Já nascemos com o transtorno bipolar? Entenda
O transtorno afetivo bipolar, também conhecido como TAB, é uma doença mental caracterizada pela alternância entre depressão e euforia. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que o transtorno afete cerca de 140 milhões de pessoas no mundo, sendo uma das principais causas de incapacidade.
Mas será que já nascemos com o transtorno bipolar? A condição pode ser passada de pai para filho? Confira a seguir.
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O transtorno bipolar é genético?
Quando se fala de transtorno bipolar, a genética representa um fator de risco essencial nas chances de se desenvolver a patologia, já que a herança se caracteriza por mecanismos complexos de transmissão envolvendo múltiplos genes.
Sendo assim, é possível afirmar que as pessoas nascem com uma predisposição ao transtorno bipolar como herança genética, porém, essa predisposição poderá se desenvolver ou não ao longo da vida. Além disso, de acordo com a psicóloga Rejane Sbrissa, outros fatores psicossociais e ambientais podem contribuir.
“O transtorno bipolar não tem uma única causa, mas existe o componente genético, que pode acometer mais membros da família. Porém, existem fatores psicossociais e ambientais também” e faz um alerta “Ter um membro da família com o transtorno não quer dizer que todos terão”, explica.
Episódios de depressão e mania
O transtorno é marcado por alterações bruscas entre estados de euforia e depressão, ou seja, ora o paciente apresenta alegria desproporcional, com excesso de energia, e em outros momentos, demonstra quadros depressivos que são sinalizados pela diminuição do sono e tristeza profunda.
De acordo com a psicanalista, Rita Martins “só é possível ter certeza do diagnóstico após o paciente passar pelas duas fases. Por isso, muitos indivíduos num primeiro momento são tratados pelo médico considerando um transtorno depressivo ou mesmo episódio de ansiedade.”
Entenda os dois estados:
Episódio maníaco
Nesse estado de transtorno, o paciente demonstra um humor elevado e expansivo. A sua autoestima é inflada e há picos de energia. A necessidade de sono é baixa, sendo que também não há muito cansaço. É neste momento que episódios como compras exageradas e atividades de risco podem acontecer. Geralmente, o episódio maníaco dura por volta de 1 semana.
Episódio depressivo
O paciente em fase depressiva apresenta tristeza profunda, falta de energia, desmotivação e, muitas vezes, pode apresentar um olhar pessimista sobre as situações. Esse episódio costuma durar semanas e até mesmo meses.
Causas
A causa do transtorno bipolar ainda não foi determinada. No entanto, sabemos que alguns fatores genéticos, alterações em certas áreas do cérebro e níveis de vários neurotransmissores estão envolvidos.
Além disso, algumas situações podem favorecer o desenvolvimento do transtorno como histórico familiar, estresse intenso e experiências traumáticas de vida. Geralmente, a patologia se manifesta no final da adolescência e no início da vida adulta.
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Tratamento
Primeiramente, o paciente precisa se submeter ao diagnóstico, realizado através da análise clínica que considera o histórico do paciente e o exame psíquico, que consiste na avaliação do médico sobre os sintomas apresentados.
Em seguida, o tratamento é realizado com terapia e uso de medicamentos para regular o humor. A Dra Rita reforça a importância de aliar o medicamento à terapia:
“Estima-se que 60% dos pacientes interrompam o tratamento, parando de tomar os remédios por conta própria quando se sentem melhor e, com isso, a recaída normalmente vem com força total. Por outro lado, a principal função da terapia é ajudá-los a manejar melhor com o estresse consequente da psicopatologia”, ressalta.
Além disso, de acordo com a psicóloga, Dra Rejane, a família deve demonstrar apoio ao tratamento, já que pessoas com transtorno bipolar, geralmente, apresentam resistência em procurar ajuda. Aqui vão algumas dicas da especialista sobre como a família pode ajudar o paciente:
- Ter disponibilidade em apoiar o tratamento disponibilizando seu tempo;
- Prestar atenção ao paciente para identificar gatilhos que desencadeiam as crises;
- Conversar abertamente com o paciente sobre as suas percepções;
- Checar se o paciente está tomando os medicamentos corretamente e sem interrupção, além de manter o acompanhamento de psicoterapia.
Sendo assim, a psicanalista Rita Martins afirma que “o familiar precisa receber uma orientação, tecnicamente chamada de psicoeducação para aprender a lidar com as oscilações de humor. Para tanto, é recomendado terapia familiar.”
É importante reforçar que o transtorno bipolar é uma doença crônica e precisa ser acompanhada durante a vida toda. Com o acompanhamento de um psiquiatra e um psicólogo, o paciente tem grandes chances de ter uma qualidade de vida boa e saudável.
Fontes:
- Dra Rejane Sbrissa, Psicóloga Cognitivo Comportamental especializada em transtornos e compulsões;
- Dra Rita Martins, Psicanalista, com mestrado em Psicologia.