Liberação miofascial: o que é, para que serve e dicas para fazer em casa
Você costuma sentir sua musculatura tensa após fazer um treino intenso, seja de membros superiores ou inferiores? Ou, ainda, tem dores musculares no final do dia, mesmo sem necessariamente se exercitar? Se a resposta for sim para um ou ambos os casos, é bem provável que seu corpo precise de uma boa sessão de liberação miofascial.
Nunca ouviu falar no método? Então, saiba mais a seguir e como adotar prática que pode mudar a “vida” dos seus músculos.
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O que é a liberação miofascial?
A liberação miofascial é nada mais que uma técnica manual que pressiona pontos de tensão do corpo. Mas, para entender como ela funciona, é importante conhecer antes uma estrutura do organismo.
“Nossos músculos são recobertos por uma fina camada de cor branca, feita de colágeno e elastina, que se chama fáscia. Na verdade, ossos, articulações e órgãos também possuem o tecido em suas superfícies”, explica Anderson Marini, profissional de educação física e fisioterapeuta.
A fáscia desempenha diversas funções, mas as essenciais no contexto da liberação miofascial são:
- Proteção: cria uma barreira protetora sobre os órgãos e tecidos do corpo contra lesões.
- Força: ajuda a distribuir a força criada pelos músculos e demais partes do corpo.
- Fornecimento de nutrientes: a fáscia é rica em vasos sanguíneos e nervos que transportam nutrientes e oxigênio para todas as células.
- Prevenção de lesões: por ter função protetora, ela cria um obstáculo contra impactos, traumas e outros fatores que causam danos musculares.
Agora que você sabe a relevância da fáscia, entende que a causa das dores e tensões musculares também passam primeiramente por ela. Quando sentimos algum desconforto nos músculos — rigidez, dor ao se movimentar e sensação de peso, por exemplo — é sinal de que a fáscia está inflamada.
Como a liberação miofascial ajuda a reduzir dores?
Eis que a liberação miofascial atua para aliviar o quadro inflamatório da fáscia e, consequentemente, dos músculos. Existem algumas formas de realizar o método. “O primeiro é manual, cujo fisioterapeuta ou outro profissional especializado aplica toques para ‘soltar’ os nódulos miofasciais. Entretanto, a pressão deve ser firme e seguir a anatomia do músculo para ter efetividade. Caso contrário, pode provocar ainda mais dor ao paciente”, explica Marini.
É comum ter certo desconforto ao fazer a liberação miofascial, mas ao experimentar muita dor ao toque, é sinal de que o fisioterapeuta precisa dosar a força e a técnica.
“Quando há pouca tolerância ao estímulo miofascial, a pessoa pode até ficar com hematomas depois da prática. Portanto, nesses casos de extrema tensão e rigidez, o especialista precisa liberar as regiões de maneira progressiva, não em uma única sessão”, esclarece.
Além das mãos, o fisioterapeuta pode utilizar outras ferramentas, como pistolas massageadoras e rolos.
Método do rolo de liberação
Para quem busca uma alternativa mais prática e acessível, é possível aderir ao rolo de liberação miofascial. O acessório possui o formato cilíndrico, com opções de EVA e borracha mais macias, para uma massagem mais sutil; assim como versões de PVC de maior densidade, que aumentam a pressão sobre a fáscia.
Dicas para fazer a autoliberação miofascial
Automassagem: você pode usar as mãos, uma bola de tênis ou o próprio para aplicar pressão suave nos pontos de tensão muscular. Capriche em áreas específicas, como os ombros, costas, quadris e panturrilhas. Mova lentamente a bola ou o rolo para cima e para baixo na área, aplicando pressão extra nos pontos mais “emaranhados”. Lembre-se de respirar profundamente durante o processo e evite colocar muita força.
Com o rolo de espuma: deite-se sobre o rolo para que a área tensa fique em contato com o acessório. Então, use os braços e as pernas para se movimentar devagar para cima e para baixo no rolo. Assim, permite que ele pressione e libere a tensão muscular. Massageie uma área de cada vez, mantendo a pressão em pontos específicos de tensão.
Quem pode se beneficiar?
Todo mundo pode fazer a liberação, desde que exista recomendação médica em caso de limitações e doenças reumáticas e musculares, como a fibromialgia. Em quadros como esses, a liberação integra o tratamento de manejo de dores crônicas causadas por algumas enfermidades.
Contudo, o recurso pode trazer alívio para dores de cabeça, musculares e de tendinites. Para quem treina e sofre com dores depois de pegar pesado, é excelente para relaxar. Se existe uma lesão prévia, é útil para estimular o trânsito de nutrientes para a região machucada.