Infarto fulminante: o que é, causas e formas de prevenção
Nos últimos tempos, as notícias sobre mortes decorrentes de um infarto fulminante podem assustar e preocupar muita gente. Afinal, de acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), mais de um terço das pessoas que sofrem um infarto dessa proporção chegam ao hospital sem vida. Durante a pandemia, a situação tornou-se mais crítica: um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), do Hospital Alberto Urquiza Wanderley e da SBC, o número de mortes por doenças cardiovasculares aumentou em até 132% no Brasil.
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O que é infarto fulminante?
O infarto fulminante, ou infarto do miocárdio, é aquele que acontece de forma repentina, mas não necessariamente causa a morte. O médico cardiologista Fernando Costa, da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, explica que algumas pessoas não percebem que estão prestes a ter ou que estão tendo um infarto, pois ele pode ser assintomático. Na avaliação do especialista, essas situações são as mais perigosas, pois a pessoa não busca atendimento médico a tempo. “Dessa forma, uma grande parcela acaba morrendo subitamente”, afirma. Aqui, vale um parênteses: ao contrário do que muitos pensam, a morte súbita não acontece necessariamente de uma hora para outra. Às vezes, os sinais do evento se desenrolam por algumas horas até a fatalidade.
Causas do infarto fulminante
Segundo Costa, o infarto é fruto de uma obstrução aguda de uma das artérias do coração, que nós chamamos coronárias. “Uma parte do músculo cardíaco fica sem receber sangue e oxigênio. Como resultado, surgem graves alterações no metabolismo que podem levar a arritmias fatais. Portanto, o infarto fulminante é uma consequência dessa falta da devida nutrição ao coração”, explica.
Fatores de risco
Não é do dia para a noite que uma placa de gordura surge em nossas artérias. Fernando Costa afirma que a maioria dos fatores de risco são evitáveis, pois muitos estão relacionados a doenças geradas por hábitos. “Por exemplo, obesidade, diabetes, colesterol alto e hipertensão são, muitas vezes, efeitos de um estilo de vida”, comenta. Em outras palavras, o estilo de vida favorável ao problema envolve:
- Consumo excessivo de álcool e tabagismo.
- Alimentação regada a muito sódio, gordura e ingredientes ultraprocessados.
- Sedentarismo.
- Falta de prevenção adequada: a maioria só vai ao médico quando tem alguma queixa.
- Hereditariedade: doenças congênitas ou predisposição a enfermidades cardíacas e correlatas.
Sintomas
Geralmente, a pessoa começa a sentir dor no peito, cansaço, sudorese e mal estar que podem durar por algumas horas. No entanto, se a área afetada do coração for grande, o órgão fica mais comprometido e o indivíduo pode perder a consciência temporariamente ou, até mesmo, ir a óbito. “Antes de mais nada, é importante buscar atendimento médico imediato para a reversão do quadro. Diga-se de passagem, esta é uma das é atitudes que ajudam a reduzir as mortes por infarto do miocárdio”, recomenda Costa.
Diagnóstico e tratamento
Em uma situação emergencial que o paciente chega desacordado ou com os sintomas típicos de um infarto, o diagnóstico é clínico. Exames como a saturação de oxigênio, eletrocardiograma, ecocardiograma e tomografia ajudam a confirmar o episódio. Para estabilizar o enfermo, há uma série de condutas, dependendo do estado de saúde e do coração. Por exemplo, uso de medicamentos trombolíticos, desfibrilador e intervenção cirúrgica, como a angioplastia de urgência, integram a linha de cuidados para um infarto.
É possível prevenir um infarto fulminante?
O especialista da BP afirma que a prevenção está diretamente ligada aos hábitos de vida e ao cuidado contínuo com as doenças existentes, se houver alguma. “Precisamos reduzir impacto desses fatores. Controlar o colesterol, diabetes, pressão alta… Outra prática essencial é a de atividade física. Apenas 40 minutos por dia, uma parcela muito pequena dos minutos que você dispõe por dia”, recomenda Costa.
Afinal, todo infarto fulminante mata?
Essa é uma dúvida comum, mas não é uma regra. Por outro lado, Costa relembra que o atendimento médico precoce ajuda a salvar muitos casos de infarto e faz um alerta: pacientes com lesões cardíacas menores, que não sentem dor ou outro sintoma, são mais vulneráveis. “Em quase 40% ou 50% das ocorrências de infarto, a lesão não era maior do que 50%, ou seja, não era grande. Por fim, a prevenção é fundamental: se você tem placas nas artérias do coração, é importante o uso de medicamentos específicos, entre eles os que reduzem os níveis de colesterol”, finaliza.
Fonte: Fernando Costa, cardiologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.