Kit ressaca não funciona e pode ser perigoso. Veja o porquê
Depois de muitas expectativas e contagens regressivas, o carnaval finalmente chegou. No entanto, antes de se jogar nos blocos, festas e tudo o que se tem direito, a saúde precisa estar em primeiro lugar. Aqui, vamos falar do kit ressaca, uma combinação de medicamentos que muita gente utiliza para minimizar os efeitos negativos do álcool no organismo.
No entanto, hepatologistas reforçam que esses kits não funcionam, e podem ser perigosos para o fígado e a saúde em geral.
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Riscos do kit ressaca para a saúde
Cláudia Ivantes, médica hepatologista do Centro de Cirurgia, Gastroenterologia e Hepatologia (CIGHEP), alerta que o consumo de álcool pode ter consequências para a saúde. Por exemplo, cirrose hepática e outras doenças do fígado.
No entanto, o uso de medicamentos do “kit ressaca” pode trazer riscos adicionais. A venda de conjuntos de medicamentos com essa finalidade específica é proibida no Brasil.
“O fígado é o órgão responsável por metabolizar o álcool no organismo e o consumo excessivo pode levar à inflamação. Esses medicamentos geralmente possuem substâncias como paracetamol e cafeína, que podem causar danos ao fígado e aos rins. Sobretudo em pessoas que já têm alguma doença hepática ou renal pré-existente”, explica a médica.
Como prevenir os sintomas da ressaca?
Para mitigar os riscos do consumo excessivo de álcool e do uso do kit ressaca, a médica indica algumas medidas simples. A primeira é beber com moderação, sempre. Em conjunto, mantenha-se hidratado e evite o consumo de bebidas alcoólicas em jejum.
Outra dica é não misturar bebidas alcoólicas e priorizar o sono, evitando a ingestão excessiva de bebidas energéticas.
Daphne Morsoletto, hepatologista do CIGHEP, explica que o álcool é metabolizado no corpo por meio do fígado, que o converte em acetaldeído, uma substância tóxica. O acetaldeído se converte em acetato, que o corpo consegue expelir. Mas, quando uma pessoa bebe muito, o fígado não consegue metabolizar todo o álcool, o que leva à acumulação de acetaldeído no corpo.
Como resultado, a concentração da substância pode causar danos irreversíveis ao fígado.
“Não existe dose segura para consumo de álcool. A orientação é não ingeri-lo com frequência e, nestas ocasiões, evitar abusos e doses excessivas. O consumo moderado, sem frequência e sem excessos, pode não ser prejudicial para algumas pessoas. Contudo, é importante lembrar que isso varia de acordo com a idade, sexo, peso e outros fatores de saúde”, acrescenta a especialista.
Além disso, as hepatologistas destacam a importância de evitar o uso de medicamentos para dor e anti-inflamatórios.
“O consumo de álcool em conjunto com esses medicamentos pode ser danoso para o fígado. Caso sinta desconforto abdominal, náusea ou qualquer outra reação adversa, procure ajuda médica imediatamente”, alerta Daphne.