde da Índia, Mansukh Mandaviya, disse na terça-feira que o governo federal enviou uma equipe de especialistas a Kerala para avaliar a situação e ajudar o governo estadual.
O que é o vírus Nipah?
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a doença é zoonótica, ou seja, sua transmissão se dá a partir de animais como porcos e morcegos frugívoros para seres humanos. A transmissão também ocorre por meio de alimentos contaminados e por contato com uma pessoa infectada.
Ao entrar no corpo humano, o vírus Nipah afeta o sistema respiratório e o sistema nervoso central. No entanto, nem sempre causa sintomas aparentes. Mas, outras pessoas podem sim desenvolverem sinais e consequências. Os sintomas geralmente começam com dor de cabeça e sonolência, mas rapidamente se transformam em coma em questão de dias, segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA. Nos casos mais graves, sobreviventes podem experimentar efeitos neurológicos de longo prazo.
Além disso, pode causar síndrome respiratória aguda — em que os pulmões não conseguem fornecer oxigênio suficiente ao corpo — e encefalite fatal, uma inflamação do cérebro.
Como diagnosticar?
O diagnóstico do Nipah ocorre com base no histórico clínico durante a fase aguda e de convalescença da doença. Os principais testes utilizados incluem a reação em cadeia da polimerase em tempo real (RT-PCR) em fluidos corporais e a detecção de anticorpos por ensaio imunoenzimático (ELISA).
Além disso, outros testes incluem o ensaio de reação em cadeia da polimerase (PCR) e o isolamento do vírus por cultura de células. A taxa de mortalidade entre aqueles que contraem o vírus é alta. Dessa forma, pode chegar a 70%, uma vez que não há remédio nem vacina disponível para tratar a infecção. O tratamento se limita a controlar os sintomas e fornecer cuidados de suporte.
Surtos anteriores
O vírus Nipah foi inicialmente identificado em 1999 durante um surto que afetou criadores de suínos na Malásia. Desde então, não houve o registro de novos surtos desse vírus no país. Depois, em 2001, o vírus foi identificado em Bangladesh, onde surtos quase anuais têm ocorrido desde então.
Em 2018, a Índia, e mais especificamente a cidade Calecute, relatou seu primeiro – e pior – surto de Nipah, quando 17 dos 18 casos confirmados morreram. Em 2019, um caso foi relatado no distrito de Ernakulam e o paciente se recuperou. Mas, em 2021, um menino de 12 anos na vila de Chathamangalam, infectado, morreu.
De acordo com a Reuters, um Estado tropical que está testemunhando acelerada urbanização e perda rápida de árvores como Kerela, na Índia, cria “condições ideais para um vírus como o Nipah emergir”. Além disso, especialistas dizem que, devido à perda de habitat, os animais estão vivendo em maior proximidade com os seres humanos, o que ajuda o vírus a saltar dos animais para os humanos.
De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), outras regiões também podem estar em risco de infecção, já que há outros reservatórios naturais de morcego Pteropus, incluindo Camboja, Gana, Indonésia, Madagascar, Filipinas e Tailândia.
O vírus Nipah pode atingir o Brasil?
Geograficamente, o vírus Nipah está restrito às áreas onde os casos já foram identificados. Ou seja, Índia, Malásia e Indonésia. Por isso, especialistas dizem que não há preocupação de que chegue às áreas urbanas, a não ser que a evolução de contaminação entre humanos tome grandes proporções.