Bebê pode tomar mel? Academia de Pediatria afirma que não
Saboroso e nutritivo, o mel é utilizado desde a antiguidade para adoçar receitas culinárias. Além disso, ele também é conhecido por suas propriedades curativas como o fortalecimento do sistema imunológico e saúde do coração. Mas embora esse ingrediente esteja relacionado a uma série de benefícios, será que o mel pode ser oferecido para bebês?
Especialmente nos primeiros anos de vida da criança, o seu sistema imunológico ainda está sendo formado e fortalecido. Portanto, a sua alimentação demanda cuidados específicos para evitar riscos à saúde. De acordo com a Academia Americana de Pediatria (AAP), uma das possíveis contaminações pode vir através do consumo de mel. Continue lendo e entenda.
Por que não se pode oferecer mel para bebês?
Na tentativa de adocicar a comida ou bebida da criança, alguns pais tendem a se voltar para o mel, entendendo que este seria uma alternativa mais saudável e segura que o açúcar. Contudo, inserir mel na alimentação do bebê pode ser um tanto quanto perigoso e em alguns casos até fatal.
Até 1 ano de vida, o sistema de defesa do bebê ainda está sendo formado. Isso significa que as bactérias boas ainda estão se instalando no organismo. Portanto, nesse momento, a criança ainda não consegue se defender das bactérias, como a Clostridium Botulinum, que está presente em cerca de 8 – 10% da produção de mel, que causa uma doença chamada botulismo.
Dessa forma, a AAP desaconselha colocar mel em alimentos, água ou fórmulas que são fornecidas a bebês. Alimentos processados contendo mel também não devem ser dados a bebês.
Veja também: Alimentos não indicados para bebês até 1 ano de vida
Mel para bebês: entendendo o botulismo
O botulismo infantil é uma infecção grave que causa fraqueza muscular, tontura, sonolência, tremores no corpo, perda de apetite e, em alguns casos, insuficiência respiratória, paralisia dos membros e pode até levar à morte. No Brasil, cerca de 5% do total de mortes súbitas de crianças de até 2 anos são decorrentes do botulismo.
A bactéria que causa a intoxicação pode ser encontrada no solo, poeira, ambientes naturais e insetos, incluindo as abelhas, que produzem o mel. Assim, a contaminação é mais comum por ingestão de mel, mas também pode alcançar outros alimentos como vegetais, pescados e carnes curadas ou defumadas.
Vale ressaltar que a bactéria não altera a coloração, cheiro ou gosto do mel, o que torna a detecção da C. Botulinum improvável antes do consumo. Portanto, oferecer mel para criança se torna mais seguro depois de 2 anos de idade, já que neste momento, ela já está mais desenvolvida e seu organismo já pode se defender de possíveis infecções.
Já dei mel para o bebê, e agora?
Antes de mais nada, é importante avaliar o tempo que o mel foi consumido pelo bebê. Isso porque a bactéria pode ficar incubada no organismo de 12 a 36 horas no máximo, sendo que esse período é determinante para a manifestação dos primeiros sinais de botulismo. O que significa que depois desse prazo, se não houverem sintomas, não há motivo para preocupações.
A seguir, conheça os sintomas de botulismo que indicam sinal de alerta:
- Náuseas;
- Febre;
- Vômitos;
- Diarreia;
- Fraqueza dos músculos ;
- Boca seca;
- Visão dupla;
- Dificuldade para falar ou engolir;
- Dificuldade para respirar.
Se o bebê apresentar qualquer um desses sintomas após a ingestão do mel, é importante buscar atendimento médico de urgência. O diagnóstico depende de sinais clínicos e exames laboratoriais.
Por fim, o tratamento consiste em neutralizar a ação da toxina produzida pela bactéria. Além da lavagem estomacal para eliminar o alimento contaminado, o paciente recebe o soro anti-botulínico para impedir a evolução do quadro.
Fonte: Manual MSD Saúde.