HIV e Aids: Principais dúvidas respondidas por um especialista

Saúde
06 de Dezembro, 2021
HIV e Aids: Principais dúvidas respondidas por um especialista

O mês de dezembro é dedicado à mobilização nacional na luta contra o vírus HIV, a Aids e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Assim, a campanha Dezembro Vermelho tem como objetivo colocar em pauta a prevenção, a assistência e a proteção dos direitos das pessoas que vivem com as condições.

Dessa forma, estima-se que no Brasil existam 920 mil pessoas com o vírus HIV. Dados da Secretaria de Saúde do Distrito Federal mostram que, nos últimos anos, o número de novas detecções pelo vírus e de adoecimento por Aids caiu.

O vírus HIV foi descoberto em 1984. Mas apesar de haver tratamento para a doença que ele causa, o contágio e a possibilidade de controle ainda são cercados de mitos. Consequentemente, surge a desinformação e o estigma sobre pessoas infectadas.  

Pensando nisso, saiba o que é mito e o que é verdade com o infectologista do Hospital Brasília, André Bon: 

Quem tem HIV, tem AIDS?

Não. Apesar de a confusão ser frequente, HIV e Aids não são a mesma coisa. HIV é a sigla para vírus da imunodeficiência humana, e Aids é a sigla para a síndrome da imunodeficiência adquirida, doença que atinge o sistema imunológico do indivíduo.

“Pessoas infectadas pelo HIV podem demorar entre 5 e 10 anos para desenvolver Aids. Ainda assim, não é sempre que o portador do vírus desenvolve a doença. Por isso, em casos em que o diagnóstico é realizado cedo e o tratamento iniciado tempestivamente, é pouco provável que o vírus evolua para a doença. Por isso, a importância do diagnóstico precoce e do início tempestivo do tratamento”, explica o infectologista.

Caso o teste dê negativo, ainda há possibilidade de ter contraído HIV?

Sim. Caso o teste sorológico seja realizado em menos de 14 dias após o contato com o vírus, há possibilidade de o resultado ser falso negativo. Assim, este período é chamado de janela imunológica e é o tempo mínimo para que sejam produzidas quantidades suficientes de anticorpos detectáveis pelo método, ou que haja quantidade de vírus suficiente para que o teste sorológico detecte seu antígeno.

HIV e Aids: O indivíduo é exposto ao vírus somente se tiver relações sexuais desprotegidas?

Não. A maior parte das infecções ocorre por conta de relações sexuais sem proteção. Entretanto, existem outras maneiras de se infectar, como com o compartilhamento de agulhas ou com acidentes perfurocortantes com material biológico.

O HIV pode ser transmitido via sexo oral?

Sim. A via oral é de baixo risco, contudo, caso haja ejaculação e exista alguma ferida na boca, a contaminação pode acontecer. O infectologista ressalta que outras ISTs, como a sífilis, podem facilmente ser transmitidas via oral.

HIV e Aids: É possível se infectar em atividades como fazer tatuagem, ir à manicure ou ao dentista?

Não. Normalmente, esses profissionais tomam precauções para evitar a transmissão tanto do HIV quanto das diversas doenças transmissíveis pelo sangue, como hepatites B e C.

Mulheres soropositivas podem ter filhos normalmente sem que estes tenham o HIV?

Sim. Desde que façam o uso da medicação desde o início da gestação e estejam com carga viral indetectável no momento do parto. Além disso, a utilização de medicamentos no momento do parto para as mulheres que não estiverem com carga viral indetectável reduz muito o risco de transmissão.

Mesmo realizando o tratamento correto, portadores do HIV podem ter um tempo de vida mais curto?

Não. Em geral, pacientes com HIV que iniciam o tratamento no momento adequado têm uma expectativa de vida semelhante à da população geral. Portanto, somente aqueles que começam tardiamente ou não aderem à medicação e desenvolvem a Aids têm redução na expectativa de vida.

Pessoas em tratamento transmitem o HIV?

Não. A terapia antirretroviral (TARV), se realizada corretamente, reduz a quantidade do HIV no sangue para níveis tão baixos que se tornam indetectáveis nos exames utilizados para contá-los. “Permanecer no tratamento, portanto, é importantíssimo para evitar a replicação do vírus e chegar à carga viral indetectável”, destaca o médico. “O paciente em tratamento com carga viral indetectável não transmite o vírus pela via sexual”, conclui.

Quem vive com o HIV pode beijar, abraçar e dividir itens pessoais?

Sim. Pessoas que convivem com o HIV não apenas podem, como devem abraçar, beijar e viver normalmente. O vírus não é transmitido pela saliva. É importante destacar que itens pessoais não devem ser compartilhados por ninguém, independentemente da situação.

Pessoas com HIV não precisam usar camisinha se o parceiro também tiver o vírus?

Não. Apesar de o paciente com HIV e carga viral indetectável não transmitir o vírus, outras ISTs ainda são transmissíveis. Por isso, é necessário ter atenção ao uso de preservativo nessas condições.

Leia também: Infecção por HIV não controlada aumenta em até 70% o risco de parada cardíaca súbita

HIV e Aids: É possível viver normalmente com o HIV?

Sim. Isso porque realizando o tratamento corretamente, é possível levar uma vida normal com HIV, com riscos muito reduzidos de transmissão. “A maior dificuldade enfrentada por pessoas que convivem com o vírus é o preconceito, geralmente causado pela falta de informação”, finaliza o médico.

Fonte: André Bon, infectologista do Hospital Brasília.

Sobre o autor

Julia Moraes
Jornalista e repórter da Vitat. Especialista em fitness, saúde mental e emocional.

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