Hidrocefalia: o que é a condição que virou piada para humorista Leo Lins
A hidrocefalia é uma doença que exige cuidados intensivos e cirúrgicos para a recuperação de uma pessoa, pois pode limitar a capacidade de levar uma vida normal. Embora seja um assunto sério e sensível, o humorista Leo Lins compartilhou um vídeo fazendo piada sobre uma criança cearense com hidrocefalia. Obviamente, a repercussão foi negativa e gerou repúdio ao humorista, que foi demitido do SBT, emissora onde trabalhava.
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O que é a hidrocefalia?
A hidrocefalia provoca o acúmulo excessivo de líquido cefalorraquidiano (também chamado liquor) no interior do crânio. Basicamente, a função do liquor é de proteger o cérebro. Em condições normais, o volume do líquido é de aproximadamente 250 mL, e se renova por cerca de três vezes ao dia; porém, quando o sistema de reabsorção torna-se ineficiente, esse excesso traz uma série de riscos para a pessoa. Nas crianças, a principal característica é o aumento da cabeça, pois os ossos do crânio ainda estão em processo de consolidação. Já em adultos, a expansão do crânio não é evidente, pois o líquido se instala nos ventrículos cerebrais e os ossos estão completamente formados. Contudo, ambas as situações são perigosas e podem levar à morte se não houver tratamento.
Causas
De acordo com o Ministério da Saúde, a hidrocefalia tem origens variadas. Por exemplo, a malformação congênita é uma das principais responsáveis pela condição nas crianças. No entanto, a gestante pode sofrer algum trauma ou enfermidade que afete o bebê, causando a hidrocefalia. Entre adultos, a doença normalmente ocorre por causa de:
- Hemorragias das meninges.
- Acidente vascular cerebral (AVC).
- Tumores no cérebro.
- Traumatismo craniano.
Tipos de hidrocefalia
Há três classificações para a hidrocefalia, cada qual com suas características. São elas:
Obstrutiva
Quando o sistema ventricular do cérebro apresenta algum tipo de bloqueio. Dessa forma, o liquor não consegue percorrer pelas vias do cérebro nem pela medula espinha, o que provoca o acúmulo nos ventrículos.
Não obstrutiva
Ocorre devido à baixa produção ou capacidade de absorver o liquor.
Hidrocefalia de pressão normal
Segundo o Ministério da Saúde, afeta principalmente pessoas idosas, cuja causa está relacionada a traumas e doenças. No entanto, o diagnóstico pode ser idiopático. Ou seja, não há uma origem definida, pautada na análise clínica dos sintomas e exames específicos.
Sintomas da hidrocefalia
Em crianças
Além da cabeça aumentada e da possibilidade de agravar este crescimento, bebês e crianças sentem outros desconfortos. O tamanho do crânio pode impedir que a criança se movimente e deixá-la acamada. Com isso, é comum haver irritabilidade, com crises de choro frequentes e dificuldade para se acalmar, pois as dores de cabeça são típicas da condição. Os pequenos também podem sentir náuseas, vômitos, sofrer convulsões e apresentar dificuldades em mexer os olhos de forma sincronizada. Por sua vez, crianças maiores, com mais de um ano e que já sabem andar, podem ter incontinência urinária, problemas de visão, desenvolvimento físico e intelectual tardios.
Em adultos
Diferentemente das crianças, os adultos não possuem o crânio aumentado, mas os sintomas são igualmente graves. Entre eles, se destacam dores de cabeça, perda de coordenação e equilíbrio e a incontinência urinária. Normalmente, as vítimas da hidrocefalia são idosos. Em alguns casos, a pessoa perde completamente a autonomia, pois as atividades de rotina se tornam um risco para quedas e acidentes. Outro agravante é que os sintomas aparecem subitamente, pois a pressão do cérebro contra o crânio é maior. Então, não raro, o indivíduo pode apresentar dificuldades de memorizar informações, completar um raciocínio ou lembrar de fatos passados.
Como diagnosticar a hidrocefalia?
Em crianças, o diagnóstico clínico é a primeira etapa de identificação da doença. O médico analisa os sintomas e o tamanho da cabeça. Para os adultos, a avaliação clínica dos sintomas também faz parte da conduta — de acordo com o hospital Israelita Albert Einstein, 90% dos pacientes com hidrocefalia possuem, pelo menos três sinais da doença. Em conjunto, os exames laboratoriais e de imagem, como a tomografia computadorizada e a ressonância magnética, integram a linha do diagnóstico. Testes físicos e cognitivos, quando possível, são aplicados em pacientes com mais idade, assim como a punção do líquor para verificar a pressão craniana.
Diagnóstico de hidrocefalia na gravidez
Se o bebê ainda estiver no ventre materno, o ultrassom consegue detectar a presença da condição. Por essa razão, é fundamental comparecer às consultas pré-natal.
Tratamento
A princípio, o tratamento mais indicado para adultos é o cirúrgico, chamado DVP (derivação ventrículo-peritoneal). Em síntese, o médico insere cateteres no ventrículo cerebral, que se conectam a uma válvula, com o objetivo de controlar o fluxo de liquor e drená-lo quando necessário. Logo após o procedimento, o paciente percebe a diferença, pois os desconfortos e sintomas desaparecem rapidamente. Contudo, em crianças, os médicos podem optar pela punção lombar, a fim de controlar a hipertensão do cérebro. Mas alguns casos podem fazer a cirurgia, chamada ventriculostomia. Nela, é criada uma abertura entre ventrículo e espaço subaracnoideo, que serve para drenar o liquor e permtir a absorção do líquido.
Complicações da hidrocefalia
Mesmo com tratamento e acompanhamento, a hidrocefalia pode ser mortal em crianças ou provocar sequelas irreversíveis. Por exemplo, alguns bebês podem ter deficiência intelectual e perda da visão. A alta pressão do cérebro também é capaz de desencadear outras doenças na criança, sobretudo de ordem neurológica. Em idosos, a dificuldade em estabelecer um diagnóstico preciso pode reduzir as expectativas de reabilitação.
Referências: Ministério da Saúde; American Association of Neurological Surgeons; Hospital Israelita Albert Einstein; e Mayo Clinic.