Mãos e pés gelados indicam problemas de saúde? Entenda
Muitas pessoas têm mãos e pés mais gelados do que o comum, mesmo sem um motivo aparente. De fato, nossas extremidades — mãos, pés, nariz e orelhas — tendem a ficar mais frias quando estamos sob temperaturas baixas. No entanto, quando isso ocorre com frequência e sem influência do clima, é importante ficar de olho. A seguir, veja os motivos e quando se preocupar.
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Por que ficamos com mãos e pés gelados?
Nosso corpo possui uma série de sistemas complexos que funcionam de forma integrada. Por exemplo, o sistema vascular permite a circulação de sangue, oxigênio e nutrientes para músculos e órgãos. Os condutores responsáveis pelo transporte são os vasos sanguíneos e artérias, que são sensíveis a diversos fatores — a temperatura é um deles.
“Isso se deve à vasoconstrição periférica. Ou seja, os vasos sanguíneos se contraem para priorizar o calor para os órgãos e tecidos centrais e, assim, reduzir a perda de calor do organismo”, explica o cirurgião vascular Wendell Fernandes. Em outras palavras, o corpo ativa o “modo inteligente” para gerenciar o calor corporal, e as extremidades ficam em segundo plano. Então, para resolver o problema, basta se aquecer adequadamente ou se movimentar para estimular a circulação.
Contudo, mãos e pés gelados podem, sim, indicar que algo não vai bem, principalmente se existem outros sintomas acompanhando a condição:
Estresse e distúrbios emocionais
As emoções afetam bastante o metabolismo e o sistema nervoso, que gera uma reação em cadeia para as demais funções. “Situações de estresse geram um alerta para o sistema nervoso simpático, que aciona a vasoconstrição e pode deixar as extremidades mais frias”, explica Fernandes. É por isso que algumas pessoas relatam o “suor frio” quando estão diante de um momento ou decisão difícil, que também é resultado da ação do mecanismo nervoso. Apesar da reação ser inofensiva a princípio, vivenciar crises emocionais que desestabilizam o organismo podem prejudicar a saúde e se tornar fator de risco para doenças cardíacas, por exemplo.
Problemas cardiovasculares
Desordens no funcionamento da circulação e do coração costumam dar algumas pistas. Além das mãos e pés gelados independentemente do frio, Wendell Fernandes explica que a pessoa pode sentir dormência, paralisia e dor no membro afetado. “Outro fato que pode estar relacionado a doenças desse tipo são os sintomas acometerem apenas uma mão ou pé”, acrescenta o especialista. Um exemplo de enfermidade que apresenta as extremidades frias é a hipertensão. O sangue circula com dificuldade quando a pressão arterial ultrapassa 140/90 mmHg, e chega tardiamente às mãos e pés.
Hipotireoidismo e alterações hormonais
Com maior predominância em mulheres, o hipotireoidismo é a deficiência da produção de hormônios da tireoide, que resulta no ganho de peso, cansaço, alterações no ciclo menstrual, entre outros. Mãos e pés gelados também fazem parte do rol de sintomas, mas não é uma regra para todos os casos.
Mãos e pés gelados: quando buscar ajuda médica?
Como já dissemos, só o frio das extremidades nem sempre acende o alerta para a saúde. No entanto, se o desconforto surge frequentemente e aliado a:
- Dormência.
- Dor local ou nas panturrilhas ao caminhar.
- Cianose (alteração na cor da pele, que pode ficar azulada ou arroxeada).
- Cansaço mesmo após atividades de pouco esforço.
- Coração descompassado sem um estímulo específico (arritmia).
- Varizes aparentes.
- Dificuldade para realizar movimentos nas extremidades (mexer dedos das mãos e dos pés, por exemplo).
Como evitar mãos e pés gelados?
À primeira vista, manter as regiões bem aquecidas irá ajudar a aliviar o incômodo. Mas é fundamental buscar atendimento médico, sobretudo com um angiologista, se você suspeitar de problemas na circulação. O check-up anual ou semestral também é uma forma preventiva e eficaz de diagnosticar precocemente as enfermidades que têm mãos e pés gelados como sintoma. Por fim, seguir uma rotina de hábitos saudáveis — evitar cigarro, álcool e priorizar alimentos nutritivos e exercícios diários — fortalecem a saúde contra doenças graves.
Fonte: Wendell Fernandes, médico cirurgião vascular e professor de Medicina da UnP. Referências: Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SABCV).