Lecanemab: novo fármaco contra o Alzheimer tem resultados promissores
No final de setembro deste ano, o nome Lecanemab já animava a comunidade científica por um motivo nobre. Após duas fases de testes, o novo medicamento obteve efeitos extremamente positivos contra o avanço da doença de Alzheimer.
Na ocasião, o fármaco estava na terceira fase de testes e freara o declínio cognitivo da doença em 27%. “Como resultado, houve a diminuição desses índices e dos níveis de amiloide no cérebro, os quais foram avaliados periodicamente por meio de tomografia computadorizada. O Lecanemab é um anticorpo monoclonal que se liga seletivamente aos agregados solúveis e tóxicos de beta-amiloide (Aβ) para neutralizá-las e eliminá-las. Dessa forma, o medicamento tem o potencial de retardar a progressão do Alzheimer”, afirmou um trecho do comunicado oficial das farmacêuticas na época.
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Sucesso do Lecanemab se confirma na última etapa de ensaios clínicos
Divulgada ontem na revista científica New England Journal of Medicine, a pesquisa completa sobre o Lecanemab consolidou os resultados promissores. No entanto, além da ação contra o progresso do Alzheimer, o que motiva a medicina é a quebra do jejum de três décadas de estudos sobre a doença.
Nesse período, diversas pesquisas se desenrolaram, mas nenhuma trouxe soluções que atuassem no mecanismo da enfermidade. Embora existam medicamentos que controlem os sintomas, nenhum se destacava por fazê-lo por mais tempo.
Sobretudo que inibissem a ação da beta-amiloide, proteína que se concentra entre os neurônios. Quanto maior o acúmulo de amiloide, maior o dano da doença sobre o indivíduo.
Efeitos colaterais merecem atenção
O achado científico é uma grande conquista na jornada de tratamento do Alzheimer. Contudo, o uso contínuo do fármaco pode oferecer, em média, 19 meses de qualidade de vida a partir dos estágios iniciais da demência.
Para atingir tal benefício, o paciente precisa receber o diagnóstico precoce — situação que raramente ocorre. Afinal, a maioria descobre a condição em processo avançado.
Além disso, existem riscos para alguns pacientes. Nos experimentos, os 1.795 voluntários faziam exames de imagem frequentes por 18 meses, período que as duas fases de testes duraram.
Como resultado, 17% dos pacientes apresentaram hemorragia cerebral, enquanto 13% tiveram edemas no órgão. Por esses motivos, os pesquisadores observaram um risco maior em 7% dos participantes, que tiveram que sair do programa.
Lecanemab é apenas uma “peça” do tratamento
Outro ponto que a pesquisa destacou é que o medicamento é apenas o início de um longo caminho para desvendar o Alzheimer. Portanto, não deve ser tratada como a única solução para conter a doença, pois não a combate em casos críticos.
Fatores como o sistema imunológico e outros mecanismos de inflamação requerem mais pesquisas para integrar o tratamento. Além da beta-amiloide, uma proteína chamada “tau” faz parte da neurodegeneração.