Gravidez anembrionária: O que é, como identificar e o que fazer
Imagine a seguinte situação: a menstruação atrasa, o banheiro chama toda hora, as náuseas aparecem, os seios incham. Teste de gravidez, positivo! Mas daí entre a quinta e a sexta semana, durante o ultrassom transvaginal, uma nova surpresa: não tem bebê! Bom, embora possa soar estranho, o episódio não é nada desconhecido dos médicos. Popularmente chamada de ovo cego, a gravidez anembrionária (ou anembrionada), como o próprio nome diz, trata-se de uma gestação sem embrião.
Assim como em uma gravidez comum, a fecundação ocorre. O saco gestacional (a estrutura responsável pela composição da placenta) também é formado. A diferença é que na gravidez anembrionária o embrião não se desenvolve. Qualquer mulher pode passar por isso, que se caracteriza como uma falha genética durante a união dos gametas.
Como identificar?
Em casa é difícil desconfiar do quadro. Isso porque, embora não tenha bebê, a gravidez anembrionária carrega todos os sintomas de uma gestação comum – afinal de contas, a mulher está grávida. É por isso que o diagnóstico se dá precisamente pelo ultrassom transvaginal realizado entre a quinta e a sexta semana de gravidez. É ali que o médico vai poder identificar de fato a ausência do embrião.
O que fazer em casos de gravidez anembrionária?
Na maioria das vezes, a paciente elimina naturalmente o tecido gestacional. A expulsão ocorre por meio de sangramento vaginal, como se fosse uma menstruação. Mas, para quem não deseja esperar ou em situações específicas, também é possível fazer curetagem ou aspiração. Esses procedimentos médicos removem o conteúdo uterino, limpando o órgão.
É possível engravidar novamente?
Sim. Depois de uma gravidez anembrionária, a indicação médica é que a mulher refaça seus exames. Estando tudo em ordem, não há nenhum impeditivo para engravidar novamente.
O que vale se atentar são nos casos em que a mulher tem mais de 40 anos e já passou por uma gravidez anembrionária anterior (embora as chances sejam baixas de o quadro se repetir). Nessas situações, um exame de cariótipo do casal pode ser útil. Outro caso que merece atenção é quando a mulher tem algum grau de parentesco com o companheiro, o que aumenta as chances de apresentar o quadro. E lembrando, ainda, que espermatozoides de homens com mais de 40 anos também estão mais sujeitos a defeitos genéticos.
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Por fim, mais uma medida que pode ajudar é o uso de vitamina B9. Estamos falando do ácido fólico, que contribui para o desenvolvimento do feto. Embora os casos de gravidez anembrionária sejam isolados, ingerir o nutriente com orientação médica até um mês antes de engravidar tende a reduzir as chances de problemas como esse. Converse com o seu obstetra!
Fonte: Sebastião Pinto Junior (CRM 58938) – ginecologista e obstetra. É chefe do departamento de ginecologia e obstetrícia do Hospital São Francisco de Mogi-Guaçu (SP).