Imunidade no frio: por que ficamos mais doentes nessa época do ano?
É só o frio bater à porta que os sinais de doenças respiratórias comecem a aparecer e afetar a nossa imunidade. Os principais sintomas logo aparecem com a congestão nasal, fortes espirros e dor de cabeça. Mas afinal, porque será que ficamos mais doentes no frio?
Para responder a essa pergunta, conversamos com o Dr. Gleison Guimarães, médico especialista em pneumologia pela Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT). Confira a seguir.
Entendendo a relação entre o frio e a imunidade
Uma das principais características do outono e inverno é o tempo seco e o ar gelado que podem ressecar a cobertura das vias respiratórias. O problema, segundo o médico, é que esse ressecamento causa uma ruptura da membrana protetora, resultando no maior risco de invasão de agentes como vírus e bactérias através da mucosa do trato respiratório.
Nesse sentido, crianças e idosos são ainda mais propensos a serem impactados por doenças respiratórias, por já terem o sistema imunológico comprometido (em desenvolvimento ou debilitado pelo envelhecimento)
Além dessa baixa proteção natural, no frio, também tendemos a ficar em ambientes mais fechados, aquecidos e com menor circulação de ar. O que significa que os agentes infecciosos – que já estão em alta nesse período – possuem o ambiente ideal para serem transmitidos de pessoa para pessoa. Dessa forma, esses fatores aumentam os riscos de contaminação e de manifestação de doenças sazonais como sinusite, pneumonia, bronquite e crise de asma.
Veja também: Canja de galinha fortalece a imunidade? Entenda o que a ciência tem a dizer
Nem tudo é gripe
Segundo Gleison, existe uma grande confusão de muitos entre um estado gripal ou resfriado comum causado por alguns vírus respiratórios e estados alérgicos como descompensação da rinite alérgica e da asma.
“Frequentemente, ouço de muitas pessoas que basta chegar o inverno e o frio para que elas fiquem gripadas”, afirma. A resposta para isso, de acordo com o pneumologista, é que algumas pessoas são mais sensíveis ao frio e esse estado pode desencadear uma alteração no sistema nervoso autônomo. Esse mecanismo é responsável por manter o equilíbrio do organismo, regulando atividades como respiração, excreção e circulação.
Dessa forma, o corpo apresenta sinais desse desequilíbrio no sistema nervoso que se manifestam através de sintomas como rinite, congestão, nariz entupido e coriza. Sinais que podem ser confundidos com a gripe, mas na verdade, são indícios de estado gripal.
Dicas de ouro: como não ficar doente no frio
O nosso sistema imunológico depende principalmente de três fatores: sono equilibrado e reparador, com duração e qualidade, boa alimentação e atividade física. A seguir, confira dicas práticas para fortalecer a imunidade:
- Aumente a exposição à luz ao despertar;
- Invista em roupas mais quentes para evitar a perda de calor;
- Evite dormir de cabelo molhado;
- Dedique-se a ter boas noites de sono, considerando a média entre 7 – 9 horas;
- Pratique atividade física;
- Use um umidificador ou enxágue nasal para evitar ressecamento de suas vias aéreas;
- Certifique-se de que seu quarto não esteja muito quente ou muito frio;
- Reforce a alimentação saudável e hidrate-se;
- Evitar praticar atividade física em ambientes frios;
- Mantenha a casa limpa, sem poeira e bolor;
- Evite o consumo de tabaco;
- Se perceber o ambiente muito seco, experimente colocar uma toalha molhada no quarto para dormir melhor.
- Evite locais fechados e sem ventilação.
Imunidade no frio: Vacinas são essenciais
De acordo com estimativas da Organização Mundial da Saúde – OMS, anualmente entre 5% e 10% da população mundial é infectada pelo influenza – e até 650 mil pessoas morrem. No Brasil, em 2022, foram 10,5 mil internações e 1.430 óbitos associados à doença. Esse número poderia ser reduzido com a vacinação, uma potente arma contra a infecção e contra o agravamento de quadros clínicos.
Portanto, as vacinas não podem ficar de fora do reforço da imunidade. Assim, a proteção anual contra a gripe é importante para evitar hospitalizações e óbitos em meio ao avanço da disseminação do vírus que ocorre sazonalmente com a chegada do inverno.
Fonte: Dr. Gleison Guimarães, médico especialista em Pneumologia pela UFRJ e Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT).