Seu filho tem medo do escuro? Veja estratégias para ajudá-lo

Bem-estar Equilíbrio Gravidez e maternidade
05 de Março, 2024
Seu filho tem medo do escuro? Veja estratégias para ajudá-lo

A mente das crianças é como uma tela em branco, pronta para ser preenchida pela imaginação. Embora esse cenário seja favorável a brincadeiras e formas de aprender, durante a noite, sombras misteriosas e monstros imaginários podem criar o cenário ideal para desenvolver medo do escuro. 

Uma pesquisa divulgada pela UNESP – Universidade Federal Paulista, mostrou que 49% das crianças analisadas eram percebidas por seus cuidadores apresentando comportamento de medo. Na faixa de 4 a 6 anos, cerca de 13% das crianças têm medo do escuro, configurando o segundo lugar no ranking. A primeira posição é ocupada pelo medo de cachorro, com 25%.

Para a psicóloga Rejane Sbrissa, o cenário é muito comum já que na infância, as crianças ainda não têm maturidade emocional para distinguir o que é fantasioso e o que é real. Além disso, a imaginação costuma ser ainda mais fértil do período dos 3 aos 7 anos. No entanto, a ação dos pais pode ajudar os pequenos a desenvolver a confiança necessária para superar esse desafio. Saiba mais a seguir!

Afinal, de onde vem o medo do escuro?

O medo faz parte do desenvolvimento emocional do ser humano e é uma reação de proteção do organismo. Na prática, é o que nos impede de fazermos ou passarmos por situações que possam nos machucar física e/ou emocionalmente. 

Na infância, há vários fatores que podem despertar o medo do escuro, como experiências anteriores, mudança na rotina, luto, desenhos animados, filmes com monstros e bruxas. Histórias de terror, notícias ruins, crenças e superstições também podem deixar o pequeno mais inseguro com relação à falta de claridade no ambiente. 

Além disso, há ainda situações em que o escuro é usado como método de castigo: “Vivenciar coisas ruins quando está no escuro, como por exemplo, os pais o deixaram no escuro como castigo. Tudo isso pode fazer com que o medo do escuro aflore”, complementa a Rejane.

Há quem defenda que o medo do escuro passe logo e sem intervenções, mas a verdade é que a imaginação das crianças pode acabar resultando em medo, insegurança e até ansiedade próximo do momento de dormir.

Veja também: Seu filho não gosta de beber água? Confira dicas para incentivar a prática 

Dicas para ajudar as crianças a lidar com o medo do escuro

Para superar os medos e não deixá-los virarem traumas, o papel dos pais é essencial na condução e apoio aos pequenos. A seguir, confira dicas práticas para ajudar as crianças a superar o medo do escuro de uma vez por todas. 

Crie segurança emocional 

Conhecer o caminho do quarto dos pais ajuda a criança a encontrar soluções e encarar os desafios, esse processo deve ser feito de forma gradativa, potencializando a capacidade de superação dessa fase, evitando sequelas para a vida adulta, como: insegurança, medo do desconhecido, dificuldade de pedir ajuda e de lidar com mudanças.

Por isso, o mais importante é que os pais deem segurança emocional aos filhos. Ou seja, deixar claro, através de atitudes, que a criança está sempre protegida por eles e que os pais podem ser acionados sempre que necessário.

Valide os sentimentos da criança

Mesmo que você não compartilhe da mesma insegurança, entenda que para o pequeno, esse medo é real. Então, essa é a primeira forma de acolhimento que gera abertura para conversarem e descontruírem essas inseguranças. Converse com a criança sobre o que ela acha que vai acontecer no escuro e ajude-a a distinguir a vida real e o imaginário. 

Desenvolva a autoconfiança

Durante as atividades do dia-a-dia, demonstre que confia em seu filho passando tarefas que ele possa desempenhar sozinho, é claro, respeitando a sua idade.

Rejane explica que essa técnica serve para aumentar a autoconfiança das crianças, um fator decisivo para eliminar o medo. Ou seja, quanto mais autoconfiança eles tiverem, menos medo terão, apresentando também mais facilidade para lidar com eles.

Para superar o medo do escuro, crie uma rotina

Seja contando histórias ou ouvindo músicas relaxantes, a rotina também também pode tornar o momento de dormir mais relaxante. Dizer e mostrar que o quarto que a criança dorme é seguro é uma ótima estratégia. Explique que a criança não estará sozinha e que os pais estarão próximos para apoiá-lo. 

Para criar essa sensação de segurança, os pais devem evitar contar histórias assustadoras, mesmo durante o dia. Além disso, usar o medo para controlar as crianças pode fazer com que elas se tornem cada vez mais inseguras. Ou seja, nada de ameaças sobre o bicho papão. 

Pouco a pouco

Se o medo for extremo, a criança não deve ser exposta à escuridão. Por isso, é importante reduzir gradativamente a exposição ao escuro, através de lâmpadas que permitem a regulagem da luz, também podemos usar luz noturna e/ou luz de presença, estimulando a segurança e conforto durante a noite.

Além disso, outra estratégia é ficar com a criança até que ela adormeça e explicar que estará no quarto ao lado. A dica aqui é: evite mentir para o seu filho. 

“Lembre-se de ser paciente e consistente, superar o medo do escuro pode levar tempo, e a falta de compreensão, paciência e acolhimento, pode dificultar ainda mais esse processo e gerar mais associações ruins ao escuro, como momento de tensão e conflito”, complementa o psicólogo Renan Molina.

Medos não superados na infância 

Quando o medo do escuro não é superado na infância, o adulto pode sofrer de nictofobia, que nada mais é que um transtorno de ansiedade provocado pelo medo exacerbado do escuro ou da noite. Quando agravado, o quadro pode desencadear um quadro de depressão, ansiedade e pânico. 

“Esse medo excessivo afeta o cotidiano do adulto, o padrão de sono, o medo de dormir, sempre com as luzes acesas atrapalhando a produção da melatonina, hormônio do sono de qualidade, causando insônia que causa outros males, pois sono de qualidade é essencial para qualidade de vida”. 

O medo na infância pode ter consequências duradouras na vida adulta, afetando o bem-estar emocional, social e até mesmo profissional de uma pessoa. Para o psicólogo Renan Molina, quando não tratado, o medo do escuro pode afetar o desenvolvimento cognitivo da criança/adulto, interferindo na sua capacidade de concentração, aprendizado e resolução de problemas. Isso pode, inclusive, afetar o desenvolvimento e desempenho profissional, atividades de lazer com amigos e familiares, enfrentamento de conflitos e dificuldade de lidar com mudanças.

Fonte:

  • Rejane Sbrissa, psicóloga. 
  • Renan Molina, psicólogo. 

 

Sobre o autor

Tayna Farias
Jornalista e repórter da Vitat. Especialista em gravidez e maternidade

Leia também:

mulher praticando atividade física ao ar livre e suando
Bem-estar Movimento

Suar emagrece? Entenda se a transpiração ajuda a perder calorias

Suar demais realmente significa que você está perdendo peso? Descubra

foto mostra uma xícara de chá vazia com paus de canela ao lado em cima de um prato
Alimentação Bem-estar

É termogênico e ajuda no equilíbrio da glicemia e do colesterol; veja benefícios do chá de canela

A bebida é uma ótima opção para esquentar o corpo — muitos afirmam, ainda, que ela emagrece

farinha de beterraba
Alimentação Bem-estar

Farinha de beterraba: benefícios e como incluir na dieta

Pode prevenir doenças cardiovasculares, melhorar o aporte de fibras e ainda ajudar a aumentar a performance esportiva