Fitoterápicos: o que são, para quem são indicados e recomendações

Saúde
29 de Agosto, 2022
Fitoterápicos: o que são, para quem são indicados e recomendações

O cuidado com a saúde envolve hábitos que devem ser incorporados à rotina diariamente. Praticar atividade física regular e manter uma alimentação saudável são alguns deles. No entanto, nem sempre eles são suficientes na prevenção ou tratamento de doenças e, muitas vezes, o uso de medicamentos pode ser recomendado por médicos. Mas e se, ao invés de lançarmos mão dos remédios tradicionais, optássemos pelos fitoterápicos, isto é, medicamentos à base de plantas? Será que eles realmente funcionam? Entenda agora.

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O que são os fitoterápicos?

De acordo com Larissa Franco, nutricionista, os fitoterápicos são “medicamentos” à base de plantas medicinais que possuem propriedades terapêuticas e profiláticas, isto é, capazes de prevenir ou atenuar determinada doença. Ou seja, são medicamentos produzidos a partir de matérias-primas vegetais – flores, folhas, sementes, cascas e frutos. Apesar de sua origem, esse tipo de remédio também passa pela indústria farmacêutica, assim como acontece com os produtos sintéticos, que são feitos em laboratório. 

O uso de fitoterápicos com finalidade profilática, curativa, paliativa ou com fins de diagnóstico teve reconhecimento oficial pela Organização Mundial da Saúde em 1978. No Brasil, sua produção é regulamentada e segue legislação implementada pela Anvisa desde 2014 (RDC 26/2014). A agência de regulação brasileira tem o papel de realizar testes e controles de qualidade iguais aos feitos em medicamentos convencionais. Os fitoterápicos podem ser encontrados em diversas formas, como cápsulas, comprimidos, soluções, cremes, pomadas, xaropes e óleos essenciais.

Indicações

Fitoterápicos costumam ser indicados para distúrbios leves, mas podem ajudar em quase todas as condições médicas. Dessa forma, eles podem auxiliar no tratamento de doenças psicossomáticas como ansiedade, insônia e depressão, além de problemas digestivos, gases, gastrite, espasmos, dores e anorexia. No entanto, não costumam ser usados no tratamento de processos infecciosos, hipertensão ou insuficiência cardíaca

O fato do fitoterápico ser feito de plantas leva muita gente a consumi-los sem recomendação médica. Mas será que esse hábito é adequado? Ainda de acordo com a nutricionista, não. Segundo Larissa, esse tipo de medicamento é indicado de forma individualizada para quem se queixa de determinada doença ou até mesmo na prevenção das mesmas. “Mas sempre em posologias individualizadas”, recomenda a especialista.

Efeitos colaterais

De acordo com o Ministério da Saúde, em doses inadequadas – como qualquer outro medicamento – os fitoterápicos podem causar diversas reações como intoxicações, enjoos, irritações e edemas (inchaços). Por isso, é fundamental que o seu consumo seja recomendado por um profissional de saúde.

Possuem contraindicações?

Embora os fitoterápicos sejam medicamentos naturais, existem contraindicações para grupos específicos. São eles: idosos, gestantes e crianças. Para esses públicos, o consumo não é proibido, mas é preciso tomar cuidado com as dosagens e interações medicamentosas.

“Os idosos são contraindicados, pois eles costumam utilizar um elevado número de medicamentos por períodos prolongados. Além disso, também não é recomendado para as gestantes, pois pode causar efeitos teratogênicos, embriotóxicos e abortivos, já que alguns constituintes das plantas podem atravessar a placenta. Por fim, crianças e recém-nascidos também são contraindicados, pois os fitoterápicos podem ter correlação com o desenvolvimento de cada faixa-etária causada pela penetração de princípios ativos no sistema nervoso central”, completa.

Fitoterápicos X Plantas medicinais

É comum confundir medicamentos fitoterápicos com plantas medicinais. As plantas medicinais são aquelas capazes de aliviar ou curar enfermidades e têm tradição de uso como remédio em uma população ou comunidade. Para usá-las, é preciso conhecer a planta e saber onde colhê-la, bem como prepará-la, seja na forma de chás ou infusões, por exemplo.

Quando a planta medicinal é industrializada para se obter um medicamento, torna-se um fitoterápico. O processo de industrialização evita contaminações por micro-organismos e substâncias estranhas, além de padronizar a quantidade e a forma certa que deve ser usada, permitindo uma maior segurança de uso.

Por essa razão, os fitoterápicos industrializados devem ser regularizados na Anvisa antes de serem comercializados. Eles também podem ser manipulados em farmácias de manipulação autorizadas pela vigilância sanitária e, neste caso, não precisam de registro sanitário, mas devem ser prescritos por profissionais habilitados.

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Chás caseiros

Embora a maioria das pessoas já tenha ouvido falar sobre os benefícios dos chás caseiros, assim como as plantas medicinais, eles também não se enquadram no grupo dos fitoterápicos. Isso porque, diferentemente dos medicamentos feitos à base de plantas, é uma tarefa árdua descobrir a quantidade de ativo presente, bem como onde ele se concentra (raiz, folhas ou flores).

Além disso, fatores como a época da colheita, o tipo de solo e a quantidade de chuva e sol a que a planta foi exposta também influenciam na concentração do ativo, portanto, não há como garantir a concentração do ativo em substâncias caseiras, tampouco seus efeitos. Em resumo, um chá de gengibre pode trazer benefícios no combate à gripe, por exemplo, mas o tratamento pode ser ainda mais eficaz se o consumo estiver adequado à necessidade individual. Nesse caso, os medicamentos fitoterápicos podem contribuir no tratamento.

Fonte: Larissa Franco, nutricionista (SP).

Referências:

Ministério da Saúde
Artigo: A utilização da fitoterapia e de plantas medicinais em unidades básicas de saúde
O uso da Fitoterapia e suas implicações – UFPB
Artigo: A importância do uso de fitoterápicos como prática alternativa ou complementar
Artigo: Promoção do uso racional de fitoterápicos

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