Gasometria venosa: o que é o exame e para que serve?
Apesar do nome diferente, a gasometria venosa é um exame básico, porém importantíssimo em emergências médicas. Afinal, é por meio dos indicadores do teste que os médicos verificam os níveis de gases presentes no processo respiratório e dos componentes do equilíbrio ácido-base (ph) do organismo. Se você tem dúvidas sobre o procedimento, esclarecemos as principais a seguir!
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Como é feito o exame de gasometria venosa?
A execução é bem simples: basta a coleta de sangue — aproximadamente 1,5 mL — para analisar os indicadores.
Para que serve e quando é indicado?
O exame de gasometria venosa serve para pacientes com doenças renais e pulmonares. Além disso, ele é útil para monitorar pessoas internadas em unidade de terapia intensiva. Dessa forma, é possível verificar os níveis de gases presentes no sangue do paciente. Veja as situações que envolvem a necessidade da gasometria venosa:
- Doenças respiratórias, renais e pulmonares — inclusive tratamentos em progresso;
- Detecta possíveis desequilíbrios de gases e ácidos no sangue;
- Avalia se terapias como a oxigenoterapia estão melhorando a saúde de um paciente;
- Identifica possíveis rupturas de vaso sanguíneo;
- Por fim, auxilia no diagnóstico de doenças metabólicas e envenenamento.
Valores de referência
Os valores referenciais para a gasometria venosa variam dependendo do laboratório, mas aqui estão os intervalos de referência geralmente aceitos:
- pH venoso: 7,31 a 7,41 (valores abaixo desse intervalo indicam acidose, e acima, alcalose);
- PvCO2 (pressão parcial de dióxido de carbono venoso): 41 a 51 mmHg (valores elevados podem indicar hipoventilação ou acúmulo de CO₂ devido a condições metabólicas);
- HCO₃- (bicarbonato): 22 a 28 mEq/L (o bicarbonato é importante no controle do pH sanguíneo. Valores baixos podem indicar acidose metabólica, e valores altos, alcalose metabólica);
- PvO₂ (pressão parcial de oxigênio venoso): 30 a 40 mmHg (representa a quantidade de oxigênio restante no sangue após a passagem pelos tecidos);
- Saturação de oxigênio venosa (SvO₂): 60% a 80% (valores mais baixos podem sugerir um aumento na extração de oxigênio pelos tecidos).
Esses valores referenciais são guias e podem variar ligeiramente entre laboratórios. A interpretação dos resultados deve ser feita em conjunto com a avaliação clínica do paciente e outros exames laboratoriais.
O que os valores fora dos parâmetros indicam?
Antes de mais nada, a gasometria não é o único exame para fechar um diagnóstico. Portanto, as situações abaixo exigem a análise do contexto clínico — algo que só um médico ou profissional de saúde é capaz de fazer. Então, caso tenha dúvidas, sempre consulte um profissional para interpretar os resultados de um teste.
- Dificuldade para respirar: taxa de oxigênio abaixo do normal apresenta dificuldades para respirar. Ou seja, não há oxigênio suficiente;
- Acidose respiratória: quando o pH está abaixo do normal e o gás carbônico está alto, a pessoa pode estar com pneumonia, asma ou outra complicação no sistema respiratório;
- Alcalose respiratória: se o pH estiver alto e a pressão de gás carbônico baixa, pode indicar desde estresse emocional, trauma cerebral até doenças pulmonares;
- Acidose metabólica: o pH e os níveis de bicarbonato baixos podem sinalizar que o sangue está ácido demais. Como resultado, o metabolismo e os rins podem se prejudicar;
- Alcalose metabólica: com o pH e os níveis de bicarbonato acima do normal podem ocasionar hipocalemia (pouco potássio no sangue), causando vômito crônico, cirrose e insuficiência cardíaca.
Fonte: Jorge Henrique Yoscimoto Koroishi, cardiologista e coordenador de internação e cirurgias do Grupo Sirius.