Morre a jornalista Glória Maria, por metástase
Um momento muito triste para o jornalismo brasileiro. Glória Maria faleceu na manhã desta quinta-feira (02), no Rio de Janeiro. “É com muita tristeza que anunciamos a morte de nossa colega, Glória Maria”, informou a Rede Globo. A jornalista deixou duas filhas, Maria e Laura.
Ainda de acordo com a TV Globo, em 2019, Glória foi diagnosticada com câncer no pulmão. Depois, ela descobriu um tumor no cérebro e realizou uma cirurgia delicada para retirá-lo. “Ela sofreu metástase no cérebro, tratada em cirurgia, também com êxito inicialmente”, afirmou o comunicado.
Desde dezembro a jornalista estava afastada do Globo Repórter para dar continuidade no tratamento de câncer no pulmão, o segundo tipo de câncer mais comum.
Câncer de pulmão é um dos que têm mais probabilidade de atingir o cérebro
Segundo o Pós PhD Neurocientista, Prof. Dr. Fabiano de Abreu Agrela, esse tipo de câncer é um dos que mais podem se espalhar pelo corpo até atingir o cérebro.
“O câncer de pulmão é um dos cânceres com maior probabilidade de se espalhar para o cérebro. Aproximadamente 10% dos pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas (NSCLC) têm metástases cerebrais no diagnóstico inicial e até 40% acabarão desenvolvendo tumores cerebrais durante a doença”, comentou.
“Diferente do câncer cerebral, que se origina no cérebro e consiste em células cancerígenas cerebrais, as metástases cerebrais do câncer de pulmão ocorrem quando as células cancerígenas se desprendem do tumor nos pulmões e entram na corrente sanguínea ou viajam pelo sistema linfático até o cérebro, onde se multiplicam”, emendou.
O especialista explica que, à medida que os tumores cerebrais metastáticos crescem, eles podem danificar diretamente as células ou afetar o cérebro indiretamente, comprimindo partes dele ou causando inchaço e aumento da pressão dentro do crânio. Os primeiros sinais de alerta podem ser sutis e facilmente atribuídos a outras causas, incluindo quimioterapia.
O que é metástase, causa da morte de Glória Maria?
De acordo com a oncologista Carolina Martins Vieira, em entrevista anterior à Vitat, a metástase é uma invasão feita por células cancerígenas a outros órgãos do corpo de um indivíduo que, inicialmente, apresentava neoplasia (câncer) em apenas um órgão.
“Por exemplo: a paciente teve um câncer que se originou como um nódulo na mama, mas algumas destas células atingiram a corrente sanguínea e foram levadas até o fígado, onde se instalaram”, explica a médica. Ou seja, esse trânsito das células cancerígenas pela corrente sanguínea possibilita a formação de cânceres em outros lugares do corpo.
Cada tipo de tumor tem características de localização e comportamento diferentes, então pode produzir metástases em vários órgãos com frequências distintas, segundo a especialista.
Os tumores malignos (cânceres) conseguem invadir tecidos ao redor do local onde surgem. Assim, o processo pode ocorrer desde a fase inicial do desenvolvimento dos tumores, mas acontece com mais frequência nas fases mais avançadas da doença.
“Existem alguns fatores que indicam o potencial de um câncer de se tornar metastático. Para que uma célula cancerígena consiga se deslocar para outra parte do corpo, informações como grau do tumor primário, tipo, tamanho e localização são relevantes”, ressalta Carolina.
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Tratamento
Apesar de não ter cura, hoje em dia é possível transformar esse tipo de câncer em uma doença crônica, mantendo assim a qualidade de vida dos pacientes, conforme conta a médica.
“Na maioria dos casos, quanto mais inicial um câncer, menor a chance de desenvolver metástases. Daí a importância de exames de rastreamento, como colonoscopia e mamografia, e do diagnóstico precoce”, alerta a médica.
Assim, o tratamento varia de acordo com a característica do tumor primário. Dessa forma, depende do local onde surgiu o primeiro câncer. Na maioria dos casos, as metástases são tratadas por terapias como:
- Quimioterapia;
- Imunoterapia;
- Hormonioterapia;
- Terapia-alvo;
- Radioterapia.
Fontes: Carolina Martins Vieira, oncologista, e Dr. Fabiano de Abreu Agrela, professor e Pós PhD Neurocientista.