Bullying: impactos na saúde mental de quem usa óculos
O bullying, infelizmente, é algo muito comum nos dias atuais. De acordo com uma pesquisa realizada em 2019, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 23% dos estudantes do país afirmaram já terem sofrido bullying. Outro estudo, realizado em 2019, pela Universidade de Buffalo (EUA), constatou que um terço dos adolescentes que sofriam esse tipo de assédio também apresentavam sintomas de depressão, alterações no sono, irritabilidade, reclusão social e outros distúrbios.
Geralmente, esse tipo de intimidação é mais frequente em certas comunidades e minorias sociais. Quando aliado a outros fatores, como a pressão estética, por exemplo, o bullying pode se tornar ainda mais devastador. Um dos grupos mais frequentemente acometidos pelo bullying – principalmente na infância – é o das pessoas que utilizam óculos.
Impactos na mente da criança
Tradicionalmente, quanto maior o grau e o nível de complexidade da disfunção ocular, mais grossas são as lentes utilizadas para corrigi-la, o que acaba gerando o famoso efeito “fundo de garrafa”. Por isso, nossos olhos parecem maiores por trás dos óculos. Mas essa sensação pode ocasionar um grande desconforto ao usuário, que acaba ocasionando problemas de autoestima.
Um exemplo bem comum de bullying contra pessoas de óculos pode ser facilmente encontrado em filmes e séries. Quantas vezes já não nos deparamos com uma cena de violência física e verbal contra garotos e garotas por utilizarem óculos de lentes grossas? Essas produções culturais ajudam ainda mais a reforçar o estereótipo da pessoa com óculos como “fora do padrão” e merecedora de deboche.
Mas a boa notícia é que atualmente existem no mercado inúmeras opções de produtos oculares capazes de proporcionar um maior conforto ao usuário, como lentes de contato, por exemplo.
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Como combater o bullying na escola
Para combater o bullying na escola, o ideal é que tanto o autor da prática quanto a vítima façam tratamento psicológico.
“Na psicologia trabalhamos os esquemas iniciais desadaptativos, que fala sobre o sentimento de defectividade e vergonha. Isto é, o motivo pelo qual o indivíduo se sente defeituoso, mau, indesejável, inferior ou incapaz. As características mais encontradas em crianças que praticam bullying são de egoísmo, impulsos raivosos ou de se sentir inadequado socialmente”, aponta a psicóloga Deise Moraes, em entrevista anterior à Vitat.
Um dos pontos mais importantes é o apoio dos pais. Isso porque a privação de cuidados, empatia, orientação e privação podem acarretar consequências agressivas e tóxicas durante a infância, adolescência e na fase adulta.
“Pais, acolham seus filhos de forma responsável. Não sobrecarregue-os emocionalmente com suas diferenças, pois, assim, eles acreditam que é correto tratar outras pessoas desse modo. Diálogo e parceria é a forma de conquistar a confiança e o coração de uma criança, quando eles não confiam eles tendem a se tornar adolescentes ou adultos inseguros e sentem medo de qualquer forma de relacionamento”, finaliza a psicóloga.
Fonte: Deise Moraes Saluti, psicóloga, neuropsicopedagoga e escritora.