Mulheres com esclerose múltipla podem engravidar? Especialista responde
Mulheres com esclerose múltipla (EM) podem engravidar? A doença afeta a fertilidade? O bebê nascerá com a doença? São muitas as dúvidas quando o assunto é a EM e a maternidade. Por isso, veja as explicações da Dra. Renata Faria Simm, neurologista, sobre o tema.
Leia mais: Esclerose múltipla: conheça as causas, sintomas e tratamentos
O que é esclerose múltipla?
Antes de mais nada, A esclerose múltipla é uma doença neurológica imunomediada, ou seja, o sistema imune da pessoa ataca as células do seu sistema nervoso central, mais especificamente a bainha de
mielina. Como consequência, causa lesões cerebrais e medulares.
Há dois tipos da doença: a Esclerose Múltipla Remitente Recorrente, na qual o paciente tem algumas crises e períodos de remissão; e a Esclerose Múltipla Progressiva, em que o paciente também apresenta episódios de crise, mas não períodos de remissão, só progressão lenta da enfermidade.
Os sintomas da Esclerose Múltipla podem variar amplamente e incluem: problemas de visão, alteração de coordenação e equilíbrio, dormência ou formigamento nos membros, perda de força muscular, espasmos musculares, problemas cognitivos, entre outros. O diagnóstico, por sua vez, é feito com base no histórico do paciente, somado ao exame clínico, ressonância magnética e o exame do líquor.
Mulheres com esclerose múltipla podem engravidar?
De acordo com a neurologista, a esclerose múltipla não altera a fertilidade. Diante disso, o paciente com esse diagnóstico mantém a possibilidade de gestação, independentemente da sua doença, tanto para o homem como para a mulher. Esse é um ponto muito importante, pois muitos pacientes tendem a achar que tem sua capacidade de engravidar reduzida pelo diagnóstico de uma doença crônica, deixando de usar os métodos contraceptivos, mesmo quando não estão desejando a gestação.
Portanto, se você não planeja gravidez no momento, deve usar adequadamente os métodos contraceptivos. Nesse caso, todos são permitidos, não tendo interações que diminuam a ação dos anticoncepcionais, tanto com o uso de medicamentos injetáveis, infusionais ou orais.
De todo modo, em um paciente com Esclerose Múltipla, o aconselhável é que a doença esteja controlada por, pelo menos, um ano (ou seja, sem surtos, piora clínica ou novas lesões no exame de ressonância magnética), bem como esteja utilizando um medicamento para controle da doença que não faça mal para o bebê. Então, antes de se tornar uma “tentante” da gravidez, converse com o/a ginecologista para os exames básicos de rotina e com o/a neurologista para avaliar como está o controle da sua doença.
Recomendações sobre a gravidez
De acordo com a Dra. Renata, algumas recomendações são importantes para mulheres com esclerose múltipla durante a gravidez:
- O uso de suplementação (ácido fólico, vitamina D e ferro) e vacinas devem seguir a recomendação obstétrica, no geral. As exceções dependem da avaliação de um neurologista.
- O pré-natal não é de alto risco, devendo ser seguido normalmente pelo obstetra.
- Pacientes com alguma sequela mais debilitante/incapacitante, podem precisar de ajustes no atendimento.
- A via de parto é uma escolha obstétrica, ou seja, ter Esclerose Múltipla não determina necessariamente o tipo de parto. Mas pacientes com alguma sequela mais debilitante/incapacitante ou fadiga importante, podem precisar de avaliação de via de parto. Isso porque, a fadiga, por exemplo, pode limitar a tentativa de um parto normal com muitas horas
em trabalho de parto. - O tipo anestesia também não sofre influência pelo diagnóstico de Esclerose Múltipla, podendo ser feita, por exemplo, a anestesia epidural.
O bebê pode ter esclerose múltipla?
O risco de um filho de pai ou mãe com EM ter a doença é de, mais ou menos, 2%. Um pouco acima da população em geral, mas ainda muito baixo. Dessa forma, a especialista explica que durante a gravidez, a atividade da doença cai, pois há uma alteração na imunidade da gestante para poder abrigar seu bebê por nove meses.
Após o parto, com o sistema imune “voltando ao normal”, o risco de atividade da doença volta a aumentar. Por isso, é muito importante o planejamento e o acompanhamento do neurologista, para avaliar o risco de a gestante ter surtos durante e após a gestação, baseado nas características da sua doença.
Referência: E-book Esclerose Múltipla, da Dra. Renata Faria Simm, neurologista da Imuno Brasil, em parceria com a editora KPMO Cultura e Arte.