Infertilidade de homens e mulheres cresce; quais os motivos?
Um novo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgado nesta terça-feira mostra que está cada vez mais difícil engravidar. A infertilidade de homens e mulheres cresceu — 1 a cada 6 adultos está sofrendo com a condição. Ou seja, 17,5% da população mundial enfrenta desafios para ter filhos de maneira natural.
A prevalência ao longo da vida foi de 17,8% em países de alta renda e 16,5% em países de baixa e média renda. “O relatório revela uma verdade importante: a infertilidade não discrimina”, disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS.
“A grande proporção de pessoas com o quadro revela a necessidade de ampliar o acesso aos cuidados de fertilidade e garantir que esse problema não seja mais deixado de lado nas pesquisas e políticas de saúde”, completou o porta-voz em comunicado oficial.
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Afinal, por que a infertilidade de homens e mulheres está crescendo?
Não é de hoje que a capacidade de gerar herdeiros é alvo de estudos. Em novembro de 2022, a Universidade de Oxford observou uma queda significativa da contagem de espermatozoides.
Publicada na Human Reproduction Update, a revisão constatou que a média de espermatozoides por homem era de 100 milhões por mL em 1973. Por sua vez, em 2018, os homens apresentam menos da metade da contagem anterior — 49 milhões.
Antes dessa análise, outras pesquisas já haviam mostrado o declínio, que não necessariamente resulta em um quadro de esterilidade. Agora, com o panorama geral de infertilidade de mulheres e homens, o alerta da OMS precisa de atenção especial.
A seguir, confira os possíveis motivos que estão provocando a dificuldade para engravidar.
Estilo de vida
Para o ginecologista e obstetra Geraldo Caldeira, a razão para a queda dos espermatozoides é multifatorial. “Várias hipóteses estão em estudo: uso de hormônios, consumo de agrotóxicos, sedentarismo, obesidade e até mesmo a influência de ondas eletromagnéticas (de computadores, aparelhos eletrônicos e Wi-fi, por exemplo) são algumas possibilidades”, explica o médico.
As mesmas razões que afetam os homens também prejudicam as mulheres. Afinal, todos os fatores citados pelo especialista e pelos estudos atrapalham o equilíbrio do metabolismo.
Portanto, nosso estilo de vida pode ser um grande responsável pela infertilidade entre ambos os gêneros.
Assim, uma das alternativas para melhorar a saúde reprodutiva é mudar os hábitos controláveis. Por exemplo, ter uma vida mais ativa, uma alimentação com menos ultraprocessados e industrializados e evitar substâncias nocivas como o álcool e o cigarro.
Aderir a uma rotina mais equilibrada não nos deixa somente mais saudáveis. Cuidar da saúde previne, sobretudo, doenças que podem causar a infertilidade.
A obesidade, por exemplo, é uma enfermidade metabólica que resulta em diversos problemas para engravidar. A síndrome dos ovários policísticos é uma delas, e afeta boa parte das mulheres com obesidade.
No entanto, o ambiente onde vivemos, cercado de poluição e de exposição a diversos elementos tóxicos são um problema de saúde pública.
Idade, um dos fatores que favorece a infertilidade de homens e mulheres
Outra questão que influencia bastante na saúde reprodutiva é a idade. De acordo com Geraldo Caldeira e o urologista Alex Meller, muitos casais estão adiando os planos de ter filhos.
“Eles planejam o aumento da família e se concentram primeiro em outras questões da vida. Então, quando se sentem prontos para ter filhos, já estão mais velhos”, comenta Meller.
Dessa forma, é importante pensar a longo prazo e aderir a alternativas que viabilizem a concepção tardia.
Acesso restrito a tratamentos para engravidar
Embora o planejamento seja uma boa maneira de garantir herdeiros para casais mais velhos, existe o obstáculo da falta de acesso democrático a tratamentos do tipo.
Atualmente, na maioria dos países, os tratamentos de fertilidade precisam de financiamento próprio. Ou seja, as pessoas precisam ter dinheiro para viabilizar a vontade de ter um bebê.
Segundo a OMS, os habitantes de países mais pobres gastam uma proporção maior de sua renda com cuidados de fertilidade em comparação com aqueles que moram em países mais ricos.
“Políticas melhores e financiamento público podem melhorar o acesso ao tratamento e proteger as famílias mais pobres de cair na pobreza como resultado”, diz Pascale Allotey, diretor de Saúde e Pesquisa Sexual e Reprodutiva da OMS.