Grávidas e bebês podem usar repelente?
O aumento dos casos de dengue em todo o país gera uma busca desenfreada por maneiras seguras de se proteger da picada do Aedes aegypti. Nas farmácias, as vendas de repelentes dispararam, atingindo um aumento de 340% entre novembro e janeiro, segundo a Abradilan – Associação Brasileira de Distribuição e Logística de Produtos Farmacêuticos. Em meio a esse cenário, surge a dúvida: grávidas e bebês podem usar repelente? Veja a seguir!
Grávidas e bebês podem usar repelentes? ANVISA não vê restrições
Em nota, a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa) ressalta que não vê restrições para o uso de repelentes e inseticidas para gestantes “desde que os produtos sejam devidamente registrados e que sejam seguidas as instruções de uso descritas no rótulo”.
“Alguns estudos e pesquisas científicas sugerem que, para as gestantes, os repelentes à base de DEET (N-Dietil-m-toluamida), os mais vendidos no mercado, são mais seguros. A aplicação deve se restringir a três vezes ao dia. No entanto, este princípio não é recomendado para menores de dois anos”, explica o médico dermatologista Theodoro Habermann Neto, do Vera Cruz Hospital.
Já o uso em crianças deve seguir as recomendações da OMS – Organização Mundial da Saúde. Portanto, a icaridina é permitida apenas após os 2 anos de idade, considerando a concentração de 25%. Já o repelente DEET com concentração de até 10% pode ser utilizado apenas em crianças maiores de 2 anos e não deve ser aplicado mais que 3 vezes ao dia (até os 12 anos). Por fim, o repelente IR 3535 30% é permitido acima de 6 meses e oferece proteção por 4h.
Existem ainda os repelentes naturais, no entanto, como são altamente voláteis e seu efeito costuma ser de curta duração, não garantem proteção adequada ao Aedes aegypti. Ou seja, devem ser evitados.
Segundo Habermann, o mercado oferece repelentes à base de óleos essenciais à base de citronela; porém, não há estudos que comprovem sua segurança para o uso por parte de gestantes e bebês.
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Principais cuidados
Para escolher o repelente ideal, as mães devem ficar atentas ao rótulo, já que eles trazem informações sobre os casos em que o produto é contraindicado.
Para gestantes que utilizam hidratante, o médico lembra que já existem produtos com as duas funções – hidratação e repelente. Mas, caso a preferência seja usá-los separadamente, a ordem correta deve ser primeiro o repelente. Assim, é necessário esperar que ele seque na pele e, depois, o hidratante por cima, para que possa selar o protetor. “É importante evitar os exageros e, em caso de alergia, suspender imediatamente o uso e procurar um dermatologista credenciado pela Sociedade Brasileira de Dermatologia”, orienta.
Outras técnicas para evitar a dengue
O uso de inseticidas em spray e aerossol são boas opções para repelir insetos. “A recomendação é aplicar no ambiente antes de entrar, para que não haja perigo de intoxicação. Para os bebês, a tela mosquiteira e roupinhas longas ajudam na proteção”, destaca o médico.
Dessa forma, em áreas de pouca ventilação, o ideal é evitar repelentes de aparelhos elétricos ou espirais. Além disso, pessoas asmáticas ou com alergia respiratória, pois podem piorar os quadros alérgicos. O recomendado é que estejam, pelo menos, a dois metros de distância das pessoas.
“A prevenção mais eficaz contra a dengue continua sendo a eliminação dos focos de proliferação dos mosquitos”, afirma o médico. Por isso, é importante que a população verifique de forma adequada o armazenamento de água, o acondicionamento do lixo, elimine recipientes sem uso que possam acumular água ou os mantenham virados de cabeça para baixo, para evitar os criadouros do mosquito.
Essas práticas, em conjunto com as ações municipais de cuidados, é que surtirão os maiores efeitos na prevenção contra a dengue.
Fonte: Theodoro Habermann Neto, médico dermatologista do Vera Cruz Hospital, em Campinas (SP).