Ele já fez mais de 100 doações de sangue e plaquetas: “dar um pouco da minha saúde para quem precisa”

Saúde
14 de Junho, 2024
Ele já fez mais de 100 doações de sangue e plaquetas: “dar um pouco da minha saúde para quem precisa”

Para muita gente, Junho Vermelho é o mês oficial da campanha de Conscientização sobre a Doação de Sangue. Para Wagner Hirata, de 44 anos, o ato acontece o ano inteiro.

Desde 2000, ele tem o gesto como um propósito de vida, e hoje já acumula mais de 100 doações – contando sangue e plaquetas. No Dia Mundial do Doador de Sangue (14/06), inspire-se na história de Wagner:

Junho vermelho: trajetória de Wagner

Ter muitos filhos, ser uma pessoa melhor e ajudar os outros. Essas sempre foram as três grandes motivações de Wagner desde a juventude.

Uma delas teve que ser renegociada logo após o nascimento de sua primeira e única filha, Melissa, atualmente com 14 anos. “Depois que tive a Melissa, entendi todo o trabalho envolvido na criação de uma criança, e parei por aí”, conta.

Pensando no propósito de melhorar como pessoa, Wagner acabou investindo na leitura, no amadurecimento, no autoconhecimento e, principalmente, no não materialismo. “Eu prefiro uma vida confortável a bens e status. Por isso, opto por usar a bicicleta para me locomover, por exemplo.”

homem ensinando uma senhora a andar de bicicleta

Ele também é voluntário do grupo Bike Anjo, e ensina pessoas a andarem de bicicleta pela cidade. Foto: Acervo Pessoal

Ajudar o próximo

Mas e como ajudar as pessoas? Wagner encontrou, há 24 anos, uma forma de passar adiante um pouquinho do seu recurso mais precioso: a saúde. “Enquanto a vida te dá a oportunidade de poder ajudar, proteger ou cuidar de alguém, você tem que aproveitar. Isso não é uma obrigação, é um privilégio. Se eu tenho o privilégio de ser saudável, não posso guardá-lo só para mim”, explica.

Por isso, desde 2000, ele já realizou mais de 100 doações de sangue e plaquetas. É um membro do Clube Irmãos de Sangue, grupo da Fundação Pró-Sangue SP que reconhece doadores voluntários. Somente lá, contabiliza mais de 94 doações.

selfie de um homem usando máscara

Wagner em uma de suas doações. Foto: Acervo Pessoal

E não para por aí: bancos de sangue da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, do Hospital Sírio-Libanês, do Hospital Israelita Albert Einstein e da Santa Casa foram alguns dos lugares que já receberam a ajuda de Wagner.

Seus atos também ultrapassaram fronteiras e chegaram a outros estados. “Eu tenho família em Fortaleza, minha mãe é de lá. Em 2016, fui visitar a cidade e resolvi doar no Hemoce. No ano seguinte, viajei com a minha filha para o Rio e fiz a mesma coisa”, lembra. Ele só deu uma pausa quando precisou morar nos Estados Unidos por quase dois anos. “Era uma frustração não poder continuar.”

Agora, ele diz que não pretende parar tão cedo: quer doar enquanto tiver saúde e idade para tal. “Eu acho que é uma urgência: se eu posso ajudar, tenho que ajudar. É uma cobrança que a gente tem que ter.”

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Junho vermelho: por trás do ato

Mas é claro que esse grande gesto de generosidade requer organização e preparação. Isso porque os homens devem respeitar um intervalo de 60 dias entre uma doação de sangue e outra (não ultrapassando quatro doações ao ano). Já as mulheres podem doar a cada 90 dias com um máximo de três doações em 12 meses.

Para não ficar tanto tempo aguardando a data da próxima coleta chegar, Wagner, além das doações de sangue, também realiza doações de plaquetas a cada 15 dias – o período mínimo de espera entre um procedimento e outro na Fundação Pró-Sangue é de sete dias, sendo no máximo 24 doações no ano.

Além disso, os candidatos devem atender a requisitos básicos que os tornam aptos para as coletas*:

  • Estar em boas condições de saúde – isso é definido pela equipe médica do hemocentro durante a triagem clínica;
  • Ter entre 16 e 69 anos, desde que a primeira doação tenha sido feita até 60 anos;
  • Pesar, no mínimo, 50kg;
  • Estar descansado (ter dormido pelo menos seis horas nas últimas 24 horas);
  • Estar alimentado (evitar alimentação gordurosa nas quatro horas que antecedem a doação);
  • Apresentar documento original com foto recente que permita a identificação do candidato e emitido por órgão oficial;
  • Por fim, no caso da doação de plaquetas: nunca ter engravidado (para mulheres) e não ter feito uso de aspirina, AAS ou anti-inflamatórios não hormonais nos três dias que precedem a doação.

*Confira todos os critérios para doações de sangue e plaquetas na Fundação Pró-Sangue. 

Enquanto todo o processo de doação de sangue dura em torno de 40 minutos, a doação de plaquetas pode levar 90 minutos – já que o sangue do voluntário é retirado, passa por uma espécie de centrífuga, e depois retorna ao corpo.

foto de um braço com sangue sendo coletado

Foto: Acervo Pessoal

Realização

Ciclista há anos e um vegetariano preocupado com a qualidade da sua alimentação, Wagner tem os exames em dia e sempre foi aprovado para as doações. E jura que não passa mal durante os procedimentos. “Minha pressão nunca caiu”, diz. De qualquer forma, há sempre uma equipe a postos para cuidar dos voluntários, e todos recebem um lanchinho pós-coleta.

Para Wagner, o sentimento que fica depois de cada doação é de dever cumprido. “Eu sei que três pessoas estão deixando de sofrer ou sofrendo menos por minha causa.”

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Sobre o autor

Amanda Panteri
Jornalista e repórter da Vitat. Especialista em alimentação saudável.

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