Diabetes gestacional: mitos e verdades sobre a doença
O diabetes gestacional atinge cerca de 15% de todas as gestações no mundo inteiro, segundo dados da Federação Internacional de Diabetes (IDF, na sigla em inglês), pode complicar a saúde da mãe e do bebê. Apesar disso, a doença ainda é pouco conhecida. A seguir, conheça mitos e verdades sobre a diabetes gestacional.
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Como surge a diabetes gestacional?
A nutricionista Natália Barros explica que a doença afeta a maneira como o corpo da mulher grávida processa a glicose (açúcar no sangue). Geralmente, o quadro surge no segundo ou terceiro trimestre da gestação, quando o corpo da mãe passa por mudanças hormonais significativas para apoiar o crescimento do feto.
A principal causa do diabetes gestacional é a resistência à insulina, um hormônio que ajuda a regular os níveis de açúcar no sangue e que, fora de controle, pode trazer muitos prejuízos para a saúde da mãe e para o desenvolvimento da criança.
Mitos e verdades sobre diabetes gestacional
1 – Gestantes com diabetes não podem consumir frutas
MITO. Grávidas com diabetes gestacional podem consumir frutas, já que elas representam uma fonte importante de vitaminas, minerais e fibras essenciais durante a gestação.
“O que se deve ter em conta é o controle das quantidades, assim como com qualquer outro alimento. As frutas contêm açúcares naturais, principalmente frutose, mas também têm fibras que ajudam a retardar a absorção de açúcares, evitando picos repentinos de glicose no sangue. Além disso, o índice glicêmico das frutas pode variar, sendo interessante optar por aquelas com baixo índice glicêmico”, explica a nutricionista.
2 – Os sintomas da doença são característicos e de fácil detecção
VERDADE. Assim como o diabetes tipo 2, o diabetes gestacional eleva os níveis de glicose no sangue. Mas, diferentemente do DM2, a doença é típica da gestação, devido a alterações hormonais e ao histórico de saúde da mulher. Consequentemente, essas alterações causam aumento do apetite, ganho de peso, vontade excessiva de urinar, visão turva, boca seca, náuseas, muita sede e infecções urinárias frequentes.
3 – A grávida pode continuar consumindo açúcares
MITO. Mulheres grávidas com diabetes gestacional devem evitar o consumo de açúcar, recomenda Natalia. “O açúcar é rapidamente absorvido pelo corpo, levando a aumentos rápidos nos níveis de glicose no sangue. Assim, uma mulher com diabetes gestacional, já existe uma dificuldade natural em regular o açúcar no sangue devido às alterações hormonais da gravidez. Além disso, o consumo de açúcar adicional pode sobrecarregar ainda mais o sistema de regulação da glicose, resultando em picos perigosos nos níveis de açúcar no sangue”, alerta.
4 – A diabetes gestacional pode ser evitada?
VERDADE. Antes mesmo do planejamento do bebê, a mulher pode começar a adotar hábitos mais saudáveis, como alimentação equilibrada, atividades físicas, hidratação e acompanhamento de peso. Juntas, essas medidas ajudam evitar a doença gestacional e garantem mais saúde para a mãe e para o bebê.
5 – O diabetes gestacional significa que a mãe terá diabetes para o resto da vida
MITO. Nem sempre. “O diabetes gestacional é uma forma temporária de diabetes, que geralmente desaparece após o parto”, conta a especialista e explica que, no entanto, mulheres que tiveram diabetes gestacional têm um maior risco de desenvolver diabetes tipo 2 mais tarde na vida. Por isso, é importante manter um estilo de vida saudável e fazer exames de acompanhamento após o parto para monitorar os níveis de açúcar no sangue.
6 – Mitos e verdades sobre diabetes gestacional: O diabetes gestacional só afeta mulheres com histórico familiar
MITO. Não necessariamente. Embora o histórico familiar seja um fator de risco, qualquer mulher grávida pode desenvolver diabetes gestacional. Assim, outros fatores, como idade avançada, excesso de peso, ganho excessivo de peso durante a gravidez e etnia também desempenham um papel no desenvolvimento do diabetes gestacional.
7 – A doença não afeta o bebê
MITO. “Isso não é verdade. O diabetes gestacional pode ter sérias implicações para a saúde do bebê. O excesso de açúcar no sangue da mãe pode atravessar a placenta e afetar o desenvolvimento do feto”, exemplifica a nutricionista.
Portanto, o quadro pode levar a um maior risco de parto prematuro, crescimento excessivo do bebê (macrossomia), problemas respiratórios, hipoglicemia neonatal (baixo nível de açúcar no sangue após o nascimento) e um risco aumentado de desenvolver diabetes na infância.
8 – Mitos e verdades sobre diabetes gestacional: Uma dieta rigorosa pode curar a doença
MITO. Uma dieta saudável é parte do tratamento, mas não é uma cura, pondera Natalia. Para ela, o tratamento do diabetes gestacional envolve uma combinação de dieta equilibrada, exercícios físicos, monitoramento dos níveis de açúcar no sangue e, em alguns casos, medicação. “Assim, mesmo com um controle rigoroso da dieta, algumas mulheres ainda podem precisar de insulina ou medicamentos para manter os níveis de açúcar no sangue sob controle”, destaca ela.
Por fim, o diabetes gestacional é uma condição séria, que requer atenção e cuidados durante a gravidez. “Ele pode ser controlado e gerenciado com cuidados médicos e nutricionais adequados. Alguns deles são: monitoramento regular dos níveis de glicose no sangue, adoção de uma dieta saudável, prática de atividades físicas, e, em alguns casos, o uso de medicamentos ou insulina”, resume Natalia.
Fonte: Natalia Barros, nutricionista Mestre em Ciências pela UNIFESP e fundadora da NB Clinic.