Hiperpigmentação pós-inflamatória: causas e tratamentos
A hiperpigmentação pós-inflamatória surpreende a muitos pacientes, embora seja bastante comum. Também chamada de hipercromia, como o nome diz, ela surge na pele depois de inflamações como acne, dermatite atópica, psoríase ou lesões.
“Essas manchas podem aparecer após qualquer processo inflamatório da pele, como queimaduras, cortes, ‘ralados’, depilação, foliculites, espinhas ou mesmo após procedimentos estéticos realizados de forma indevida, como peelings ou lasers mais agressivos”, explica Lilia Guadanhim, de São Paulo, doutora pela Unifesp e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).
As manchas causadas pelo processo inflamatório são achatadas e podem ser de diferentes tons, mas diferem da cor da pele, por isso causam incômodo.
Uma das “vilãs” que levam ao problema é uma velha conhecida das mulheres: a acne – ou melhor, o hábito de tentar tirar na frente do espelho cravos e espinhas. “Todo mundo já deve ter ouvido de um dermatologista que não devemos espremer as espinhas, né? Esse é um dos motivos principais”, destaca Lilia. “Ao espremer e cutucar a pele, aumentamos o processo inflamatório e assim a pele fica mais propensa a manchas.”
Cravos e espinhas já são uma inflamação, onde há bactérias. As unhas podem ter mais ainda desses micro-organismos, a receita perfeita para piorar a situação. Não é à toa que essas regiões ficam vermelhas e doloridas.
Causas e diagnóstico
Assim, a hiperpigmentação pós-inflamatória pode aparecer em qualquer pessoa e é provocada pelo aumento da concentração de melanina. Segundo a dermatologista, no entanto, o problema é mais comum em peles morenas e negras, que estão mais propensas a ter manchas pois têm na pele mais quantidade de melanina, proteína responsável pela coloração do maior órgão do corpo humano.
O diagnóstico é feito por exame clínico e pode contar com testes complementares como dermatoscopia, o exame micológico direto, biópsia da lesão e dosagens hormonais.
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Cuidados e prevenção da hiperpigmentação pós-inflamatória
A principal recomendação para evitar a hiperpigmentação pós-inflamatória é o uso constante do protetor solar. Ele deve ter proteção de amplo espectro e FPS de 30 no mínimo. Não basta aplicar apenas pela manhã, são necessários vários reforços ao longo do dia. “Dê preferência aos protetores com cor de base, especialmente na presença de lesões inflamatórias no rosto. No caso de machucados no corpo, o uso de curativos auxilia na cicatrização e também na proteção solar”, orienta Lilia.
Outra orientação é jamais espremer as espinhas, além de outros cuidados com a pele para evitar lesões que provoquem inflamações. “Escolha um método depilatório que não agrida sua pele. Cuidado com receitas caseiras na internet. Muitas sugerem ativos irritantes e que podem agravar as manchas”, ressalta a especialista.
E, por fim, o cuidado médico é essencial. Procedimentos estéticos não devem ser feitos por modismos ou de forma impensada e jamais com pessoas não qualificadas. “Consulte sempre o seu médico dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, para saber qual o procedimento mais indicado no seu caso.”
Hiperpigmentação pós-inflamatória tem tratamento?
A boa notícia é que a hiperpigmentação causada por inflamações tem tratamento e, quanto antes ele começar, melhor. Mas é importante dizer que o mais indicado é evitá-la sempre que possível. Ou seja, é necessário tratar a inflamação antes que ela deixe lesões. Por isso, todos devem saber que ter a pele inflamada não é normal e nem algo que vai desaparecer rápido, por isso ao apresentar sinais de inflamação é essencial procurar um dermatologista.
“O tratamento sempre inclui o uso de protetores solares. Além disso, a depender de cada caso, podem ser indicados tratamentos clareadores, peeelings químicos, lasers e microagulhamento. Mas atenção: nunca se automedique, isso pode agravar o quadro”, reforça Lilia. “O sucesso do tratamento depende da intensidade das manchas, da extensão, das características da pele e também do tempo de surgimento das lesões. Busque ajuda rápido.”
Fontes: Lilia Guadanhim, de São Paulo, doutora pela Unifesp e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e Sociedade Brasileira de Dermatologia.