Lipohipertrofia: o que é e quais são as causas da condição
Apesar de não ser uma doença, a lipohipertrofia é comum entre pessoas com diabetes que utilizam injeção de insulina com frequência. De acordo com Francisco Tostes, médico endocrinologista e sócio da Nutrindo Ideais, as aplicações contínuas em um único local provocam nódulos cutâneos, que podem ser visíveis e escuros. “Essas lesões se instalam no tecido gorduroso subcutâneo e são fibrosas. Além disso, são pouco vascularizadas e se manifestam como caroços na pele”, explica.
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Todo portador de diabetes poderá ter a lipohipertrofia?
Segundo Tostes e a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), a lipohipertrofia atinge mais pessoas que usam insulina há bastante tempo. Então nem todo mundo desenvolverá os caroços, pois há tipos de diabetes que não precisam da injeção do hormônio. Dessa forma, a lipohipertrofia é maior entre pacientes com diabetes tipo 1, que necessitam das aplicações diárias.
Quais são as causas das lesões?
Já sabemos que aplicar as injeções de insulina em um determinado local e por muito tempo são os principais motivos. Mas por que isso acontece? A resposta está nas lesões repetitivas sobre a pele: furá-la na mesma região e todos os dias não permite a cicatrização normal da pele. Assim, o tecido se regenera de forma inadequada e causa a formação dos nódulos fibrosos.
Como identificar
O diagnóstico pode ser feito por um médico clínico geral, endocrinologista ou com experiência em tratamento de pacientes com diabetes. A lipohipertrofia é descoberta no próprio consultório: o médico enxerga e apalpa as lesões, pois muitas delas são mais facilmente sentidas do que vistas, como os caroços no abdômen.
Os caroços da lipohipertrofia são doloridos?
Pelo contrário: por serem pouco vascularizados, os nódulos são doloridos, pois perdem a sensibilidade com o tempo. “Até por esse motivo, a pessoa acaba aplicando a medicação com mais frequência nesse local para não sentir dor. Como resultado, agrava a lesão”, esclarece Tostes.
Tenho lipohipertrofia. Devo me preocupar com a gravidade?
A princípio, as lesões da lipohipertrofia não são graves. Por exemplo, não há estudos que relacionem os nódulos ao desenvolvimento de células cancerígenas. Contudo, eles podem crescer, mudar de cor e afetar a autoestima, dependendo do local. “Outro problema é que quanto maior a lesão, menor a absorção de insulina, o que piora o controle da glicose”, alerta Tostes.
Como evitar e tratar
Pode ser simples evitar ou minimizar a formação dos nódulos lipohipertróficos. O estudo Prevalence and Risk Factors of Lipohypertrophy in Insulin-Injecting Patients with Diabetes realizou um estudo sobre o tema com 430 participantes que traz duas informações interessantes. Dos 430 pacientes, 64% apresentaram lipohipertrofia, sendo que 98% afirmaram não realizar o rodízio e 70% reutilizavam as agulhas.
Então, quem tem diabetes deve variar a região de aplicação da insulina, pois isso ajuda na regeneração da pele. Também é importante trocar a agulha com frequência para driblar riscos de infecções que podem piorar ou causar outras complicações. Por fim, é essencial saber manusear a agulha para que a pele não se machuque mais do que deveria. Converse com seu médico para aprender ou reforçar a técnica de aplicação.
Já o tratamento precisa de paciência, pois deve se preservar a região lesionada até que o tecido se recomponha — isso pode levar de meses a anos, dependendo da estrutura e tamanho do nódulo.
Fonte: Francisco Tostes, médico endocrinologista e sócio da Nutrindo Ideais.