Paciente com ideação suicida: como funciona o tratamento?

Bem-estar Equilíbrio
19 de Setembro, 2022
Paciente com ideação suicida: como funciona o tratamento?

O mês de setembro é marcado pela campanha de prevenção ao suicídio, o setembro amarelo. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que cerca de 800 mil pessoas se suicidam anualmente, em todo o mundo. Mas é fundamental ressaltar a importância deste tema diariamente, não apenas do suicídio, como também da ideação suicida. 

O que é ideação suicida?

De acordo com a Dra. Danielle H. Admoni, psiquiatra geral, a ideação suicida é o fato de a pessoa pensar em tirar a própria vida. Existem dois tipos de ideação suicida: a não estruturada, onde a pessoa pensa e tem vontade de se suicidar; e a muito estruturada, que é quando há planos concretos, ou seja, a pessoa já definiu o local, o horário e como que ela vai tentar o suicídio.

Mas a especialista ressalta que nem toda pessoa com ideação suicida vai realmente se matar. “A gente sabe que tem alguns fatores protetivos relacionados, como por exemplo a família, a religião. A pessoa pensa ‘não teria coragem por conta da minha religião ou por conta do meu filho’. Ou seja,  apesar da ideação suicida ser um fator importante de risco para o suicídio, nem sempre acontece.”

Leia também: Setembro Amarelo: Como identificar se uma pessoa precisa de ajuda

Tratamento para pacientes com ideação suicida

Antes de mais nada, é fundamental que o paciente com pensamentos suicidas busque ajuda psicológica o mais rápido possível. E claro, ter o apoio de familiares e amigos durante esse período.

Para a Dra. Danielle, a maioria dos profissionais de saúde não tem preparo para lidar com a ideação suicida. “É uma dificuldade muito comum na grande maioria dos hospitais, inclusive privados, pois é necessário pagar para ir a um psiquiatra ir até lá. Nos hospitais públicos nem todos têm serviço de psiquiatria.” 

Quando há tentativa de suicídio, a Dra. Danielle explica que o mais importante é manter a vida do paciente. “Dependendo do que a pessoa fez, se ela ingeriu alguma coisa, se ela se cortou, enfim, se ela se jogou em algum lugar. O primeiro passo é tratar a pessoa fisicamente, para tirar ela daquela urgência de vida”, declara a psicóloga.

Após esse processo, é importante que o paciente tenha o acompanhamento de um profissional de saúde mental que avalie o risco de suicídio. “Aquela pessoa pode não ter conseguido se matar mas ela pode sair do pronto-socorro e tentar se suicidar de novo”, lembra Dra. Danielle.

Em casos mais graves, quando há um risco de suicídio muito alto, é indicado a internação.

Só um profissional de saúde mental no caso do psiquiatra vai conseguir avaliar e saber enfim se o paciente precisa ser internado, se pode ir pra casa ou se ele precisa de acompanhamento vinte e quatro horas da enfermagem ou dos familiares.

Medicação para ideação suicida 

Segundo a psicóloga entrevistada, não existe medicação específica para pacientes com ideação suicida. Na verdade, 95% das tentativas de suicídio tem como base um transtorno mental. Por isso, é fundamental tratar esse transtorno, que normalmente está relacionado com quadros depressivos, transtorno afetivo bipolar e uso de substâncias, entre outros.

“É importantíssimo tratar essa essa doença de base para poder prevenir os o suicídio. Mas não há uma medicação para prevenir o suicídio”, comenta.

Importância da empatia dos profissionais

Sem dúvidas, o mais importante é que o paciente se sinta acolhido pela equipe médica. Mas a Dra. Danielle lembra que, na maioria das vezes, isso não acontece. 

“Todos os dias os profissionais de saúde salvam vidas, e aí chega aquela pessoa com tentativa de suicídio e vai contra tudo o que está acontecendo num serviço de emergência. Os profissionais acabam lidando com isso com raiva ou fazendo piada, quando na verdade aquela pessoa está pedindo ajuda”, diz. 

Os transtornos psicológicos devem ser tratados como doenças físicas, pois afetam a saúde do paciente da mesma forma. Por isso, a Dra. Daniella ressalta que é extremamente importante que os profissionais dos hospitais acolham os pacientes e não façam piadas e nem brinquem com a situação.

Fonte: Dra. Danielle H. Admoni, psiquiatra geral, preceptora na residência da Escola Paulista de Medicina UNIFESP e especialista pela ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria).

Sobre o autor

Julia Moraes
Jornalista e repórter da Vitat. Especialista em fitness, saúde mental e emocional.

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