Líquido amniótico: saiba a importância para a gestação e saúde do bebê
O líquido amniótico é um elemento vital para a saúde do bebê e começa a se formar no comecinho da gestação, por volta de duas semanas de vida no útero materno. Segundo Alexandre Pupo, ginecologista e obstetra dos hospitais Sírio-Libanês e Albert Einstein, é fundamental que a gestante faça todas as consultas pré-natais para acompanhar o volume do líquido amniótico. “A quantidade de líquido revela sobre a condição do bebê e possíveis doenças comuns à gravidez, como diabetes gestacional e pré-eclâmpsia. Portanto, seu excesso ou falta exigem monitoramento para evitar uma gravidez de risco ou um parto prematuro”, sinaliza.
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Composição do líquido amniótico
Pupo explica que a substância é formada principalmente pela urina e secreção pulmonar do próprio bebê. Uma curiosidade é que a urina do feto é diferente de um bebê que já nasceu. A princípio, ela é composta pelas proteínas que chegam pelo cordão umbilical, fruto da troca de fluidos entre mãe e embrião.
Por sua vez, a secreção pulmonar preenche o órgão do feto, que não funciona durante a gestação, mas que precisa do líquido para o desenvolvimento adequado do sistema respiratório. Logo, o conteúdo é renovado e excretado ao longo da gravidez para compor o líquido amniótico. “Além disso, o líquido muda e aumenta de volume conforme o bebê cresce, então é normal que o avanço da gestação traga resíduos de células descamadas da pele, amoníaco e eletrólitos”, acrescenta o médico.
Afinal, qual a importância do líquido amniótico?
Mais do que um fluido com variados elementos, o líquido amniótico desempenha a função de proteger o bebê enquanto se desenvolve. Logo no início da gravidez, o bebê ainda é muito frágil, pois sua formação está carente de estruturas firmes, como ossos, cartilagens e músculos. Então o líquido atua como um protetor contra pressões externas para o crescimento seguro do embrião. Ao mesmo tempo, ajuda a manter o cordão umbilical solto, permitindo a fluidez do sangue do feto para a placenta e vice-versa. Veja outras funções:
- Manter o espaço na cavidade uterina para o bebê se movimentar e crescer com menos chances de malformações.
- Suportar a placenta para uma troca saudável de nutrientes entre mãe e feto.
- Proteger o embrião contra infecções bacterianas, devido às suas propriedades que isolam o ambiente do bebê do organismo materno.
- Auxilia no desenvolvimento pulmonar.
- Prepara o sistema digestivo do feto, que expele o mecônio até o nascimento, equivalente às fezes.
Riscos de excesso e deficiência do líquido
Ambas as situações são evidências de que algo não está bem com o bebê. O excesso pode ser sinal de diabetes gestacional, cujo excesso de glicose no sangue do bebê estimula a produção de urina, o que aumenta o volume do líquido amniótico. Outra possibilidade é algum problema relacionado à capacidade do bebê ingerir e deglutir o líquido, o que gera o acúmulo da substância.
Por sua vez, o oposto indica o possível rompimento precoce da bolsa, em que há duas formas de percebê-lo: o vazamento baixo, cujo líquido vaza rapidamente e escorre pelas pernas da mulher; e o vazamento alto, com escapes graduais do líquido aparentes na calcinha.
Caso o rompimento ocorra antes de 24 semanas de gravidez, há o risco de se desenvolver a hipoplasia pulmonar, condição que afeta a formação adequada dos pulmões. A pouca quantidade de líquido também pode ser sinônimo de problemas na placenta, com prováveis falhas na produção de sangue e nutrientes para o bebê, que acaba não produzindo muita urina. Independentemente da causa, isso pode atrapalhar o crescimento do feto, com peso abaixo do normal, o que torna a sua saúde mais delicada.
Exames importantes
Pupo reforça que o acompanhamento assíduo do pré-natal ajuda a identificar quaisquer imprevistos que comprometem o desenvolvimento do bebê. Normalmente o ultrassom é capaz de avaliar o volume do líquido amniótico e outras características, como tamanho e peso aproximado do feto. Além disso, existem parâmetros que ajudam a identificar o que é normal e o que exige atenção médica. “Se houver alguma suspeita de doenças, infecções ou problemas na formação do bebê, é feita a amniocentese, um exame que estuda o conteúdo amniótico. Dessa forma, o exame investiga se o feto está pronto para nascer, se há presença de bactérias ou alterações cromossômicas na criança”, explica.
É possível restabelecer os níveis saudáveis do líquido amniótico?
Depende de muitos fatores e da origem do acúmulo ou insuficiência do líquido. Geralmente é possível reverter com tratamentos e cuidados direcionados para controlar ou combater a doença causadora. Contudo, em último caso e de acordo com a idade gestacional, pode ser necessário o repouso absoluto até o nascimento ou realizar uma cirurgia de parto prematuro para garantir as chances de sobrevivência do bebê.
Fonte: Alexandre Pupo, médico ginecologista e obstetra dos hospitais Sírio-Libanês e Albert Einstein.